Nas últimas semanas, eu cometi o mesmo tropeço...
Nas últimas semanas, eu cometi o mesmo tropeço... |
E não foi só uma vez. O tropeço aconteceu duas vezes, sobre a mesma pedra. |
Mas assim eu segui, arrumando os sapatos nos pés enquanto cambaleava, retomando minha caminhada como se nada tivesse acontecido... |
Por que é isso que fizemos quando a falha se aproxima, não é? |
Tiramos da gaveta nosso manual de arrumar desculpas e lecionamos para nós mesmos. Deslizamos o dedinho molhado de saliva entre as páginas à procura de uma citação que justifique nossa falta de compromisso. É... Foi exatamente o que eu fiz. |
Na primeira semana, eu estava muito cansado e decidi não escrever o periódico. |
Na outra semana, convenci a mim mesmo de que não estava inspirado e decidi, adivinha só, também não escrever. |
Hoje ao acordar, após o feriado, eu já estava me convencendo a treinar em casa e não ir para a academia de manhã, até que despertei e esbravejei mentalmente: |
Mas que merda está acontecendo aqui? |
Uma desculpa que puxa alguma justificativa que traz consigo na garupa um sermão emotivo. |
É dessa forma que eu vou fugindo das minhas obrigações, me esgueirando entre corredores apertados e sujando os pés na ousadia da mentira e a passividade da preguiça. |
E assim nós seguimos, mentindo para nós mesmos... dizendo com todas as letras que: |
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Somos espertos o suficiente para enganarmos a nós mesmos com mentirinhas travestidas de verdade; também somos desprezíveis pelo mesmo motivo. |
A minha — e a sua — sorte, é que para sair desses ciclos infinitos de negociação, basta começar com o que chamo de ato de sinalização. |
É simples. Quando você perceber que está negociando há muito tempo com você mesmo, quebre o ciclo confrontando-se com uma tarefa que exija mínimo esforço, que tenha como simples função sinalizar que você é capaz e que está no controle. |
A melhor parte disso tudo, é que você pode fazer isso agora mesmo. Não precisa de planejamento, fórmulas ou o último curso que irá desbloquear uma visão transcendental sobre a realidade — tá, parei, olha só como é simples... |
Identifique a menor tarefa que você está empurrando com a barriga e deixando para depois. Já tem ela aí? Ok. |
Agora assuma um compromisso público em realizá-la. Não pense, não abra brechas para réplicas, nem ouse fazer perguntas. Apenas crave uma bandeira, assuma a bronca e vai lá. |
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Puxe a responsabilidade pra você. Em bom portugês: ASSUMA SEU B.O! |
Não adianta fugir, a vida no final das contas, é uma eterna negociação com nós mesmos. |
Ou você entende as regras e assume a negociação, ou será dominado por qualquer faísca de neurotransmissores sinalizando algo no seu cérebro. Um dia preguiça, no outro fome, e por aí vai... |
A bandeira que eu levantei hoje foi escrever para você, mesmo que não seja dia de periódico. Eu estava em dívida, agora não estou mais. Se eu ia retomar o periódico na segunda, não sei. Na dúvida, retomei hoje. |
Agora eu passo a caneta para você: assuma o controle da negociação e quebre o ciclo hoje mesmo. |
Não ouse perder para você mesmo. |
Um abraço. |
Vinícius Borges. |