Odhius pelus mestris in produtividadis.
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Odhius pelus mestris in produtividadis.

O velho rabugento puxou o teclado para si, limpou o nariz na manga do suéter, empurrou a bunda no vão da cadeira conforme o fisioterapeuta recomenda e está aqui para escrever-lhe algumas rabugentices.

Vinícius Borges
5 min
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O velho rabugento puxou o teclado para si, limpou o nariz na manga do suéter, empurrou a bunda no vão da cadeira conforme o fisioterapeuta recomenda e está aqui para escrever-lhe algumas rabugentices.

Até pesquisei no dicionário e descobri que o correto é rabugice. “Rabugice”... olhe que termo XOXO! SEM GRAÇA! Parece uma água de salsicha em lata.

Deus me livre da gramática se ela exigir que eu escolha rabugice ao invés de rabugentice.

Meus textos, minhas regras. Aqui é rabugentice e fa, fe, fi, fod… enfim…

Hoje é segunda-feira e eu já decidi enviar esse texto de qualquer forma. Ou melhor…

Eu quero enviá-lo de forma escatológica e desordeira.

Hoje eu quero evitar os grandes aprendizados e as grandes lições de moral. Eu quero correr para o lado oposto da famigerada moral da história.

Na verdade, só quero que, pelos próximos quatro minutos de leitura, você tenha um alívio em meio a tantas lições e aprendizados fantásticos e inspiradores que as redes sociais podem oferecer.

É lógico que a frase acima tem ironia. Ué, tanto tempo juntos e você ainda não se acostumou comigo?

Tsc, tsc…

Bom, semana passada eu me peguei pensando sobre o que nos faz ter uma pessoa como inspiração, aquele mentor que acaba sendo o ponto final das frases das nossas vidas.

Nesse meu exercício, decidi dar uma olhada em perfis alheios e logo nos primeiros minutos já vi uma pergunta de um seguidor para o tal que era mais ou menos assim:

“Fulano, tal série pode expandir meu imaginário e me deixar mais produtivo?”

Depois disso, as perguntas iam de qual roupa usar no final de semana em casa até quantas horar separara para a família.

Caro leitor, eu juro pra você que algo MÍSTICO acontece dentro de mim toda vez que eu pego no pulo a fonte dessas bizarrices…

Esse algo místico, — eu pesquisei para conferir — se chama: Odhius pelus mestris in produtividadis.

Espero não precisar ficar levantando uma bandeira a cada ironia, caso contrário, eu já estaria no bandeiraço para deputado federal que está acontecendo aqui na esquina.

Voltando aqui: é sério, em que momento começamos a ficar desesperados por um mapa de sobrevivência que possua detalhes até sobre as séries que — risos — podem nos levar a ficarmos mais inteligentes para que — choros — possamos ser mais produtivos?

Minha mão vai na testa, eu reviro os olhos, faço piadas, mas o papo é sério. Estamos em uma idade média digital onde os curandeiros agora ficam atrás do iPhone?

Tem a mística do arquétipo, do temperamento, das chaves que serão desbloqueadas, dos caralhinhos voadores que dão beijinhos nos aninhus piscantes

É TANTA MAGIA, OH! LÓGICO QUE NÃO CONSEGUIREMOS VIVER SEM ESTES ÓLEOS ESPECIAIS! PRECISAMOS DISSO! PRECISAMOS!

Ahhhh!

Pare. Stop. Vista seu cropped como dizem as mocinhas descoladas.

Está na hora de organizar esse papo:

Existem dois cenários extremos — não que sejam os únicos —, muito percebidos na era da influência:

  • Quem busca mentores como instrutores;
  • Quem busca mentores como uma muleta contra a imprevisibilidade da vida.

O primeiro caso é a situação saudável, favorável e muitas vezes necessária.

Pense comigo: imagine que você queira abrir uma loja de sapatos online, um e-commerce.

Você tem duas opções:

  • Começar sozinho e ir aprendendo com os erros.

Em uma época com tanto acesso facilitado à informação é praticamente burrice, caso você tenha recurso, mergulhar nas coisas sozinho e aprender só com os erros. Custa caro e leva muito mais tempo do que bem instruído;

  • Encontrar um mentor.

Sejamos justos: tendo como base nosso exemplo, ter um mentor que já ajudou mais de 200 empresários a abrirem seus e-commerces provavelmente será um dos seus melhores investimentos, afinal, ele já errou por você. Ele está ali para antecipar eventos que você descobriria sozinho.

E é por isso que mentores são necessários e, se bem escolhidos, talvez o melhor investimento financeiro da sua vida.

Eles já erraram. Eles já acertaram. Eles já percorreram tantos caminhos que hoje podem voltar e apresentar meios mais seguros para você.

É exatamente isso que mentores fazem: apresentam caminhos mais seguros com menores riscos e maior probabilidade de acerto.

Mas não é bem isso que vemos por aí. O que vemos no mercado são pessoas buscando certezas e encontrando isso na forma de gurus que… vendem exatamente o que elas buscam: a garantia de que tudo vai dar certo.

Eu já agi como essas pessoas. Já estive nesse lugar. É mais cômodo entregar seu lado crítico a alguém, deixá-lo pensar por você e então, viver longe do emaranhado de pensamentos que conflitam até chegarmos a uma conclusão.

Provavelmente estamos vivendo a época mais difícil para pensar. Vivemos distraídos e hiperestimulados.

Luzes piscam, motoqueiros avançam nos corredores, o bluetooth não conecta, esquecemos de dar seta…

Canso só de escrever.

Qual foi a última vez que você ficou sozinho, em silêncio no seu quarto, sem celular ou computador?

Qual foi a última vez que sua tarefa foi simplesmente pensar para resolver um problema?

Pois é. Da ausência de pensamentos críticos, surge a ausência de ação.

E aí? O que fazer? Coloca na conta do mentor!

  • O tipo de série, de música, a programação do final de semana… coloca na conta do mentor.
  • O investimento, os lazeres, o livro… coloca na conta do mentor.
  • Investir no relacionamento ou abandonar tudo? Ah! Muito difícil. Coloca na conta do mentor.

Assim morreu o mentorado: vivendo a vida do mentor.

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Abraço,

Vinícius Borges.