Continue Remando
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O clima árido pairava no ar. O ano era 2000 e o mundo estava tão excitado com as novas empresas tech que meses depois estourou umas das maiores bolhas financeira, desencadeando uma crise financeira em todo o globo. Randolph e Reed estavam ner...

Danilo Reis
7 min
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O clima árido pairava no ar. O ano era 2000 e o mundo estava tão excitado com as novas empresas tech que meses depois estourou umas das maiores bolhas financeira, desencadeando uma crise financeira em todo o globo. Randolph e Reed estavam nervosos ao adentrar o enorme prédio empresarial. Este poderia ser o dia mais importante da vida deles. Estavam há alguns minutos da reunião em que iriam propor a venda de sua pequena startup para uma gigantesca companhia, mundialmente famosa. Ambos estavam dando sua vida no negócio e a aquisição poderia alavancar as operações na pequena startup, enquanto a gigante mundial teria um braço tecnológico e avançaria para o universo online, bem à moda do momento. John Antioco era um cara durão. As rugas em sua enorme testa, proveniente de muitos anos de stress e resolução de problemas, se uniam à calvície do topo da cabeça e davam um aspecto de mal humor. John era um CEO linha dura e não era de fácil trato e convencimento. Conseguiu encaixar a reunião com os dois nem tão jovens empreendedores no fim da manhã, o que fez com que Reed e Randolph chegassem ao escritório esbaforidos pelo calor e pelo nervosismo. John, direto e objetivo, perguntou implacavelmente: “Quanto vocês querem por esse negócio?”. A pequena empresa havia despertado o olhar da gigante e um interesse até certo ponto, porém, até então, só haviam negociado as condições de gestão e nada de valores. “Acreditamos que nossa companhia valha 50 milhões de dólares”. Um enorme silêncio se fez no ambiente. Alguns segundos se passaram e as rugas côncavas da testa de John começaram a inverter sua posição e se tornarem convexas à medida que suas sobrancelhas se arqueavam e seus lábios acompanhavam tal movimento. John Antioco teve uma crise de risos. A reunião se encerrara em um desgaste colossal e o acordo, obviamente, terminou com sensações extremamente opostas de cada uma das partes. Na época, a gigantesca companhia tinha um valor de mercado de cerca de 5 bilhões de dólares e era mundialmente conhecida como Blockbuster, a qual declarou falência em 2013. A pequena startup, hoje, é avaliada em 232 bilhões de dólares e domina o mercado de streaming em todo o planeta. E eu nem preciso dizer de qual empresa estamos falando.

Existem centenas de histórias parecidas com o dilema Netflix x Blockbuster no mundo do empreendedorismo. Pequenas empresas que recusaram propostas bilionárias e grandes companhias que não acreditaram que certa startup tinha algum potencial. A Yahoo ofereceu, em 2006, 1 bilhão de dólares por um site que crescia de forma assustadora e tinha poucos anos de criação. O fundador rejeitou a proposta e acabou estampando a capa de diversas revistas do mundo financeiro com manchetes extremamente pejorativas. Uma delas dizia: “A criança que rejeitou 1 bilhão de dólares”. Essa criança, hoje com 37 anos, figura a 5ª posição do ranking da forbes e sua empresa, o Facebook, está avaliada em 896 bilhões de dólares. Mas o que esses empreendedores tinham em comum? A certeza do sucesso. Sua ambição era um inesgotável combustível e, por mais que tudo começasse a dar errado, eles tinham a mente focada em fazer aquilo dar certo. E dariam a vida pra isso. Poderia o mundo inteiro jogar contra eles, descredibilizar, desacreditar, criticar, tentar desestabilizar, mas eles se manteriam firmes no projeto. Tinham um plano e acreditavam nele. Eles sabiam que poderia demorar o tempo que fosse, mas se continuassem trabalhando duro e fazendo melhor a cada dia, eles chegariam a qualquer lugar que quisessem. Mas esse dilema não é algo exclusivo de empreendedores bem sucedidos ou pessoas ambiciosas. Isso acontece com todos nós. Frequentemente encontramos pessoas em nosso ciclo familiar, amigos do colégio, colegas de faculdade ou até mesmo desconhecidos que vivem tentando nos colocar em uma posição de fragilidade. Algumas vezes não é nem por mal. É por realmente acreditar em uma estabilidade utópica e que essa seria a forma de nos manter seguro. Outros já acham que essa realidade de sucesso é algo que poucas pessoas conseguem e você não está incluído nesse hall. Só que eles esquecem que essas poucas pessoas, um dia, começaram de baixo, do zero. E tiveram colegas, amigos, familiares ou desafetos que duvidaram do seu potencial.

