Flecha #04 - Uma breve carta sobre oportunidades e coragem.
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Flecha #04 - Uma breve carta sobre oportunidades e coragem.

Hoje no meio da tarde eu lembrei de um livro que ganhei. Lembrei especificamente da dedicatória que o próprio autor escreveu à mão. E percebi que por dois anos, eu nunca havia entendido a necessidade dela em minha vida.

Cleiton Maranhão
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Hoje no meio da tarde eu lembrei de um livro que ganhei.

Lembrei especificamente da dedicatória que o próprio autor escreveu à mão. E percebi que por dois anos, eu nunca havia entendido a necessidade dela em minha vida.

Tudo isso surge de uma reflexão sobre momentos que não apenas eu, mas qualquer pessoa enfrenta todos os dias: barreiras.

Comecei a pensar sobre todas as vezes que minha vida melhorou de forma significativa.

Desde aquela época com 0 dinheiro em que éramos seis pessoas morando em dois cômodos até a situação confortável de hoje, passando por relacionamentos, trabalhos e até hobbies, fui percebendo os grandes ganhos em quebrar barreiras.

E como quebrar mais barreiras?

Num belo dia meu chefe avisa que em menos de um mês eu precisaria dar uma palestra sobre estratégia.

"Moleza!", pensei! Só tinha um detalhe: isso seria em Bogotá. Presencialmente. Tudo marcado para junho de 2018. Eu já havia feito algumas aulas de espanhol, realizado uma ou outra viagem pela América do Sul e arranhava o básico.

Mas nem a pau que eu daria uma palestra em espanhol!

Mil projetos acontecendo, muito medo da reação do público e de como seria a experiência de, ainda por cima, realizar uma sessão de perguntas e respostas após a apresentação. Detalhe: ali estariam os maiores clientes colombianos.

"Cara, acredita em mim: vai ser suave! Tira uns dias para praticar bem… e qualquer coisa, fulano e eu estaremos lá também!"

Fingi acreditar que seria suave! Até chamei um colega venezuelano, o Ramón, para me ajudar a revisar tudo.

E o próprio Ramón foi me tranquilizando, e eu ainda não aceitando! Mas tudo bem. Fui para a Colômbia com uns dias de antecedência, pratiquei horrores, falei muita coisa sem saber, dei a palestra e… para a minha surpresa, ela foi boa!

Para ter uma ideia do que aconteceu entre junho de 2018 e maio de 2020, após essa brincadeira: surgiram oportunidades, todas bem aproveitadas, de realizar trabalhos no México, Espanha, Argentina, Peru, Portugal, Estados Unidos…

Diversos projetos remotos com gente da França, Reino Unido, Guatemala, Costa Rica e uma cacetada de lugares que já esqueci. 

Olha só…

Por anos e anos meu maior desejo profissional era atuar em mercados internacionais. E de repente aconteceu. Inúmeros fatores contribuíram para isso, mas nenhum deles teria surgido sem a quebra de uma barreira:

Medo.

Vai parecer coisa de coach, mas saiba que o medo é um dos maiores vilões de qualquer pessoa.

Existem diversas escalas e níveis de medo. Muitas vezes os medos vão todos para a caixinha da Síndrome do Impostor, outras, na caixinha da procrastinação.

E todos esses medos vão acompanhando a gente na hora de dormir, criando uma nuvem de "e se?" em nossas cabeças.

Lá no fundo nós admiramos as pessoas que aparentemente não têm medo: heróis, atletas, figuras históricas como Nelson Mandela, Madre Teresa… Somos fãs daqueles que nada temem, e não conseguimos encarar nossos próprios medos.

E faz sentido, certo?

O medo é um dispositivo de sobrevivência, afinal de contas. Sem os medos, talvez já estivéssemos mortos. Só que enquanto o medo é o instinto que nos impede de cometer loucuras, o risco é a atitude que fomenta a evolução.

Perceber que evolução profissional é baseada principalmente entre medo e risco foi um misto de alegria e desespero. Porque percebi que grandes profissionais que conheço ainda estão presos numa cadeia de medo. Seus empregos, famílias, escolas e círculos sociais minaram sua auto-estima e confiança. 

Uma pessoa sem confiança dificilmente vai encarar algum medo.

Profissionais capacitados, capazes, experientes, são esquecidos e abandonados todos os dias. Em partes por um cenário de falsa meritocracia, em partes, por estarem com medo de dar um passo a mais.

Eu particularmente não tenho a receita para vencer medos e acredito que isso é trabalho para a terapia. Mas duas ideias que plantei na cabeça estão sempre me ajudando:

1. Vencer um medo traz grandes recompensas. 

Com isso em mente, busco formas de contornar ou passar por cima desse tipo de barreira. 

2. Você tem o mínimo de capacidade técnica para se virar.

Se não fosse assim, nem teria chegado até seu ponto atual de carreira.

3. Chega um momento da carreira onde atitude vale tanto quanto ou até mais que capacidade técnica.

Depois de vencer a barreira de ser bom no que faz, os próximos níveis são todos em soft skills. Gente tecnicamente capacitada tem aos montes. E isso é obrigação. 

Soft skills são o diferencial para qualquer pessoa que pensa em empreender ou ser autônoma. E até mesmo para quem deseja apenas crescer dentro de um emprego: procure por maneiras de vencer seus medos e ganhar confiança.

De tudo que li e vi até hoje fora dos aspectos técnicos de trabalho, nada significou tanto quanto aquela dedicatória citada no primeiro parágrafo. Em duas únicas palavras escritas pelo grande Mario Sergio Cortella:

"Cleiton, Coragem!".

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Como disse acima, vencer medos traz suas recompensas. E a sensação gerada por um ato de coragem é emocionante.

É bastante provável que alguns de seus melhores momentos da vida tenham sido em conjunto com um ato de coragem. Aquele primeiro beijo na pessoa que você ama, uma aula de surf, um salto de paraquedas, o reconhecimento de alguém...

10 meses se passaram desde que tomei o ato de coragem de empreender num mercado que atuo desde meus 19 anos.

Em 10 meses eu atingi um faturamento correspondente ao que seria cerca de 2 anos e meio de salário em meu último cargo.

Percebi que estou realizado não apenas com as finanças, mas com a grande sensação de todos os dias criar algo meu. 

Não vai ser assim com todo mundo. Em muitos casos, vai ser bem ao contrário.

Mas enquanto houver um casamento entre capacidade técnica e coragem, medo não será um problema.

Sendo bom no que você faz e criando coragem, boas oportunidades surgirão. 

Você merece mais coragem e confiança na vida.

E terapia ajuda.