Sinceramente, eu fiquei com vergonha
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Sinceramente, eu fiquei com vergonha

Nas últimas semanas, eu cometi o mesmo tropeço...

Vinícius Borges
3 min
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Nas últimas semanas, eu cometi o mesmo tropeço...

E não foi só uma vez. O tropeço aconteceu duas vezes, sobre a mesma pedra.

Mas assim eu segui, arrumando os sapatos nos pés enquanto cambaleava, retomando minha caminhada como se nada tivesse acontecido...

Por que é isso que fizemos quando a falha se aproxima, não é?

Tiramos da gaveta nosso manual de arrumar desculpas e lecionamos para nós mesmos. Deslizamos o dedinho molhado de saliva entre as páginas à procura de uma citação que justifique nossa falta de compromisso. É... Foi exatamente o que eu fiz.

Na primeira semana, eu estava muito cansado e decidi não escrever o periódico.

Na outra semana, convenci a mim mesmo de que não estava inspirado e decidi, adivinha só, também não escrever.

Hoje ao acordar, após o feriado, eu já estava me convencendo a treinar em casa e não ir para a academia de manhã, até que despertei e esbravejei mentalmente:

Mas que merda está acontecendo aqui?

Uma desculpa que puxa alguma justificativa que traz consigo na garupa um sermão emotivo.

É dessa forma que eu vou fugindo das minhas obrigações, me esgueirando entre corredores apertados e sujando os pés na ousadia da mentira e a passividade da preguiça.

E assim nós seguimos, mentindo para nós mesmos... dizendo com todas as letras que:

  • Esse compromisso não é tão importante assim;
  • Não é o fim do mundo, posso deixar pra depois;
  • Só hoje...

Somos espertos o suficiente para enganarmos a nós mesmos com mentirinhas travestidas de verdade; também somos desprezíveis pelo mesmo motivo.

A minha — e a sua — sorte, é que para sair desses ciclos infinitos de negociação, basta começar com o que chamo de ato de sinalização.

É simples. Quando você perceber que está negociando há muito tempo com você mesmo, quebre o ciclo confrontando-se com uma tarefa que exija mínimo esforço, que tenha como simples função sinalizar que você é capaz e que está no controle.

A melhor parte disso tudo, é que você pode fazer isso agora mesmo. Não precisa de planejamento, fórmulas ou o último curso que irá desbloquear uma visão transcendental sobre a realidade — tá, parei, olha só como é simples...

Identifique a menor tarefa que você está empurrando com a barriga e deixando para depois. Já tem ela aí? Ok.

Agora assuma um compromisso público em realizá-la. Não pense, não abra brechas para réplicas, nem ouse fazer perguntas. Apenas crave uma bandeira, assuma a bronca e vai lá.

  • Fale no grupo da família que você não vai entrar no whatsapp até terminar aquele trabalho que você tinha deixado pra depois;
  • Diga nos stories do instagram que hoje mesmo, você irá treinar;
  • Fale para o seu parceiro ou parceira que você já comprou as passagens para as férias.

Puxe a responsabilidade pra você. Em bom portugês: ASSUMA SEU B.O!

Não adianta fugir, a vida no final das contas, é uma eterna negociação com nós mesmos.

Ou você entende as regras e assume a negociação, ou será dominado por qualquer faísca de neurotransmissores sinalizando algo no seu cérebro. Um dia preguiça, no outro fome, e por aí vai...

A bandeira que eu levantei hoje foi escrever para você, mesmo que não seja dia de periódico. Eu estava em dívida, agora não estou mais. Se eu ia retomar o periódico na segunda, não sei. Na dúvida, retomei hoje.

Agora eu passo a caneta para você: assuma o controle da negociação e quebre o ciclo hoje mesmo.

Não ouse perder para você mesmo.

Um abraço.

Vinícius Borges.