Eu me mudei de país em plena pandemia mundial
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Eu me mudei de país em plena pandemia mundial

Clarice Naddeo
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Eu não sei explicar quantas pessoas me perguntaram se eu achava que realmente era uma boa ideia me mudar de continente em plena pandemia mundial, principalmente para um país onde a segunda onda do corona vírus já estava rolando desde agosto e um segundo confinamento poderia acontecer a qualquer momento.  

E, por incrível que pareça, eu nunca cheguei a pensar duas vezes que a minha mudança aconteceria no ano de 2020. Mesmo que o COVID tenha adiado meus planos (eu tinha planejado me mudar em julho), na minha cabeça estava claro que eu me mudaria assim que possível. No caso, entre a primeira e a segunda onda do vírus.

Comprei minha passagem (só de ida) para Paris como presente de aniversário para mim mesma, enquanto ainda estava confinada no Brasil. E eu me apeguei a ela como minha luz no fim do túnel, minha esperança de que o caos que estavamos vivendo ia acabar em algum momento e eu poderia então realizar meu sonho. O bilhete era para o dia 31/10/2020. Amanhã! E eu sabia que existiam três possibilidades possíveis. 

  1. A pandemia já teria acabado até o mês de novembro. Eu comprei a passagem em julho, então vai que né. Nessa época as pessoas estavam viajando em pleno verão europeu e tudo parecia estar bem. 
  2. Eu chegaria na França e logo depois teria um confinamento, por causa da segunda onda. Mas, eu conseguiria chegar a tempo. 
  3. Meu voo seria cancelado e eu teria que viajar depois. Talvez em dezembro? Mas eu daria um jeito. 

Como eu estou escrevendo isso dia 30/10, confinada em uma pequena cidade no sudeste da França na casa da minha melhor amiga, acho que vocês podem imaginar que o meu voo dia 31 foi cancelado. Essa história é longa e vou deixar para outro post, mas eu cheguei na Europa no dia 17/10, por Portugal, passei uma semana "de férias" em Porto, e cheguei aqui no dia 23/10, exatamente uma semana antes do segundo confinamento do país! (E aqui é bem mais pesado porque, ao contrário do Brasil, existem punições reais para quem não respeitar a quarentena e sair de casa sem justificativa). 

Em Porto fiz uma amiga finlandesa, e estava contando toda a minha história para ela enquanto tomavamos uma cerveja no aeroporto antes do meu voo para Lyon. Eu comentei que talvez não fosse o momento certo para me mudar, mas mesmo assim eu senti que deveria, e ela fez uma reflexão que realmente mudou minha forma de ver as coisas e, honestamente, me fez dormir melhor a noite hahaha

Embora pareça não ser o momento certo para mudar, em plena pandemia, talvez seja o momento ideal. A pandemia mudou tudo e, embora eu deteste a expressão "novo normal", porque acho que isso não existe, o mundo realmente passou por uma transformação. Novos caminhos e novas possibilidades surgirão com mais facilidade na pós pandemia, porque tudo já estará em constante movimento e até as pessoas locais deverão se readaptar à nova realidade. Eu não estou chegando em um momento que as pessoas já tem suas rotinas fixas e terão que se adaptar à minha presença, principalmente no mercado de trabalho. Eu serei apenas uma das novas mudanças que virão. E esse pensamento me deixou feliz! 

Eu tive a oportunidade de transformar esse momento tão turbulento em algo positivo na minha vida, e não me arrependo de estar aqui, confinada e (por enquanto) desempregada haha do outro lado do oceano de tudo o que eu estou acostumada. 

Como sou péssima para ilustrar textos, aqui vai uma fotinha da minha vista neste momento, enquanto escrevo isso tudo, no jardim da casa e com mil casacos porque tá fazendo frio agora que o sol foi embora. 

Confinamento, parte 2, episódio 1
Confinamento, parte 2, episódio 1