Ao longo da história humana as plantas psicoativas eram aplicadas de várias formas na sociedade sendo inseparáveis dos domínios da medicina, da religião e da magia. No Brasil, a experiência...
Ao longo da história humana as plantas psicoativas eram aplicadas de várias formas na sociedade sendo inseparáveis dos domínios da medicina, da religião e da magia. No Brasil, a experiência indígena com alucinógenos foi amplamente documentada pelos cronistas da América, fato que denuncia a antiguidade dessa prática na qual os fermentados alcoólicos constituíam elemento central. Entretanto, o termo pelo qual cronistas e viajantes se referiram a essas substâncias era embriaguez, não havendo, entre os séculos XVI ao XVIII, uma “consciência dos alucinógenos”. |
Nos anos de 1989, o trabalho sobre os direitos territoriais dos índios da Amazônia levou o antropólogo Jeremy Narby a visitar os Ashanincas, os Aguaruna, Shipibo, Shawi entre outros grupos. Segundo seu relato, durante essas viagens, perguntou a eles como aprenderam o vasto conhecimento que tinham acerca das plantas e todos eles lhe deram a mesma resposta: “o conhecimento a respeito das plantas vem dos ayahuasqueros e tabaqueiros, que ingerem suas misturas de plantas e falam em suas visões com as essências comuns a todas as formas de vida” |
No Brasil, algumas práticas religiosas se utilizam de plantas de poder. É o caso, por exemplo, das chamadas religiões ayahuasqueiras que têm no centro de seu ritual a ingestão da ayahuasca, a saber: o Santo Daime, a Barquinha e a União do Vegetal. No caso do Santo Daime, é possível afirmar que um dos fundamentos essenciais da doutrina é o “resgate crístico pela via enteógena” , isto é, a busca espiritual por meio da utilização das plantas sagradas, neste caso, pela ingestão do daime. É pela mediação da bebida que os adeptos dizem conectar-se com o divino, com a essência sagrada da vida e consigo mesmos, configurando o Santo Daime como uma entre as diversas experiências religiosas em que as plantas de poder exercem centralidade e importância para os adeptos. |