6 vencedores e 6 perdedores do GP da Hungria
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6 vencedores e 6 perdedores do GP da Hungria

Quem acordou mais tarde porque madrugou vendo os Jogos Olímpicos deve ter ficado bastante confuso ao ligar a TV ou ao pegar o celular ainda na cama. Lewis Hamilton e Max Verstappen fora dos pontos, Esteban Ocon liderando uma corrida e Sebasti...

Antony Curti
5 min
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Quem acordou mais tarde porque madrugou vendo os Jogos Olímpicos deve ter ficado bastante confuso ao ligar a TV ou ao pegar o celular ainda na cama. Lewis Hamilton e Max Verstappen fora dos pontos, Esteban Ocon liderando uma corrida e Sebastian Vettel rumo ao segundo pódio do ano. 

O GP da Hungria foi caótico e provou que a teoria não-ortodoxa de Bernie Ecclestone era interessante e de se pensar. Ok, DEIXA PRA LÁ, a Fórmula 1 não vai meter o louco e molhar as pistas de traçados modorrentos, por mais que progressista pelo entretenimento que a Liberty Media seja. Mas, por outro lado, a chuva de manhã ajudou a termos uma das melhores – se bobear a melhor – corrida deste ano e por ironia do destino, justamente em Hungaroring, a fábrica de procissões do leste europeu. 

Sem mais delongas, vamos a uma primeira análise dessa grande corrida com os vencedores e perdedores. 

Vencedores:

i) Esteban Ocon: Numa das maiores surpresas do dia, o francês Esteban Ocon tornou-se apenas o terceiro a ouvir a Marselhesa no lugar mais alto do pódio em 25 anos. Ano passado, Pierre Gasly conseguiu o feito numa corrida igualmente maluca na Itália. É a consagração de uma história de vida incrível. Os pais de Ocon passam longe de serem ricos – muito pelo contrário. A família passou por dificuldades para acreditar em seu sonho e a primeira vitória finalmente veio. Ocon chegou a ficar um ano fora do grid depois de Lance Stroll ir para sua vaga na Racing Point/Force India/Jordan/Aston Martin/etc. "Que momento, é tão bom. Estamos de volta onde [a Alpine] merecemos, então isso é fantástico", disse

ii) Fernando Alonso: Outro que deu aula. Arrisco dizer que se não fosse Alonso, Lewis Hamilton tinha uma chance até de buscar a vitória no final da corrida. Sua defesa – limpa, frise-se – contra o inglês foi impecável. Ao final da corrida, demonstrou muito espírito esportivo ao comemorar junto de Ocon na volta de desaceleração. Outro mundo se pensarmos o inferno que os companheiros de equipe do espanhol já viveram.

iii) Sebastian Vettel: Escrevo isto considerando o alemão em seu segundo lugar do pódio, mas Vettel pode sofrer punição até o momento que você ler o texto (Update: Vettel foi desclassificado e com isso Hamilton ganha a segunda posição). O regulamento pede que o carro tenha um litro de combustível ao final da corrida e Vettel, que parou antes de levar o carro de volta para o box, tinha 0,3. A ver se pode pintar uma desclassificação – mas mesmo que aconteça, em termos morais é imenso um segundo pódio para o alemão. Seb parecia de saco cheio de ser piloto depois do inferno astral em Maranello. Recuperou o vigor.

iv) Lewis Hamilton: Masterclass, apenas isso. Hamilton viu a Mercedes fazer lambança e só ele não trocou para o pneu de pista seca na relargada depois do caos. Foi para o fim do pelotão e brigou. Com o terceiro lugar, Hamilton voltou a assumir a liderança de um campeonato que parecia rumar para a Red Bull pela primeira vez desde 2013. Agora, tudo incerto. Hamilton escalou o grid e foi um dos primeiros a apostar no pneu duro para fazer o undercut – mas ele precisaria dar aula para isso dar certo. Deu. Antes de Silverstone, 32 pontos separavam ele e Max Verstappen. Agora, lidera o campeonato

v) Alpine: Dois carros na pontuação e a escuderia francesa consegue a primeira vitória desde o Grande Prêmio do Japão de 2009 – considerando, claro, apenas Renault e Alpine na conta. A estilingada das pontuações de Ocon e Alonso levam a Alpine para o quinto lugar no mundial de construtores. 

