As cinco razões da emoção (Parte IV)

Um dos conceitos mais complexos da psicologia e neurociência é justamente a personalidade. Robert McCrae e Paul Costa, instigados por este desafio e munidos de todos os estudos de pesquisadores precursores, juntaram sua equipe e tentaram por diversos modos chegar a uma definição das personalidades humanas. Decidiram separar todos os milhares de adjetivos presentes no dicionário e agrupá-los inicialmente por sinônimos, depois por similaridades, então por afinidades e seguiram agrupando por diversas vezes até chegarem nas cinco personalidades que tratamos aqui. A ideia deu tão certo que em todos os testes feitos – um para o próprio indivíduo fazer uma autoavaliação e outro para uma pessoa muito próxima avaliá-lo – os resultados incrivelmente foram muito similares. Em um estudo feito quatro anos após os primeiros testes, a pontuação praticamente não se alterou (ou mudou pouca coisa). Iniciava-se ali uma nova forma de entender a mente humana. Hoje, seguiremos com a nossa descoberta de nossa personalidade com carinho, dedicação, entrega e muita...

AMABILIDADE

Em alguns estudos, podemos ter a amabilidade traduzida como simpatia, concordância, agradabilidade, dentre outros, porém, o resultado será sempre o mesmo. Você seria o tipo de pessoa que sempre enxerga o bem nos outros e dificilmente acha que tal pessoa seria capaz de fazer algo prejudicial com motivações claras? Ou você é aquele que desconfia até da própria sombra? Indivíduos com um maior grau de amabilidade tendem a ser pessoas que se preocupam com a harmonia social. Tendem a ser mais generoso, prestativos, amigáveis, respeitosos e leais. Geralmente, tem uma visão positiva da natureza humana e acreditam que as pessoas sejam em sua maioria honestas, decentes e dignas de confiança. Tendem a ser mais altruístas, buscando o bem estar do outro. São indivíduos que não se gabam por aí por suas façanhas, sendo modestos, sinceros e dificilmente entram em embates. Seriam a figura perfeita para o posto de miss empatia. São indivíduos que buscam sempre a melhor opção para todos e chegam a sentir aversão e mal estar em qualquer tipo de conflito, sugando sua energia. Essa personalidade quando se desenvolve em excesso, tende a tornar a pessoa mais suscetível a ser enganada, cair em trapaças e se decepcionar com as pessoas, sejam em relações pessoais ou profissionais. Ao descobrir que a pessoa em que se relaciona não é o exemplo de ser humano positivo e/ou fiel, tende a sofrer mais e, consequentemente, gastar mais energia. Situações contrárias ao perfil de amabilidade esgotam e desmotivam as pessoas amáveis da mesma forma que a multidão afeta o introvertido.

No extremo oposto, temos o cismado. A pessoa que tende a desconfiar de tudo e de todos, serem céticos de tudo que o cerca e também tendem a usar a astúcia para se beneficiar dos outros, principalmente dos mais amáveis. Colocam o interesse próprio acima qualquer um e qualquer coisa, não estão ligando para o bem estar das outras pessoas e muitas vezes são pouco cooperativos. Dessa personalidade eu me incluo no meio, tendendo mais para baixo do que para cima, com uma nota acima de quarenta e abaixo de cinquenta. Não confio cegamente nas pessoas e preciso de muitas experiências positivas para que alguém entre em meu círculo de confiança. Sou bastante sincero em minhas opiniões o que aumenta um pouco meu grau de amabilidade. Não sou muito altruísta, nem modesto e a empatia é um exercício que tenho praticado bastante para desenvolver. Entendo que confiar é um processo de conquista e até que me provem o contrário, todos são suspeitos. Acredito que a natureza humana não é boa, mas também não acho que todos ao meu redor sejam a reencarnação de Hitler. Porém, mantenho sempre aquele pezinho lá atrás. Penso que o bem estar de todos é de extrema importância e que devemos sempre chegar em um ponto de consenso, bom para todos, desde que eu não precise me sacrificar para atingi-lo.

A amabilidade é uma personalidade – tal qual a extroversão – que não faz mal algum você ser um pouco mais ou um pouco menos. Lembrando que, em excesso, nenhuma delas é benéfica. Devido a cada uma delas ser composta por seis facetas, podemos ter uma pessoa que é medianamente amável (personalidade), sendo extremamente solidário (faceta) e pouco flexível e muito teimoso (faceta), o que acaba por levar sua nota geral para o meio termo. Portanto, é muito importante que façamos a autoavaliação e analisemos não só as personalidades, mas principalmente a facetas que moldam cada uma delas. Existem uma centena de testes espalhados pela internet que prometem identificar os seus níveis em cada um dos Big Fives e recomendarei alguns no último episódio desta série, pois pouquíssimos são confiáveis, portanto, caso sua amabilidade seja extremamente alta, não saia googlando “teste big five” assim que terminar de ler este newsletter. Tenha paciência, aguente firme, controle suas emoções e até semana que vem!

Uma semana MEGA produtiva a todos! Vamos pra cima!