Solução certa, feita de maneira errada. Foi assim Brasil e Argentina!

Primordialmente, temos que excluir a questão da rivalidade entre Brasil e Argentina. O cenário de hoje não é esse, e sim o circo que é o futebol sul-americano, tanto nas questões que envolvem seus clubes, como suas seleções. E o pior, o quão frágil é o nosso país no que diz respeito a fiscalizações em nossas fronteiras.

Hoje, a partida entre os dois países foi interrompida na metade do primeiro tempo, por agentes da Anvisa que detectaram que quatro jogadores argentinos, preencheram formulários com informações erradas, e que por conta disso não poderiam estar em campo, por conta da falta de comprimento do protocolo sanitário, que diz que estrangeiros que vem da Inglaterra, e de outros países, tem que cumprir uma quarentena de 14 dias.

Vamos lá. 

De acordo com o jornalista Marcel Rizzo do portal UOL, existe um acordo assinado desde o ano de 2020 entre a Conmebol e os governos dos dez países filiados, a respeito de uma flexibilização sanitária, que permite a entrada total das delegações nos países para jogos. Um exemplo disso foi que a delegação brasileira foi liberada para o jogo contra o Chile na última quinta-feira, e não precisou ficar os sete dias de quarentena, como é exigido em território chileno.

Em termos futebolísticos, isso viabiliza o jogo. Porém, esse acordo não tem aval da Anvisa, o que aí impediria a partida. Portanto, existe um grande impasse burocrático criado. E qual seria o resultado disso?

É nesse ponto que o espetáculo de hoje se torna uma vergonha mundial, tanto para o futebol sulamericano, quanto para o Brasil em específico.

Nos bastidores do campo, mostra que a Conmebol é uma bagunça total, com protocolos próprios, que desafiam as autoridades dos países, que se mostram omissas e subservientes por conta de ser uma partida de futebol, que parece aos olhos de todos ser a coisa mais importante do mundo, e que não pode ter nenhuma sanção que impeça ou regularize uma partida. 

Podemos ver o circo de horrores na Libertadores, onde algumas partidas tem torcidas e outras não, proporcionando isonomia zero a uma competição.

Outro cenário diz respeito à Anvisa e sua ação. A paralisação da partida é correta aos olhos da lei na análise fria dos fatos. O grande questionamento é sobre como foi realizada a ação. De uma maneira oportuna, para demonstrar uma certa autoridade, que existe, mas que pode ser aplicada de outra maneira. O exemplo vai estar abaixo.

Os argentinos chegaram ao Brasil na sexta-feira, dia 03/09, tempo suficiente para que a Anvisa e seus agentes notificasse a delegação argentina para que os quatro jogadores, Giovani Lo Celso, Emiliano Martínez, Emiliano Buendia e Christian Romero fossem retirados da equipe e mandados de volta a Inglaterra ou ao próprio país. 

Contudo, para se ter uma idéia da várzea montada, agentes da Polícia Federal foram ao hotel da Seleção Argentina notificarem a delegação, mas não puderam fazer o trabalho pois faltou o documento da Anvisa, que só veio hoje, dia da partida.

Portanto, já existia o conhecimento dos jogadores, mas que oportunamente, só foi aplicada quando a partida já estava rolando. E nesse caso, não existe nenhuma alegação que possa ser explicada para que esse procedimento não tenha sido feito antes, pois era sabido o hotel que estavam os jogadores, ontem teve treino na Arena do Corinthians, e hoje teve saída do local de hospedagem e chegada ao estádio. Teve tempo e muito para que a deportação aconteça.

Também podemos questionar a lei que é muito frágil na sua concepção, pois ela permite que um brasileiro venha de Inglaterra e ande livremente do país, e a mesma lei diz que um estrangeiro que venha do mesmo país inglês, terá que se manter em quarentena de 14 dias. Agora, para a Anvisa e a lei brasileira, o vírus só ataca estrangeiros e deixa os nativos do Brasil imunes?

Não tem o menor cabimento isso.

Portanto, tudo que aconteceu, desde a declaração irregular dos quatro jogadores argentinos nos formulários, da atuação da Conmebol; da CBF que tentou negociar para que Anvisa esperasse o intervalo para que os três jogadores fossem substituídos; da AFA por permitir a falsa declaração; da Anvisa que cumpriu a lei, mas o fez de maneira errada e atabalhoada, transformou o jogo em uma vergonha Mundial, que o único que vai ser afetado de maneira negativa é o Brasil.

Chegou a hora de rever tudo no futebol sul-americano, absolutamente tudo. Do jeito que está não pode ficar.