As façanhas da escola austríaca
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As façanhas da escola austríaca

A economia é uma ciência, porém não existe uma ciência tão controversa e dividida quanto a ciência econômica. Existem diversas teorias de escolas econômicas diferentes que são conflitantes, mas, no meio de tantas teorias diferentes, qual é a ...

Lucas e Hugo
8 min
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A economia é uma ciência, porém não existe uma ciência tão controversa e dividida quanto a ciência econômica. Existem diversas teorias de escolas econômicas diferentes que são conflitantes, mas, no meio de tantas teorias diferentes, qual é a verdadeira ? Seria keynesianismo? seria o Marxismo? seria a economia clássica?

Não, nenhuma dessas, a verdadeira ciência econômica é a escola austríaca de economia pois ela é a única que define economia com precisão: a economia é o estudo das relações humanas, ela pertence a uma ciência maior chamada praxeologia.

E também porque todas as suas teorias se provaram verdadeiras. Já as outras vertentes econômicas mostraram-se desastrosas quando as suas teorias foram colocadas em prática e também porque suas teorias se baseiam em conceitos errados tornando a ciência econômica algo estático que se diferencia totalmente da realidade.

Entretanto mesmo a escola austríaca sendo superior a outras escolas econômicas, ela ainda é esquecida e desprezada por muitos.

Da esquerda para direita (Menger,Mises, Hayek, Rothbard, Hoppe)
Da esquerda para direita (Menger,Mises, Hayek, Rothbard, Hoppe)

Por isso que é necessário relembrar as suas façanhas impressionantes, que diga-se de passagem nenhuma outra escola econômica possui:

1 - A lei da utilidade marginal decrescente

A lei da utilidade marginal decrescente revolucionou a economia, pois antes do surgimento dela, os economistas clássicos estavam presos a um paradoxo: porque o diamante vale mais que a água?

Os economistas clássicos nunca conseguiram responder a esta pergunta. Ela só foi respondida quando a teoria da utilidade marginal foi desenvolvida, e o principal economista responsável pelo desenvolvimento dessa teoria foi o economista austríaco Carl Menger, considerado o fundador da escola austríaca de economia.

A resposta ao problema da água valer menos que o diamante foi brilhantemente respondida pela lei da utilidade marginal.

Os pensadores antigos estavam aprisionados à convicção de que o valor de um bem deveria guardar relação umbilical com sua utilidade.

Menger demonstrou que a satisfação propiciada por uma unidade de um bem é avaliada pelo indivíduo, subjetivamente, segundo a utilidade daquela unidade adicional (a unidade "marginal") adquirida.

Pense em água e em diamantes e veja o preço de cada. Nós não valoramos a categoria "diamantes" em relação à categoria "água"; não fazemos uma comparação direta entre ambos os produtos, que são distintos não apenas em sua composição, como também em suas finalidades.

O que realmente fazemos é valorizar uma unidade a mais de diamante em relação a uma unidade a mais de água. Este é o conceito de margem.

Não está em jogo passar a vida toda sem água ou sem diamante, caso em que a água valeria todo o dinheiro do mundo. Na prática do dia a dia, o indivíduo normalmente já tem acesso a água. Portanto, a utilidade de uma garrafa adicional é pequena, ao passo que a utilidade de um diamante pode lhe parecer alta, em particular se não possuir nenhum.Uma unidade a mais de água, tudo o mais constante, não faz diferença nenhuma para você. Já uma unidade a mais de diamante, um bem extremamente mais escasso que a água, faz muita diferença para você. A água é um bem superabundante. Diamantes não. Eis a margem.

Este conceito de marginalidade é muito importante na economia e a escola austríaca é a protagonista no desenvolvimento deste conceito.

2- A praxeologia

Os economistas clássicos consideravam a economia como a ciência dos aspectos “econômicos” da ação humana. Eles lidavam com a ação humana se ela fosse motivada pelo lucro e pela busca da riqueza e achavam que o estudo de outras ações humanas que não eram motivadas pelo lucro eram tarefas de outras disciplinas. Para Mises a definição clássica é incompleta, para ele a ciência econômica é muito mais do que simplesmente uma teoria do aspecto “econômico” do esforço humano,a economia seria a ciência da ação humana proposital para a obtenção de certos fins em um mundo condicionado pela escassez. Os problemas econômicos estão dentro de uma ciência mais geral da qual não podem ser separados. O exame dos problemas econômicos tem de necessariamente começar por atos de escolha, a economia se torna uma parte uma ciência maior: a praxeologia.

Uma grande contribuição dessa mudança de definição é que a ciência econômica não é uma ciência empírica em que é preciso fazer experiências para formular uma teoria, mas a ciência econômica é uma ciência a priori, isso significa que seus teoremas são consequências de seus axiomas, como acontece com a matemática.

Da mesma forma que o teorema pitagórico é uma relação geométrica inerente a todos os triângulos retângulos, os teoremas econômicos já estão contidos nas categorias de ação de um sistema praxeológico. Dessa forma, qualquer experiência de cunho empirista é incapaz de refutar teorias econômicas derivadas praxeologicamente. Seria como sair por aí medindo os lados dos triângulos retângulos a fim de encontrar falhas no Teorema de Pitágoras. Algo impensável.

