O que Deus quer de mim? E o que Deus tem para mim?
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O que Deus quer de mim? E o que Deus tem para mim?

Não são poucas as vezes que fazemos estas duas perguntas quando a nossa vida não anda do jeito que gostaríamos.

HS Naddeo
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Não são poucas as vezes que muitos de nós fazemos estas duas perguntas quando a nossa vida não anda do jeito que gostaríamos. Quando nossos pedidos a Deus não são atendidos, quando recebemos uma resposta diferente do que queremos, ou quando recebemos apenas o silêncio, sem uma única intuição do caminho a seguir. É o momento em que tendemos a fraquejar e questionar, e eu não reajo diferente, pelo contrário. Nos momentos de aflição, em que nada da certo ou aponta para uma saída que me leve a crer que a própria falta de saída é um sinal de que ainda estou apenas em um pedaço do caminho a ser percorrido, questiono a mim mesmo aonde está a minha fé. São momentos em que submerge o conflito entre o tolo e o crente, sem saber definir qual dos dois eu realmente sou.

Deus já me deu várias provas de sua existência através de experiências que, por mais racional ou cético que eu fosse quando as vivi, me rendi ao sobrenatural dos acontecimentos, situações para as quais não haveria uma outra resposta que não fosse a ação Dele em retorno ao que eu pedi ou ao que eu precisava viver e sentir. E mesmo assim, nos momentos críticos, ainda me abalo, me sinto fraco diante das urgências terrenas em confronto com a segurança que só a fé pode me dar. Não foram poucas experiências sobrenaturais, muito menos questionáveis ou insignificantes. Foram pontuais, precisas, óbvias. Mas nem sempre elas acontecem, e quando o mundo nos cobra atitudes, nem sempre é fácil entender que a falta de resposta de Deus é também uma maneira de ser respondido por Ele. A fé não é apenas acreditar em Deus, mas crer verdadeiramente que Ele tem um propósito para as nossas vidas. Entender este propósito é que, talvez, seja a tarefa mais difícil, pois até que consigamos entender que ele existe precisamos entender também que nem sempre, ou as vezes até nunca, ele será coincidente com os propósitos que determinamos para nós mesmos, com os objetivos que traçamos a despeito da vontade de Deus.

Portanto, antes de tentarmos entender o que Deus quer de nós, o objetivo deve ser entender o que Deus quer para nós. No meu entender esta é a sinalização que vem primeiro, e é dada através da maneira como nossa vida caminha, como as oportunidades surgem ou desaparecem, como nossos projetos terrenos caminham ou não caminham. E isso se dá a partir do momento que decidimos caminhar pelos caminhos de Jesus, que passa exigir que caminhemos em compasso com ele, nem à frente, nem atrás, mas no ritmo que Ele dita enquanto caminha ao nosso lado. Se não fazemos desta maneira, na verdade nos afastamos da nossa fé e não apenas da presença Dele em nossa vida. Perdemos o vínculo com Ele e a chance de compartilhar essa experiência com quem está ao nosso redor, pois também serão pessoas que estão à frente ou atrás, e, consequentemente, também desconectadas da presença Dele. Não teremos o que dizer para quem também não está interessado em ouvir. E  perdemos, com isso, a chance de conhecer a nós mesmos. Então, o propósito de difundir a palavra se perde no caminho, pois não temos mais a capacidade de aplicá-la às nossas próprias vidas.

O que queremos de Deus? O que queremos para Deus?

Provavelmente, estas seriam as perguntas mais importantes que deveríamos fazer antes de saber o que Deus quer de nós ou o que ele quer para nós, uma vez que ao aceitarmos Jesus e recebermos a palavra somos nós que damos um passo em direção a Ele, não importa se isso acontece por meio de uma revelação ou de uma atitude consciente de entendimento da real dimensão da nossa existência. É, e precisa ser, um passo de transformação na nossa vida, caso contrário estaremos enganando a nós mesmos, pois é impossível enganar a Deus. A aceitação de Jesus e o compromisso de seguir pelos seus caminhos são decisões que trazem consigo a condicionalidade, ou seja, não é possível ser cristão, de fato, e decidir o que quer ou não seguir dos ensinamentos contidos na doutrina cristã. Além de cristãos nos tornamos também missionários da palavra de Deus, com o objetivo de espalhá-la a todos que pudermos, o que é impossível de ser feito se não focarmos nos ensinamentos para que sejamos o exemplo daquilo que pregamos. E assim também é que aprendemos e entendemos nossa própria identidade em Cristo, e refinamos a intimidade reveladora que buscamos ter com Ele, o que nos leva a sentir o privilégio que é ter Sua presença na nossa vida. Somente esta proximidade é capaz de nos revelar qual é a missão que Deus tem para cada um de nós.

Quando a revelação é dada, não é feita de maneira livre para que interpretemos e a realizemos do jeito que melhor entendermos. Fugir dessa missão tem diversas consequências, pois estamos fugindo da própria presença de Deus. Estagnamos a nossa fé e perdemos nossa espiritualidade; perdemos tempo e dinheiro com projetos que não darão certo porque não fazem parte do propósito da missão da qual fugimos; geramos sofrimento nas pessoas à nossa volta, nossos familiares, amigos, colegas de trabalho, fruto do nosso insucesso; nos tornamos egoístas e sem forças para mudar a situação na qual colocamos nós mesmos e todos ao nosso redor. E enquanto não entendemos e não retornamos à rota que Deus traçou para nós, seremos responsáveis por todas as mazelas nas quais nos encontrarmos e nas quais estaremos submetendo as vidas das pessoas diretamente vinculadas a nós.

Deus não nos exige sacrifícios para entregar seus tesouros. Sua única exigência é o temor, que não deve ser confundido com o medo, mas com o respeito pelos seus ensinamentos, com o reconhecimento da sua grandeza e seu poder. Temor não é não fazer por medo, mas, não fazer pela certeza de que não é o correto, por saber que incorrer no erro tem consequências e não castigos. Assim, penso que a pergunta mais importante de todas é o que queremos para Deus, o que estamos dispostos a entregar de nós mesmos para Ele. Respondida esta pergunta, ficará muito mais fácil entendermos o que queremos de Deus, pois saberemos também o que Ele quer de nós, e, consequentemente, o que Ele tem para nós.