Você saberia dizer quem é nosso primeiro inimigo?
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Você saberia dizer quem é nosso primeiro inimigo?

Durante um período de 10 anos eu conquistei basicamente tudo o que quis. Tive uma ascensão pessoal e profissional meteóricas, o que me dava "o direito" de exercitar toda a arrogância do mundo…

HS Naddeo
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De bate pronto, qualquer cristão que tiver que responder a essa pergunta dirá que o inimigo é o demônio, e não podemos dizer que esta resposta esteja errada. Mas, penso eu, que também não podemos dizer que ela está 100% certa. Penso que antes mesmo do demônio, o primeiro grande inimigo do homem é ele mesmo com sua prepotência e ignorância. E é essa ignorância sobre Deus, e sobre as coisas de Deus, que abre as brechas necessárias para que o demônio aja em nossas vidas. E isso é um pressuposto meu, mesmo que possa ser bíblico, já que o grande objetivo da Bíblia é nos ensinar a ser retos nos ensinamentos de Deus, sendo eles, ao mesmo tempo as vacinas e os antídotos contra a ação do demônio.

O demônio não age sobre quem tem Deus dentro de si, e falo isso por experiência própria. Fui ateu até os 45 anos de idade. Eu não deixava brechas para o inimigo agir, mas avenidas, estradas. Eu era um campo fértil para a ação do demônio sem ter a menor noção disso. Hoje tenho a percepção de que muitas das ações da minha vida até aquela época, incluindo aí muitos sucessos conquistados, não eram ações de Deus, mas ações malignas que alimentavam minha repulsa por Deus, Jesus ou qualquer coisa que se relacionasse com religião. E eu nunca fiz nenhum pacto com o demônio ou mesmo solicitei a ele qualquer coisa, porque nem precisava. Eu queria o sucesso, eu queria tudo que a carne pudesse me oferecer, então ele não precisava nem negociar isso comigo, pois, voluntariamente de certa forma, mesmo sem saber disso, bastava ele agir. Olhando para trás, agora, posso dizer que ele agiu diretamente sobre mim durante pelo menos 10 anos, que foi exatamente o período da minha ascensão e queda pessoal e profissional.

Durante um período de 10 anos eu conquistei basicamente tudo o que quis. Tive uma ascensão pessoal e profissional meteóricas, o que me dava "o direito" de exercitar toda a arrogância do mundo nos ambientes que eu frequentava. Eu era festejado, invejado e respeitado pelas coisas que tinha e conseguia, mas não por quem eu realmente era. Minha arrogância não respeitava cor, credo, raça, posição social, e nem mesmo minha posição dentro da minha própria família, diante da minha esposa e das minhas filhas. Naquela fase 90% das minhas preocupações eram comigo mesmo, com meu sucesso. Eu gostava de saber que era festejado, invejado e respeitado pelos outros, meu ego se enchia de prazer com toda a bajulação que recebia do mundo que estava à minha volta. E era apenas mundo mesmo, mundo de mundano, pois por mais que eu conquistasse, eu continuava vazio e querendo mais para preencher aquele buraco que, ao invés de ser preenchido, ficava cada vez maior. E é aí que nos tornamos nosso maior inimigo, a ponto do demônio nem precisar mais agir sobre nós. Já estamos derrotados o suficiente para que o demônio passe a agir deliberadamente contra nós destruindo tudo o que, sem sabermos, ele nos ajudou a construir.

Quando chegamos a esse ponto é que começamos a procurar Deus, mas na maioria das vezes nossa busca é orientada pelo próprio demônio, pois não é exatamente Deus que procuramos, mas uma forma de driblar os desígnios de Deus. E para que a derrota seja certeira, o inimigo se traveste de bondoso e coloca na nossa vida pessoas que nos levam ao espiritismo, ao ocultismo e a toda forma de tentar satisfazer nosso desejo de retornar ao que éramos antes da queda, acreditando que a interferência de espíritos, cartas e outras adivinhações são coisas de Deus. E sem saber, achando que sabemos tudo, o buraco no qual nos enfiamos se transforma em um abismo dificílimo de escalar de volta, o que só é possível quando conseguimos lucidez suficiente para entender que o principal inimigo que possinilita que tudo isso aconteça somos nós mesmos, que criamos todas as facilidades para que o demônio aja nas nossas vidas.

Mas não é aí que a coisa termina. Quando recuperamos a lucidez, o demônio começa a agira destruindo tudo o que temos de bom à nossa volta. Quase perdi meu casamento, perdi minha empresa, os amigos que me festejavam, invejavam e respeitavam desapareceram, minha autoestima foi ao nível mais baixo, a depressão se instalou em mim. Foi então que eu conheci verdadeiramente Deus, sem nem mesmo precisar buscá-lo, pois no momento mais crítico de todos foi ele que se apresentou a mim, algo que eu prefiro deixar para contar em um outro momento, mas que, sem dúvidas, foi um dos momentos mais marcantes de toda a minha existência.

Contudo, mesmo reconhecendo a existência de Deus, só mesmo em 2019 eu comecei a jornada que descrevi no meu primeiro post desse blog, frequentando a célula, aprendendo sobre a palavra, aprendendo a orar e conhecendo o poder da oração, aceitando Jesus como meu salvador e me batizando. E foi tudo isso me levou a entender que o meu primeiro grande inimigo era eu mesmo, por isso eu fui uma presa fácil para o demônio agir por tanto tempo na minha vida.

De lá para cá venho aprendendo, com muito esforço, a não ser meu próprio inimigo, a reconhecer os verdadeiros amigos, e a compreender que a decisão que tomei ao optar por uma vida que não é a que o mundo nos oferece é que preenche aquele vazio que o demônio ocupa quando não é Jesus que está dentro dele.

Ainda estou longe de atingir um entendimento mais profundo sobre o que tudo isso significa. Ainda não sou dedicado, não falo com Deus tantas vezes quanto deveria e poderia, afinal ele veio a mim em um momento em que eu nem chamei por ele, não tenho o hábito de orar pelas coisas que deveria, nem sempre me lembro de agradecer na hora pelas graças que ele me concede, mas agradeço na oração que faço quando me deito, e tenho aprendido a agradecer mais do que pedir.

Todo esse aprendizado, juntamente com a idade, a maturidade e um entendimento mais amplo do que é a vida sem Jesus e de como é a vida com Ele ao nosso lado, tem me ajudado muito a evitar ser meu próprio inimigo, e muito mais a evitar ao máximo que o inimigo de todos nós use minha vida novamente.

Como me comprometi quando decidi fazer esse blog, esses são pressupostos meus, são minhas experiências, dúvidas e entendimentos pessoais sobre tudo que aprendi até agora, e eu não os divido como certezas sobre nada, mas como sentimentos que podem ser comuns à outras pessoas que possam estar vivenciando a mesma busca que eu, para que sirvam como reflexões, jamais como verdades, pois elas só pertencem a Deus, esse sim, o verdadeiro amigo, disponível para qualquer um que queira segurar firmemente na sua mão.