Somente é possível refutar uma teoria praxeológica por meio da descoberta de falhas na cadeia de raciocínio empregada pelo praxeologista.

3- A impossibilidade do cálculo econômico no socialismo

Mises na década de 1920 provou que o socialismo não funciona. O grande problema do socialismo é que como não existe propriedade privada e preços e por isso é impossível fazer um cálculo econômico racional, por isso que sob o socialismo os recursos escassos são mal utilizados e desperdiçados.

A constatação de Mises é simples, porém extremamente importante: como no socialismo os meios de produção não podem ser vendidos, não existem preços de mercado para eles.

Se não há preços, é impossível fazer qualquer cálculo de preços. E sem esse cálculo de preços, é impossível haver qualquer racionalidade econômica — o que significa que uma economia planejada é, paradoxalmente, impossível de ser planejada.

O mais impressionante é que Mises provou que o socialismo é impossível economicamente antes mesmo de ele ter sido colocado em prática, imagina quanto sofrimento humano seria evitado se os socialistas tivessem ouvido Mises.

4 - A refutação da mais valia

Karl Marx popularizou a ideia de que os capitalistas exploram o trabalhadores.

Segundo Marx, os capitalistas exploram os empregados se “apropriando” de uma parte do trabalho deles, o famoso conceito da mais-valia.

O argumento é relativamente simples: o capitalista remunera o trabalhador com R$100. Este trabalhador gera mercadorias, e essas mercadorias são vendidas por R$120. Segundo Marx, este lucro só é possível de ocorrer porque uma parte do trabalho não foi remunerada pelo capitalista — no caso, os R$20.

Esses R$20 seriam exatamente a "mais-valia", que é a mensuração da "exploração laboral".

Ou seja, o trabalhador prestou um serviço para o capitalista e não obteve a "devida" remuneração. Sua remuneração foi menor do que o valor total que ele gerou para o capitalista.

A grande sacada sobre a mais-valia, foi percebida pelo economista austríaca Eugen von Böhm-Bawerk, ele percebeu que a diferença entre o valor de produção e de venda existe não por que o empresário explora o empregado, e sim por que há uma diferença entre o valor de um bem no presente e desse mesmo bem no futuro.

O pagamento salarial representa bens presentes, ao passo que os serviços de sua mão-de-obra representam apenas bens futuros.

O empregado recebe mensalmente seu salário enquanto que o empresário só terá algum lucro se o empreendimento dele der certo.

Nesse caso, o empregado está protegido da incerteza do mercado, se o empreendimento der certo ou não ele receberá o salário, o empregado escolhe os bens presentes.

Já para o empresário ter lucro ele dependerá do desempenho do seu empreendimento, ele está se arriscando pois arcou com diversas despesas para criar o empreendimento e ele espera no futuro que essas despesas se transformem em lucro; o empresário escolhe os bens futuros;

Por exemplo, imagine que joão abriu uma escola e para isso ele investiu dois milhões de reais, quando joão investe todo esse dinheiro ele espera ao longo do tempo esse dinheiro se transformará em lucro, porém caso não se transforme em lucro, todos os funcionários receberam os seus salários normalmente e somente o João teve prejuízo, mesmo que a empresa vá a falência, nenhum funcionário teve prejuízo, só o joão perdeu dinheiro no empreendimento.

E caso a escola de lucro, é justo que joão receba um pouco mais, pois ele foi o único que preferiu deixar de consumir no presente para se arriscar em ganhar mais no futuro.

A pergunta é: o João que adianta 2 milhões — que se abstêm de consumi-los e que incorrem em risco para recuperá-los — não deveriam receber nenhuma remuneração por isso? Será que durante os próximos 10 ou 20 anos ele deveriam se contentar apenas em recuperar — isso se tudo der certo — tão-somente os 2 milhões de que abriu mão, sem receber nenhuma remuneração pelo seu tempo de espera e pelo risco em que incorreu?

Quem pensa assim está, na prática, dizendo que ter R$1.000 hoje é o mesmo que ter R$1.000 apenas daqui a 500 anos (e assumindo zero de inflação de preços).

O fato de o trabalhador não receber o "valor total" da produção futura nada tem a ver com exploração; simplesmente reflete o fato de que é impossível o homem trocar bens futuros por bens presentes sem que haja um desconto. O pagamento salarial representa bens presentes, ao passo que os serviços de sua mão-de-obra representam apenas bens futuros.

Essas são só algumas façanhas da escola austríaca, a lista poderia ser muito maior, e pode ter certeza que as outras vertentes econômicas nem de longe tem tantas façanhas quanto a escola austríaca.

Fontes:

https://citacoes.in/citacoes/103865-ludwig-von-mises-ao-fisico-pouco-importa-se-alguem-estigmatiza-sua/

https://www.mises.org.br/article/2723/a-ideia-de-que-no-capitalismo-os-trabalhadores-sao-explorados-atenta-contra-a-logica

https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=459

https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1141

https://www.mises.org.br/article/95/economia-praxeologica-e-economia-matematica

https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=230

https://mises.org.br/article/3340/nos-150-anos-da-revolucao-marginalista-um-resumo-de-suas-cruciais-constatacoes

https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1288

https://www.mises.org.br/article/36/por-que-a-economia-austriaca-importa