Empreededorismo Rivotril
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Empreededorismo Rivotril

       Comecei uma discussão lá no insta sobre problemas na tomada de decisão. E logo choveram comentários de problemas relacionados com decisões que vão além da vida profissional. O controle passou a ser a variável mais perseguida dessa jorn...

Rafael Pestille
3 min
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       Comecei uma discussão lá no insta sobre problemas na tomada de decisão. Logo choveram comentários de problemas relacionados com decisões que vão além da vida profissional. O controle passou a ser a variável mais perseguida dessa jornada, com ela a ansiedade passou a imperar a geração internet.

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       Quando a publicidade dos feeds esfrega o trecho editado de uma vida de superação, recheado de palavras que viraram quase um mantra.

Disrupção, superação e gratidão.

Disrupção para mim é a melhor. Como se ela por natureza semântica fosse algo bom, não, não é. Ela tem muito mais a ver com o processo violento de rompimento do que algo bom. A não ser que você esteja do lado certo na apresentação do revolucionário celular que tira foto e que descarta a necessidade de se comprar câmeras digitais.

       Gratidão em tão nem se fala, põe “breguice” nisso. Com isso não estou desmerecendo o cultivo do agradecimento como parte essencial da vida. O incomodo é mais relacionado ao fato de eu a tê-la mais como comportamento do que agradecimento após comprar pão e 200 gramas de mortadela na padaria perto de casa.

       Toda decisão carrega com sigo a abdicação. Parafraseando uma amiga “Tudo não terás”. Ainda que seu feed diga o contrário. Para a maioria de nós, meros pagadores de boleto, custa muitas vezes o plano de saúde que não conseguimos pagar ou até mesmo o casamento que na maioria dos casos não aguenta uma demissão.

       Mas vamos lá, sejamos empreendedores da nossa própria vida, se fulano conseguiu, eu também posso. Tenho algo a te contar, não, nem todo mundo pode. Por diversas coisas, mas a principal delas é a realidade. A alienação tem levado ao consumo recorde em remédios contra depressão e a favor de desempenho. Nesse caso não se aplica a gratidão pelo que Deus lhes deu, suas habilidades têm que ser levadas além das que naturalmente temos. Jornada, tempo para que aconteça, construção de médio e longo prazo não vendem nem conquistam investidores. Então aquela semana medicado vira 1 mês, o mês vira aquele semestre e quando nos damos conta, já se foi uma vida de dependência.

       O saudoso Nelson Rodrigues certa vez em uma entrevista foi perguntado sobre o conselho ele deixaria para os jovens, o conselho foi “Jovens envelheçam!”.

Envelhecer exige coragem, pois com idade a ideia de sucesso e responsabilidade torna-se mais robusta e menos pretenciosa. Para quem a tem, sobra menos tempo para idealizações, presunções e delírios, restam fraudas para trocar e necessidade de sono cada vez maior.

Autoconhecimento é para corajosos.

Respeito ao corpo e momento de vida é para corajosos.

Ser ultrapassado pelo menino prodígio de 16 anos que já fez o primeiro milhão é para corajosos.

Sair da casa dos pais antes dos 25 é para corajosos.

Não tomar Rivotril e Venvance é para corajosos.