Uma certa feita, eu estava conversando com uma grande amiga minha da faculdade, em meu último semestre. Ela era uma das poucas pessoas que eu conheci com uma inteligência muito acima da média. Era uma mescla de sagacidade plena, com uma mente brilhante para criatividade e uma extenso HD para absorção de conteúdo. Tudo isso atrelado à uma pessoa que estudava incessantemente. Cursava duas faculdades ao mesmo tempo e foi laureada em ambas, como melhor aluna da turma. Era a receita perfeita para o sucesso, exceto pelo principal ingrediente: ambição. Comentei com ela que meu objetivo não era ser um mero engenheiro que ficaria como um macaco silvestre pulando de galho em galho atrás de pequenos frutos e sobrevivendo dia-a-dia. Eu não queria ser o engenheiro de uma obra de cada vez. De trabalhar em uma grande construtora e fazer algumas dezenas de obras em longos anos de trabalho. Eu queria fazer milhares de obras nesse mesmo período de tempo. Eu queria algo grande, criar um negócio escalonável e duradouro. Algo que mudasse a vida das pessoas que embarcassem nesse sonho. Um projeto para mudar a construção civil, corrupta, engessada, arcaica e desatualizada. Torná-la tão ágil e flexível quanto uma empresa de tecnologia. Moldar um futuro em um país injusto, burocrático, retrógrado e sujo, com uma empresa meritocrática, leve, visionária e honesta. Quando terminei com esse discurso sonhador e apaixonado, veio o balde de água fria. Recebi uma resposta digna de romper o coração mais rígido. “Essas coisas são pra poucas pessoas que são fora da curva. Você é bom, mas isso não é pra a gente, não. Eu acho que as pessoas que conquistam isso são pessoas certas, tipo um karma”. As palavras, por mais sutis que tentassem ter sido ao sair da boca dessa minha colega, foram com um belo soco, digno de nocaute. Por mais que ela tentasse ser empática, nos colocando no mesmo patamar de reles mortais, eu me sentia como um merda. Se realmente existe esse karma, como ela sabia que eu não era uma dessas poucas pessoas? Como ela tinha tanta certeza que isso não era possível? Ao invés de me abater e me encher de crenças limitantes, iguais às que a fizeram moldar sua linha de raciocínio, usei as palavras dela como um combustível gigantesco. Como sou competitivo, me senti desafiado. “Eu não vou perder pra ela”.

Essas crenças limitantes são extremamente destrutivas, se deixarmo-nos levar por essa correnteza, terminaremos cachoeira abaixo. Devemos continuar remando contra ela, tirando forças de onde pudermos, confiando sempre em nosso potencial. Somos feitos da mesma carne, sangue, osso e tecidos que essas pessoas. Temos o mesmo número de cérebros, mesmo número de neurônios (ou pouco menos a depender da vida que você leve, mas nada muito relevante), dois braços e duas pernas. Muitas vezes não tivemos a mesma oportunidade ou escolaridade que alguns, mas muitas vezes também, tivemos muito mais que outros que foram tão longe quanto. A diferença entre as pessoas que chegam lá para as que ficam no caminho não é o brilhantismo ou inteligência. É a resiliência e a ambição. De nada adianta ser um gênio, autodidata, se não acredita no seu próprio potencial. Está fadado a ser mais um mero sobrevivente no mundo. Acredite em seu potencial. Só existe uma única pessoa que pode te impedir de alcançar seus objetivos: você mesmo. Se você quer chegar a algum lugar, acorde todo dia pensando em como pode fazer isso mais rápido. Estude, se prepare, se desenvolva e pise o pé no acelerador. Muitas pessoas vão te desmotivar, subestimar, rir da sua cara e te chamarão de criança. Siga o plano, continue focado. Faça cada dia mais e melhor e não dê ouvidos a eles. Foque em continuar remando contra a correnteza até chegar à nascente. Se você prestar atenção demais à essas pessoas, terminará com elas, cachoeira abaixo.

Uma semana MEGA produtiva a todos! Vamos pra cima!