Top Gun- A exaltação da beleza
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Top Gun- A exaltação da beleza

O sucesso absoluto e imediato do filme “Top Gun- Maverick” é algo que revela alguns fatos cada vez mais evidentes na indústria cinematográfica.

Matheus Henrique
3 min
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Cena do filme “Top Gun: Maverick”.
Cena do filme “Top Gun: Maverick”.

O sucesso absoluto e imediato do filme “Top Gun- Maverick” é algo que revela alguns fatos cada vez mais evidentes na indústria cinematográfica.

A pobreza de roteiro e a falta de capacidade de construir histórias inspiradoras têm tornado o público das telonas sedento por algo verdadeiramente arrebatador, ainda que não se apercebam.

As pessoas se acostumaram a engolir a falta de originalidade e de conteúdo dos filmes modernos, cuja única preocupação é a obtenção de lucro. Quanto a isso, não falo por uma ótica inocente, ou tampouco socialista, apenas acredito que, quem busca o lucro acima da qualidade do que oferece, deve receber críticas maiores do que os lucros que ostenta. 

O que é belo, bonito, que possui a qualidade em sua essência, não afasta, evidentemente, a possibilidade de lucro. Pelo contrário, tende a elevar as quantias estabelecidas como objetivo. Gosto é algo que não somente se discute, como se reconhece. As pessoas conservam o amor pela beleza em seu âmago e, mesmo que ali permaneça dormente, jamais se torna indiferente quando confrontado ao que é sublime. Identificam facilmente a superioridade do que se lhes apresenta.

Oras, “Top Gun: Maverick” é mais uma prova disso. O filme, que bateu recordes de bilheteria desde seu lançamento, entrega muito mais do que se podia esperar. A sequência de um filme que marca uma geração é sempre cercada de dúvidas e apreensão quanto à possibilidade de repetir o sucesso. E o fato é que este filme logrou o êxito de ser ainda melhor que o primeiro. Algo raríssimo de acontecer, por toda a memória afetiva que um grande filme cria.

Isso não ocorre por mero acaso, é preciso destacar a atuação de Tom Cruise, não somente como ator, mas produtor do filme. A busca pela excelência que o move e, por vezes, beira a loucura, tem como alvo o público destinatário de seu trabalho. O ator se preocupa em alcançar a verdade, levar às pessoas algo o mais próximo da realidade possível, sem que isso descaracterize o caráter ficcional da obra. Parece mesmo seguir a lição de Horácio:

“Se me queres ver chorar, tens de sentir a dor primeiro tu”.

 O poeta acreditava que o autor da obra precisaria sentir seus efeitos ao escrevê-la, só assim poderia provocar as sensações desejadas em sua audiência. 

Por fim, a reação do público de “Top Gun: Maverick” é a única possível: o reconhecimento de algo genuinamente especial. Não -somente- por seus efeitos, mas por ter seu foco voltado à história. A grande estrela do filme é o próprio filme, que possui um enredo capaz de emocionar até mesmo os mais pobres de espírito.