Traço importante -muitas vezes desprezado- da vida em sociedade são os vínculos que se criam entre os concidadãos.
Traço importante -muitas vezes desprezado- da vida em sociedade são os vínculos que se criam entre os concidadãos. | ||
Não necessariamente a amizade que nasce do convívio social, mas o sentimento mesmo de pertença a determinada comunidade. Algo que, por vezes, é mais profundo e sincero, ainda que não observado, ou até mesmo por isso. | ||
Não costumamos reparar, ou ter um momento de reflexão sobre, mas todos conhecemos pessoas com as quais jamais trocamos mais do que cumprimentos cordiais no dia a dia. É o senhor que sempre caminha às 06h; ou a moça que sempre para o carro em frente ao portão quando chega e espera os seus cachorrinhos saírem para colocá-los no veículo; o rapaz que sempre passa de moto nas manhãs vendendo seus salgados; a senhora que senta na porta de casa todo santo dia às 17h, quando o calor do sol já está ameno… | ||
Todas essas pessoas e seus comportamentos habituais fazem parte daquilo que nos envolve e constitui, tornando o cotidiano uma importante experiência de comunhão. | ||
Ainda que não saibamos os nomes, ou as histórias que compõem a vida de cada um, temos a certeza de que o guri a andar de bicicleta no fim da tarde é um evento certo e distintivo de nossa comunidade e, caso não ocorra, é sinal de que algo não vai bem. | ||
Nós vivemos, sentimos e pertencemos a esses laços de comunidade. Ao fim e ao cabo, sempre ressoam em nossos corações. | ||
O sentimento nostálgico da infância nada mais é, muitas das vezes, do que a lembrança de um tempo mais leve, onde podíamos andar livres de preocupação e em contato com nossos conterrâneos. Com o passar do tempo, o aumento dos perigos que nos rodeiam, a maior engenhosidade dos criminosos, bem como a crescente desconfiança que temos uns para com os outros, acabamos por nos distanciar dessa noção de associação. Mas ela está ali, presente. Representada pelo senhor que leva a sua cadelinha para comprar pão a cada aurora. | ||
Não nos enganemos, está fora de nossa órbita de escolhas e decisões: a comunidade somos nós. E dela necessitamos para que sejamos melhores e mais felizes. | ||
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