Por que eu? Por que não eu?
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Por que eu? Por que não eu?

Por que Deus privilegiaria apenas alguns e deixaria tantos outros, penso que a imensa maioria, desprovida de tantas benesses?

HS Naddeo
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Por que só acontece comigo? Por que nunca acontece comigo?

Quem nunca se fez essas perguntas ao se sentir azarado ou preterido pela sorte, ou ao se sentir vítima de alguma coisa ou situação enquanto outros são "agraciados" diante de condições iguais? Penso que é natural do ser humano fazer esse tipo de comparação. E, na minha visão, é muito parecido com o fundamento da economia, que, para quem não sabe, tem a ver principalmente com a escassez.

É de difícil a muito raro alguém reclamar da abundância. Quantas pessoas você conhece que reclamam por ter muito dinheiro, muita sorte, muitos privilégios? Eu não conheço nenhuma. Porém, quantas pessoas conhecemos que se queixam da falta de dinheiro, da falta de sorte, da falta de privilégios?

Por que Deus privilegiaria apenas alguns e deixaria tantos outros, penso que a imensa maioria, desprovida de tantas benesses?

Mas será que é realmente Deus que privilegia mesmo? Será que apesar de tanta abundância esses "privilegiados" são felizes? Têm paz? Têm Deus nas suas vidas?

Volto, então, ao mesmo fundamento da economia, a escassez. Sua relação com Deus é abundante ou escassa? Você ora com abundância ou esse lado da sua vida é baseado na escassez? Sua fé é abundante ou escassa? Eis as questões.

Quando me fiz essas perguntas não pensei apenas no meu momento de vida, mas fiz uma reflexão sobre a minha história. Eu neguei Deus durante 45 dos meus 58 anos. E mesmo depois de reconhecer sua existência, mantive por muito tempo uma relação sem proximidade a Ele. Tipo, ok, Ele existe, é O Cara, e agora reconheço isso. Mas não orava, não estabelecia uma relação com Ele, e tratava Deus e a fé como uma Neosaldina, que a gente busca quando não aguenta mais a dor de cabeça.

Até me converter nunca tinha pensado em Deus e fé como remédios de uso contínuo, que a gente precisa tomar todos os dias para tratar de uma doença crônica chamada humanidade, cheia de efeitos colaterais que desnudam nossas imperfeições. E é um remédio simples, baseado no reconhecimento de nossas falhas humanas, que a gente usa na forma de oração, e assim, nos aproximamos de Deus e evitamos a ação do inimigo nas nossas vidas.

Quando comecei a orar eu ainda não fazia com fé. Muitas e muitas vezes me perguntava se não estaria falando sozinho. Ao mesmo tempo, porém, me via orando cada vez mais. E não estou falando daquela oração em que se fica de joelhos, mas da oração que é uma conversa permanente com Deus, ora em voz alta, ora mentalmente, mas constante. Descobri que a abundância da oração torna a fé mais forte em mim, e que as respostas de Deus às orações também se tornam abundantes, até mesmo quando se dão através do silêncio.

Por que eu? Por que não eu? As respostas para essas perguntas ficam claras quando se tem fé. Quantas pessoas morrem de tantas doenças mesmo tendo recursos infinitos para tratá-las; e, nessas horas, a maioria deve pensar "por que eu?". E penso que diante dessa realidade, ninguém quer se pôr no lugar delas e questionar Deus "por que não eu?".

Ao aceitar Jesus em nossas vidas, buscamos uma salvação na vida eterna, mas essa salvação precisa começar aqui. Aceitar Jesus não é comprar ou ganhar uma passagem de primeira classe para uma vida eterna ao lado Dele, mas, sim, uma caminhada que pode ser tão dolorosa e cheia de percalços quanto a que Ele teve durante seu ministério. Jesus não nos prometeu uma vida terrena sem problemas ou sofrimentos. Ele nos prometeu, porém, que estaria ao nosso lado e ao nosso alcance nessa jornada, bastando que acreditassemos Nele, com abundância na fé. Garantiu também que quem Nele cresse, e em Seu nome pedisse, seria atendido.

Deus, porém, tem propósitos para as nossas vidas, e nem tudo o que pedimos e queremos está dentro deste propósito, ou é o melhor que Ele tem para nos dar. Muitas vezes o que pedimos é pouco perto do que Ele tem para nós, e um dos segredos para se manter na fé é acreditar e confiar nisso. E quando cremos de coração, não nos perguntamos mais porque eu, ou porque não eu. Entendemos com resiliência que os acontecimentos nas nossas vidas são da forma que Ele quer, não se tratando meramente de mérito ou demérito, mas de propósito.

Muitos pais não entendem como têm filhos tão diferentes se deu a eles uma criação igual. A criação pode até ter sido igual na visão dos pais, mas a relação com cada filho é individual, porque cada filho tem a sua personalidade e o seu propósito de vida. E assim é nossa relação com Deus. Todos temos o mesmo acesso a Ele, os mesmos direitos, os mesmos deveres. Mas a relação é individual, de acordo com nossas personalidades e propósitos de vida, da forma como nos relacionamos com Ele, e como permitimos que Ele participe das nossas vidas.

Já não me pergunto mais porque eu, ou porque não eu, ou, porque comigo ou porque não comigo. Demorei a aprender as perguntas certas, e por isso deixo aqui meu testemunho. Experimente perguntar porque Ele ou porque não Ele, ou, porque com Ele ou porque sem Ele. E faça isso com abundância. A escassez de Deus é a abundância do inimigo na nossa vida. Quem se compara ao outro na medida do mérito ou demérito, na sorte ou no azar, apenas repete o erro do inimigo ao se comparar com Deus.