Síndrome do Impostor
2
0

Síndrome do Impostor

Hey! Semana passada eu falhei com você. Incorporei o pai que foi comprar cigarros, deixei o periódico na gaveta e sumi.

Vinícius Borges
5 min
2
0

Hey! Semana passada eu falhei com você. Incorporei o pai que foi comprar cigarros, deixei o periódico na gaveta e sumi.

Mas vamos esquecer isso, tá bem? Deixemos as mágoas de lado e vamos para as boas novas: A boa notícia é que estamos chegando a mais um periódico e o tema de hoje é a tão falada síndrome do impostor.

Que os psicólogos tenham misericórdia da minha pobre alma, mas eu sempre dou uma viradinha nos olhos para esse termo, sempre faço, nem que seja mentalmente, uma carinha de nojo seguida de um suspiro que simboliza um lento e arrastado: lá vamos nós…

Na voz popular — a elegante “vox populi” —, síndrome do impostor é uma espécie de corrente que atamos nas nossas canelas finas e ligamos às firmes raízes dos nossos medos a fim de nos sabotarmos na corrida pelos nossos sonhos.

Na voz da Wikipedia:

“É um fenômeno pelo qual pessoas capacitadas sofrem de uma inferioridade ilusória, achando que não são tão capacitadas assim e subestimando as próprias habilidades, chegando a acreditar que outros indivíduos menos capazes também são tão ou mais capazes do que eles.”

E na voz desse nobre ser que vos fala, o que seria a famigerada síndrome do impostor?

Para mim, é um imenso caldeirão de sopa temperado com ingredientes perigosíssimos para o nosso desenvolvimento.

Hoje falaremos do principal ingrediente: fantasma de estimação.

Certo dia, no auge dos seus 15 ou 16 anos, você caminhava entre os corredores da sua escola, no ensino médio. O lugar mais parecia um inferno, cheio de jovens com roupinhas rasgadas e coloridas, gírias e tentativas cômicas de parecerem adultos. Você colecionou meses da sua vida nesse ambiente.

Além das manias aborrecentes, professores com bafinho de cigarro e as tias do refeitório, você também lidava diariamente com um sujeito não tão amigável: o medo.

Medo de repetir de ano, medo de não saber o que fazer com a língua no primeiro beijo… medo para tudo o que é lado.

E que bom, né? Se por algum descuido, você não tivesse medo, provavelmente já estaria debaixo da terra sendo devorado por bactérias famintas. Mas aí, você cresceu — junto com esse medo…

…e por algum descuido vaidoso, começou a não lidar bem com esse companheiro indesejado. Chegou até mesmo a pensar, que já cresceu o suficiente para continuar com alguns medos bobos como o frio na barriga antes de fazer uma live, publicar um conteúdo na internet ou dar sua opinião sobre algo.

Mas todo bom cagão — não se sinta ofendido — também carrega uma boa dose de inteligência.

Sabendo do embaraço que alguns medos trazem, o que é mais recomendável fazer?

Criar um monstro de 13 metros. Uma espécie de godzilla que carrega 357 dentes afiados enquanto baba litros e litros de saliva misturada com o sangue de alguma presa mais fraca.

A esse monstro gigantesco — que você criou — damos o nome de SÍNDROME. Vamos botar um sobrenome também? SÍNDROME DO IMPOSTOR.

PRONTO! Agora sim, temos algo significativamente monstruoso para temer: uma síndrome pouco estudada, algo misterioso e novo que ainda está sendo investigado pela ciência.

Sabe o que as pessoas fazem depois dessa etapa, ? Elas começam a alimentar seu fantasma de estimação.

Síndrome do impostor pra cá; síndrome do impostor pra lá… leva o bichinho pra passear, dá almoço e janta… você não consegue mais deixar de olhar para ele, afinal, você o alimenta e ele cresce.

Agora, através do viés de confirmação, você passa a olhar mais para seu fantasma do que para a realidade. Pronto! O caos está instalado. Você paralisou.

, o que eu quero dizer, é algo próximo ao que Bukowski falava ao escrever a máxima: “Às Vezes as coisas são apenas o que parecem ser, sem nada demais.”

Apegue-se ao que é real.

Você está com medo? É isso?

Ótimo! Vamos analisar essa bagaça olhando alguns caminhos?

  1. Você está inseguro para fazer uma live porque não sabe muito sobre um assunto.

Ora, justíssimo! Como você espera sentir antes de ser? Imagine um estudante do primeiro semestre de medicina, puxando um bisturi afiado enquanto ostenta um sorriso no rosto, pronto e seguro para operar alguém. Caótico, né?

Já falamos sobre insegurança em outro periódico, por isso vamos avançar...

  1. É a sua primeira vez para fazer algo e você está se “sabotando”.

Tá, vamos nomear as coisas como de fato são? Você está com medo. Para se proteger, seu cérebro o direciona a não fazer nada. Ok. Comemore, pois até aqui você está agindo como uma pessoal normal.

Agora é hora de racionalizar: a única forma de transcender esse medo, é agindo, porque a segurança só vem após uma série de repetições que sinalizam o seguinte:

"Comandante Amilton! Não corremos risco de morte. Pode ir lá atender seus clientes mais vezes, vamos desligar o modo alerta por aqui."

  1. Você acha que qualquer morimbundo sabe mais que você.

Duas coisas podem estar acontecendo:

a) Você não foi devidamente preparado para a realidade e provavelmente, não sabe lidar com um fato: há um número considerável de pessoas melhores que você — e isso não precisa lhe paralisar;

b) Mesmo após inúmeras tentativas e provas da sua competência, você segue se colocando pra baixo. Nesse caso, procure ajuda profissional.

Algumas pessoas têm mais facilidade em superar os cagaços e agir; outras são mais resistentes e ficam avaliando as questões por mais tempo.

Mas na dura realidade, quem pensa mais e age menos, tende a parar no tempo, abraçado até o fim, no seu fantasma de estimação.

E eu não quero isso pra você. Não quero ver você abraçado em síndromes, muletas, pernetas, sacis… qualquer folclore existente para driblar a realidade:

O medo acompanhará você até o último suspiro da sua vida, resta a você enfrentá-lo com firmeza e mostrar quem manda nessa p*rra.

Um forte abraço e boa semana pra você!

Com carinho — nem tanto,

Vinícius Borges.