Isso é medo?
0
0

Isso é medo?

Bem… na verdade, não teríamos periódico hoje por um simples motivo: 80% das coisas que me propus a fazer no domingo deram errado e eu havia decidido não escrever. Sim, firmei meus pés no chão igual uma mula e decidi não fazer mais coisa algum...

Vinícius Borges
5 min
0
0

Bem… na verdade, não teríamos periódico hoje por um simples motivo: 80% das coisas que me propus a fazer no domingo deram errado e eu havia decidido não escrever. Sim, firmei meus pés no chão igual uma mula e decidi não fazer mais coisa alguma.

Com os beiços lá no chão e um olhar desesperançoso, abri o instagram e lá estava uma caixinha (meu grande baú de ideias alimentado por vocês) que me animou.

“Amo o periódico, parece que sentamos pra tomar breja. Proximidade sensacional.”

Naquele exato momento, é como se esse sujeito semimorto que vos escreve, tivesse recebido do CÉU, uma luz de ânimo que descia lentamente em espiral, cobrindo todo meu corpo, do topo da cabeça até a planta dos pés.

O morimbundo que estava quase cedendo à terrível tentação de lamentar, tornou-se quase um palestrante motivacional, cheio de energia e berros de masculinidade e prontidão.

Foi assim, sobre toda essa MÍSTICA de uma única caixinha, que eu tomei uma decisão: vai ter periódico, sim!

E o tema de hoje é: medo do crescimento.

Você já se perguntou por que as pessoas, em geral, sentem medo de dar grandes passos?

A resposta óbvia e preguiçosa, seria a nossa natureza. Afinal, o cérebro adotou para si uma regra absoluta de preservar energia em toda situação — já reparou que diversas invenções tecnológicas têm como base a preguiça, tornando as tarefas mais práticas? Depois você analisa com calma.

Mas esse medo que nos cerca não se limita somente à nossa natureza. Ele está aí por causa de um mandamento; de uma regra universal que é válida no mundo inteiro.

Aquele medo de tentar emagrecer, criar um novo projeto, começar a produzir conteúdo ou mudar-se para outro país, é apenas um serviçal de algo maior que você: a média.

Steven Pressfield tem uma citação que eu gosto muito. Ela diz o seguinte:

“Existe um acordo tácito e universal para permanecermos na média.

Se alguém reage à mediocridade, é tomado como traidor.”

Para facilitar a sua vida, “tácito” significa algo subentendido; nesse caso, um acordo que todos concordam, mesmo que não exista um documento oficial para comprová-lo.

E é por base nesse acordo, que muitas das vezes, sentimentos medo.

Não é medo do erro em si. Você sabe que a vida não acabará após um tropeço. É o medo de que as pessoas à nossa volta vejam que erramos e que nossa traição foi punida.

Porque durante nossa jornada, elas sempres estarão ali, torcendo pelo nosso tropeço através de sussurros:

  • “Não adianta sonhar com essas coisas, nossa realidade é outra.”
  • “Já emagreceu o suficiente, né? Você já está ficando estranha. Nem sai mais com as amigas”
  • “Tá trabalhando demais! Vai viver a vida, há quanto tempo você não viaja?”
  • “É só uma opinião…”

É esse o idioma que usam para te comunicar a seguinte verdade:

“Você está nos traindo. Como você ousa esfregar na minha cara que eu também sou capaz de sair dessa situação, só não quero?”

Quando você empreende, começa a cuidar de si ou apenas resolve dar um passo mais ousado, é como se você ferisse a honra da mediocridade imputada à natureza humana. É como se estivesse traindo um movimento que fez parte da sua vida por muito tempo.

Tomar a pílula vermelha e sair da matrix, faz com que você quebre esse acordo tácito e seja visto como traidor.

E é disso que você tem medo. É isso que assombra: errar e ter que voltar, com o rabinho entre as pernas, para uma vida comum.

“O que eles vão pensar de mim se eu não conseguir emagrecer?”

“E se o meu lançamento não tiver nenhuma venda, o que eu vou falar?”

"E se eu postar e ninguém curtir ou comentar?"

Mas agora imagine, ... imagine só por um segundo, que as coisas sejam um pouco diferentes…

Imagine que, essa média, por mais que seja composta da gritante maioria das pessoas, ainda assim, é um número muito pequeno presente em sua vida, e que na verdade, pouquíssimas pessoas ligam para o seu fracasso, você que imagina atrair tantos olhares assim…

Imagine também que, os seus erros, não são nada mais, nada menos, do que o caminho sendo trilhado. Só hoje, eu cometi umas 8 falhas aqui nos meus bastidores — essas foram as que eu contei; e que esses erros, não são o fim, mas o meio, o meio que levará você ao seu sonho.

Seguindo sua imaginação, pense que trair esse acordo tácito, é muitas vezes, trair a você mesmo, aos seus desejos mais preguiçosos e a sua vaidade incontrolável que te faz ousar pensar em… não errar.

Traia o grito da mediocridade à sua volta, mas também traia o sussurro da sua vaidade que te convida diariamente a priorizar a opinião alheia no lugar dos próprios sonhos.

Levante-se, realize um motim e estraçalhe essa natureza mesquinha que possuímos. Erga a espada do trabalho, calce seus pés com a verdade, olhe para frente e não pare. Com bravura, não pare. Você só precisa colecionar algumas vitórias para desenvolver uma carcaça contra qualquer burburinho; e acredite, essas vitórias só virão em movimento.

Que a sorte nos encontre trabalhando.

Você tinha medo do quê, afinal?

Um forte abraço,

Vinícius Borges.