Um evento de marketing me "desdigitalizou".
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Um evento de marketing me "desdigitalizou".

Eventos, congressos e workshops de marketing são caixas gigantescas de concreto cheias de inovação, luzes, pessoas renomadas em suas áreas e claro…

Vinícius Borges
4 min
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Eventos, congressos e workshops de marketing são caixas gigantescas de concreto cheias de inovação, luzes, pessoas renomadas em suas áreas e claro…

…Networking — será mesmo?

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Você entra lá com a esperança de apertar algumas mãos, abrir algumas portas e participar de conversas produtivas com pessoas que, até então, eram somente uma foto de perfil.

Só tem um problema… um CONSIDERÁVEL problema:

Você teve sua habilidade de comunicação no mundo real atrofiada. Nada é mais antinatural para você do que puxar uma conversa com um ser humano real olhando nos olhos enquanto você gesticula, controla a respiração e o tom de voz.

Lógico, nos últimos anos fomos nos acostumando a formas mais práticas de interagir:

  • Para flertar, não trocamos olhares, enviamos um emoji no Tinder e torcemos para dar match;
  • Para conversar, não esperamos mais um contexto do ambiente que abra brecha para um assunto, apenas reagimos através de um story do instagram e se não der certo, vamos para a próxima conta;
  • Para fazer uma proposta de trabalho, basta um e-mail.

E quando o mundo real chega? E quando pessoas de verdade se aproximam com olhares não tão convidativos ao mesmo tempo em que um ruído ensurdecedor de música e vozes atrapalha você ao fundo?

Sabe o que a gente faz? Sabe o que eu vi muita gente fazer?

Puxar o celular, maquiar o rosto com um sorriso, gravar uma sequência de stories comentando sobre o evento com entusiasmo e…

Bem, voltar a caminhar sozinha com seu óculos de sol — para evitar olhares com estranhos.

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Eu vi essa cena de perto. Incontáveis vezes. Eu mesmo fiz isso!

Abro parênteses para invocar o Capitão Óbvio e dizer que é evidente que existem pessoas mais comunicativas e populares. Não estou falando que toda humanidade se transformou em zumbis digitais. Meu único objetivo aqui é levar você a refletir através de uma pergunta:

Qual foi a última vez que você se comunicou fora da internet?

  • Qual foi a última vez que você puxou conversa com um estranho? Isso! Estranho. Aquele senhorzinho aleatório sentado na parada de ônibus ou o motorista do Uber?
  • Qual foi a última vez que você foi a um bar sozinho e ao invés de puxar o celular como uma placa de protesto contra qualquer interação humana, você resolveu beber trocando olhares com o mundo ao seu redor?
  • Qual foi a última vez que você não se blindou?

Talvez você precise, assim como eu, baixar a guarda — o celular — e deixar os eventos do mundo real chegarem até você.

Trocar as notificações por olhares pode ser um bom começo, assim como separar um tempo para sair sem gravar um único vídeo pode ser uma experiência mais satisfatória que qualquer promessa de metaverso.

Lembra como as coisas eram incríveis quando no churrasco de domingo toda família se sentava para comer e ninguém lembrava de tirar fotos?

Crianças correndo, sol do meio dia, o avô emburrado, a avó tentando agradar a todos, o pai falando de futebol e a mãe correndo pra cima e pra baixo para deixar tudo em ordem...

Ah, o netowrking...

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Hoje eu convido você a recuperar sua habilidade que está atrofiada. Uma hora ou outra você precisará sair da sua toca e quanto mais acostumado estiver com o que tem do outro lado, mais fácil será a sua vida.

Olhe o que está à sua volta com mais atenção. Escute o som da realidade ao invés de simular situações com seus fones de ouvido.

Tente, pelo menos uma vez por semana, deixar a simulação de lado e volte aos primórdios:

Sorrisos, olhares e imprevistos. Sem algoritmos.

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Um forte abraço,

Vinícius Borges.