A maternidade é misericórdia

“Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas?”, questiona o profeta (cf. Isaías 49,15). Esse questionamento se dá porque é da característica da maternidade a constante lembrança dos seus filhos. Mas não se trata de uma lembrança qualquer, e sim de uma lembrança misericordiosa.

Nesta última reflexão sobre os atributos da maternidade, quero levar você, querido leitor, a enxergar e reconhecer aquilo que é mais próprio da maternidade: a misericórdia.

A palavra misericórdia tem origem latina, sendo formada pela junção de miserere (ter compaixão) e cordis (coração). "Ter compaixão do coração" significa ter capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente, aproximar seus sentimentos dos sentimentos de alguém.

Como mãe, é próprio esquecer dos próprios sentimentos para lembrar e dar lugar aos sentimentos do filho, sejam eles a dor, a preocupação, as tristezas ou os males daquele que ela mesma gerou, para acolhê-lo da forma mais bondosa possível.

Essa misericórdia se revela não apenas quando o filho se sente mal por aquilo que fez ou por aquilo que aconteceu com ele, mas ela transcende isso, sendo capaz de enxergar aquilo que há de errado em sua vida e não percebe.

Só um olhar misericordioso é capaz de enxergar aquilo que o outro não vê e livrá-lo do engano em que ele se encontra, até mesmo por meio de correções mais firmes, sem perder jamais o amor que se sente.

A misericórdia é uma característica divina que se manifesta especialmente de forma clara nos gestos maternais.

E não há exemplo maior que manifeste isso dentro da maternidade do que a Virgem Maria, mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela é o símbolo perfeito que nos ensina sobre o poder da misericórdia.

As Sagradas Escrituras falam sobre a misericórdia de Deus o tempo todo, como sendo tão grande quanto as alturas dos céus e toda a sua criação. É um amor que transcende tudo o que podemos imaginar, capaz de perdoar tudo, com a condição de que haja arrependimento daquele que suplica o perdão.

É esse amor que a Virgem Maria demonstrou em sua vida terrena e ainda demonstra na glória dos Céus. Ela acolheu a todos, seja o seu Divino Filho, os discípulos dele e até mesmo os seus algozes, e continua acolhendo toda a humanidade, incluindo eu e você, com um coração misericordioso, pois Deus a fez mãe de toda a humanidade no momento do calvário.

Assim como uma mãe cuida de seus filhos, independentemente do erro que eles cometam, a Virgem Maria cuida de todos nós. Ela é uma luz no meio da escuridão dos nossos pecados, um guia para nós que estamos perdidos na ignorância dos nossos erros e um conforto para nós quando mais precisamos ser confortados.Ela não olhou e nem olha nossos defeitos de forma isolada, mas enxerga claramente nossa capacidade em Deus de melhorarmos e sermos bons para amar, adorar, servir e reverenciar a Deus, fazendo tudo isso através dos nossos, a começar por nossas famílias.

Sei que às vezes é difícil e cansativo viver tudo aquilo que compõe a realidade de ser mãe, mas tenho a plena certeza de que nunca nos faltarão forças para viver essa misericórdia com nossos filhos, e a exemplo da Virgem Maria, transferi-la para todos aqueles que se encontram ao nosso redor.

Devemos seguir o exemplo da Mãe de Deus em nossas casas e em nossas vidas. Que por Sua Santa intercessão, sejamos mães fortes, pacientes, doces, esperançosas, tendo sempre um olhar misericordioso para quem mais precisa de nós, começando pelos frutos dos nossos ventres.

Abraços,

Dra. Bianca Urbano.

P.S. Agora que acabamos o mês das mães iremos começar um novo ciclo, com outra temática que tenho certeza que todos vão adorar. E digo mais, que todos nós precisamos nos atentar diariamente em nossa vida interior, independentemente de qual religião praticamos.

Se você tem alguma ideia sobre qual é esse tema, me responda esse e-mail com a sua opinião, vamos ver se você acerta!