A imaginação bem formada: a base da meditação
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A imaginação bem formada: a base da meditação

Na nossa última reflexão a respeito da oração, trouxe para vocês a chave que abre para todos nós o caminho de progressão na vida espiritual: a oração mental.

Dra. Bianca Urbano
4 min
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Na nossa última reflexão a respeito da oração, trouxe para vocês a chave que abre para todos nós o caminho de progressão na vida espiritual: a oração mental.

 Apesar de ter recomendado no último exercício que você se colocasse diante de um crucifixo para fazê-la, não espero que isso tenha sido fácil, pois é necessário que o nosso mundo interior esteja permeado de imagens, figuras, que nos ajudem a realizá-la.

Infelizmente, muitas pessoas têm dificuldade de meditar porque seu mundo interior é muito pobre, tanto de imagens como de conteúdo religioso, e não é à toa. O nosso século é tido como o século da comunicação, da informação; entretanto, isso é algo bem diferente de formação.

 Quase toda a gama de imagens, conteúdos e entretenimento que temos hoje, independente do canal de comunicação, tem a finalidade de deformar (mudar ou desfazer-se da forma ou do aspecto original). Se somos criados por Deus e para Deus, a nossa forma correta e definitiva deve estar alinhada com este fim, mas a cultura atual não é capaz de nos proporcionar isso.

Por isso, é necessário que passemos a enriquecer o nosso imaginário com coisas que vão nos ajudar ainda mais na oração. A melhor forma de buscar isso é através de leituras espirituais, seja com a vida dos santos, escritos dos santos e doutores (como o Livro da Vida de Santa Teresa de Jesus ou A Imitação de Cristo de Tomás de Kempis) e até o próprio Evangelho. Isso vai ajudar você a adquirir uma linguagem espiritual necessária para colaborar na sua meditação.

 A meditação, antes de ser um método de oração, é uma operação própria da inteligência humana, que não conhece a essência das coisas por intuição direta, mas por meio de raciocínios.

Só vamos saber raciocinar bem quando sabemos sobre o que estamos raciocinando, e só uma imaginação vasta nos permitirá um raciocínio adequado. Para isso, servem as leituras espirituais.

Imaginar as cenas das narrativas que se encontram nos livros ainda não é rezar, mas um meio de enriquecer o imaginário, de modo que, durante a meditação, você poderá usar todas essas cenas que leu ao seu favor.

A vida dos santos proporciona à imaginação um material consistente, pois elas são a expressão encarnada da teologia, da vida do próprio Cristo e da operação da Graça de Deus na vida dos homens.

Quanto mais você adquire cultura espiritual, mais fácil ficará para viver de acordo com o Evangelho dentro da sua realidade, amando ao Nosso Senhor, renunciando a si mesmo e a tudo aquilo que nos afasta d’Ele.

 O enriquecimento do imaginário é uma importante preparação para a meditação, pois, geralmente, a dificuldade de meditar ocorre por problemas anteriores à própria meditação, como se a alma padecesse de certo “analfabetismo funcional”, por não conseguir compreender simples textos e até mesmo as próprias emoções geradas no meio da oração ou da leitura.

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A causa disso, normalmente, é a falta de costume de buscar no mundo real aquilo que se lê. Quem não procura fazer isso acaba levando a fé como, no fim das contas, apenas um conjunto de palavras vazias.

No início, estes métodos parecem um pouco complicados mesmo. Por isso, é melhor que você saiba como utilizar a leitura meditada a seu favor. Procure fazer essas três breves considerações ao ler a vida de um santo, um livro meditativo ou as Sagradas Escrituras:

 

1.º Estou bem convencido de que o que estou lendo ou li é útil e necessário para o bem de minha alma? Como posso fortalecer essa convicção?

2.º Até o presente momento, tenho me exercitado nesse ponto tão importante que esse trecho/capítulo me apresentou?

3º O que preciso fazer hoje para melhorar?

 

O importante, a partir dessas leituras, é encontrar estímulos que despertem em você o afeto da devoção e enriqueçam o mundo interior, de sorte que a meditação se torne não só fácil, mas acima de tudo frutuosa para o entendimento da sua fé e de propósitos para mudar de vida.

E após a meditação, sempre devemos seguir para a conversa com Deus, que será de fato a oração.

 

Abraços,

Dra. Bianca Urbano.