vi) Williams: Primeiros pontos da carreira de George Russell com a Williams e primeira dobradinha de pontos da equipe desde 2018, no GP da Itália. Nicolas Latifi foi bem também, sejamos justos: mostrou inteligência ao desviar pela direita no caos da curva 1 e capitalizou em cima disso. 

Perdedores: 

i) Charles Leclerc: O próprio disse hoje que a primeira metade do campeonato foi cercada de azar. Hoje, Lance Stroll conseguiu acertar Charles em cheio na curva 1 na "segunda etapa" do caos da primeira volta. Leclerc teve uma quase vitória semana passada, uma quase largada em primeiro depois da batida no Q3 em Monaco e agora uma quase sorte absurda se continuasse na prova. Não deu. 

ii) Lance Stroll: Tentou colocar por dentro da zebra na pista molhada, perdeu o timing e não tinha qualquer aderência. Acertou Leclerc e viu Vettel conquistar um pódio. A moral de Stroll neste final de semana fica tão baixa que o outro piloto pagante, Latifi, sai como vencedor.

iii) Max Verstappen: Difícil colocar Max aqui, mas são duas provas seguidas sem pódio – coisa que pesa no campeonato. Para seu azar, nenhuma culpa dele nisso. Na Inglaterra, o incidente com Lewis. Hoje, Valtteri Bottas totalmente sem cuidado na pista molhada e um boliche via Lando Norris. Uma pena que seu carro ficou danificado e tinha tanto papel alumínio no assoalho que a Red Bull parecia uma marmita. 

iv) Lando Norris: Outra vítima da imbecilidade de Bottas, sua sequência de cinco idas ao top 5 termina. Era a mais longa da F1. Lando segue em terceiro no campeonato, porém. A ineficiência absurda de Daniel Ricciardo ajuda que ele sequer esteja em posição de ser ameaçado como piloto 1 da McLaren, coisa que em tese deveria acontecer.

Absurdamente perdedores: 

Um puxadinho na coluna a dois pilotos que saem mais cabisbaixo do que nunca da Hungria. 

i) Daniel Ricciardo: O processo de se transformar em Jean Alesi segue a todo vapor. Depois de ter um início fantástico de carreira e sendo um dos pilotos mais amados do grid, Ricciardo é o oitavo do mundial e com muito custo. O quinto lugar em Silverstone se transformou numa via crucis em Hungaroring, com Max lhe ultrapassando mesmo com o carro cheio de silver tape. Toda hora uma desculpa diferente. Ah mas o freio ele não acostumou. Ah mas isso. Ah mas ele vai se acostumar com o carro. Já chegamos na metade do campeonato e compare com o desempenho de Alonso – ah, mas é o Alonso! Justamente. Ricciardo não é o que vocês acham. 

ii) Valtteri Bottas: Em meio a rumores de que George Russell está para ser anunciado na Mercedes, Bottas jogou pela janela o respiro que teve na metade do campeonato com os pódios nas duas provas da Áustria e em Silverstone. Totalmente imprudente. Largou de segunda marcha para não patinar, perdeu a freada no final da reta, travou o pneu e fez boliche. Antes que alguém fale "Ah mas ele ajudou Lewis", não é assim que Toto Wolff vai pensar. Imagine se essa imprudência tivesse tirado Hamilton da corrida. Não é o primeiro erro bizarro de Bottas neste ano e provavelmente não será o último – ao contrário de seus dias vestindo preto, que estão contados.

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