Bloquinho Ômicron
0
0

Bloquinho Ômicron

Sub-celebridades do Covid-19 já se preparam. Essa onda será a maior de todas! Elas dizem, tentando esticar ao máximo o inevitável. O anonimato.

Rafael Pestille
3 min
0
0

Sub-celebridades do Covid-19 já se preparam. Essa onda será a maior de todas! Elas dizem, tentando esticar ao máximo o inevitável. O anonimato.

Jornalistas tentam, a todo custo, tirar aquele último clique dos que ainda não saíram de casa.

Email image

Artistas lamentam que tudo o que foi produzido de pânico durante a pandemia, esteja registrado em algum celular por ai, pronto para ser usado neste carnaval em costuras de vídeos que em minutos alcançam milhões.

Temos que regular a internet! Grita alguém com a camiseta do Marighella.

Mas esses não serão submetidos a inquisição da internet, pois seu estoque de empatia e sinalização de virtude foram renovados nesses últimos 2 anos. Logo, não se terá nenhum problema em ser fotografado naquele bloquinho em Salvador.

Perda de patrocínio nem pensar. Pois são essas pessoas que ditam quando acaba e começa algo. Além do mais, essa 426ª (quadragésima vigésima sexta) picadinha, lhes irá imunizar com 98,78% de chance dos laboratórios aumentarem ainda mais os lucros.

Mas já temos movimentações de políticos para deixarem essa caneta nas mãos dos vices. 2022 é ano de eleição e possivelmente o truque “veja lá com a sua mãe”, será usado.

A responsabilização é algo a ser resgatado, se é que se pode fazê-lo. Colocar a caneta na mão das pessoas é perder espaço institucional e político.

Então, melhor não. Sigamos com o plano, reforçar autoridades institucionais e definhar nossos inimigos, ou seja, quem pensa diferente de “nós”.

Nós, que sabemos o que o todo quer. E o que não falta são os que querem lucrar, só que dessa vez com o carnaval.

Já o seu Zé que faz um dinheiro relevante com a venda de água nos blocos não pode, pois o passaporte é passar pelo que os burocratas querem e o que eles querem é mandar.

Mas voltemos a falar sobre responsabilização.

O medo é uma ferramenta eficaz quando o assunto é controle social e o ser humano convive bem com a decisão alheia de como conduzir a vida, assim seguimos podendo culpar alguém pela situação que estamos.

Não sou entusiasta do carnaval. Logo, ter ou ter carnaval não fará a menor diferença na minha vida. Isso também não significa que eu ache prudente que se faça aglomeração em meio a tanta incerteza mas o que não podemos ignorar são todo esse ecossistema de pessoas e empresas que já estão destroçadas pela pandemia e que, muitas vezes faturam nesse período o sustendo do resto do ano.

O ponto de inflexão continua e os problemas ainda são latentes. Responder a problemas complexos com soluções fáceis nunca resultam em coisa boa.

A ideia de que cada um faça as contas e veja o que compensa ou não arriscar segue distante do dia-dia das pessoas comuns, e não há nada mais fascinante do que um homem comum com uma família comum, tomando decisões que sejam melhores para a sua família comum.

Bom carnaval!