Até agora já falamos sobre perdão, ansiedade e alegria. E agora, perto do Natal, eu gostaria de retornar ao tema do perdão.
Nas festas de final de ano, muitas famílias se reunirão para conviver e celebrar. Mas muitas outras não se reunirão por conta das brigas que aconteceram ao longo do ano. Ou então que já se arrastam há muito tempo. | ||
Até agora já falamos sobre perdão, ansiedade e alegria. E agora, lembrando disso, eu gostaria de falar sobre harmonia familiar e ainda mais sobre o perdão. | ||
E essas brigas serão sentidas por nossas crianças, de modo mais acentuado aquelas brigas com os avós. | ||
Como comentei no primeiro texto no início do mês, tenho atendido muitas pessoas que trazem doenças “sem explicação” e aparentemente sem causa; pessoas que levam uma vida aparentemente saudável, com uma alimentação limpa, rotina de exercício físico, vida de oração, porém me trazem queixas de doenças que não encontram causa. | ||
Não raro, vou conversando com estas pessoas e encontramos, juntos, uma relação com o momento em que a doença começou a surgir com alguma briga ou ressentimento dentro de um relacionamento familiar. | ||
Na medicina chinesa nós presamos muito pelas relações familiares e observamos muitas consequências ruins com a ruptura dessas relações, principalmente na relação avô-pai-neto. | ||
Quantas lembranças não conservamos com a casa de nossos avós, com seus jeitos afetuosos de tratar os netos e trazer alegria? | ||
A ausência dessas marcas positivas, e das referências com nossas raízes, geram vícios e traumas que passamos para as próximos gerações. E muitas dessas faltas de referências se dão por conta das brigas, que são opções que tomamos ao longo do tempo. | ||
E a verdade é que muitas dessas brigas não fazem o menor sentido e nem valem a pena. São apenas consequências de nossa falta de virtudes. | ||
Uma reflexão que eu gostaria que vocês tivessem é a seguinte: vale a pena engolir o orgulho e aceitar as imperfeições de nossos pais, para que nossos filhos possam conviver com seus avós. Aceitar abrir mão momentaneamente de bons hábitos e rotinas em vista de permitir uma boa relação. | ||
Trata-se de hierarquizar mesmo as coisas. | ||
Por exemplo, algo que eu mesma tive que escolher em minha vida: vale a pena mesmo brigar com seu pai por conta dos doces que ele dá ao seu filho? | ||
Meu pai adora dar doces para minha filha mais velha. Para ele isso faz até parte do papel que ele desempenha como avô. Mas esses docinhos impactam o humor dela de forma desastrosa, e depois eu tenho que lidar com a “fera”. | ||
E isso é algo que eu absolutamente desaprovava, e fui muito tentada a brigar feio com ele por isso, ou então me afastar por algum tempo. | ||
No entanto, eu prefiro lidar eventualmente com essa fera, a ter ela distante do meu pai. Continua sendo uma prática que não gosto, minha filha continua não comendo doces de forma rotineira, porém, pela nossa relação avô-filha-neta, é muito melhor que eu feche os olhos para isso de vez em quando, do que acabe rompendo algo tão importante. | ||
Ele não está lá diariamente fazendo isso com ela, e nem se trata de um grande mal. Então trata-se de algo que suportarei, deixando de lado a raiva que sentia, tendo esperança de que em algum dia eu consiga calmamente mudar essa mentalidade dele. | ||
Se eu tivesse caído na tentação de brigar por algo pequeno, eu teria tido um amargo arrependimento. Pouco tempo depois desse período o meu pai ficou muito doente, e poderia ter morrido. | ||
Meu pai morreria, sem eu e nem minha filha estarmos tendo contato com ele, porque eu não queria aturar os docinhos. | ||
Graças a Deus ele está bem agora, e durante esse período eu tinha a consciência limpa de ter feito a melhor decisão. A paz de ver a felicidade de minha filha com ele e saber que ela terá ótimas lembranças sobre isso. | ||
A paciência e o perdão me trouxeram essa paz. | ||
Agora, se eu viesse a romper essa relação os impactos em minha filha seriam mais do que emocionais. Quantas vezes não lidamos com crianças que ficam doentes por estar com saudades de alguém ou por ter passado por alguma situação traumática? | ||
Os docinhos eram algo que não estava alinhado com meu caminho de saúde, e me trariam coisas negativas. Mas o amor do avô, junto com sua carga positiva de afeto e carinho, traz muito mais que isso. | ||
Vamos aproveitar essa reta final até o Natal para fazer as pazes com nossas famílias, deixando o nosso coração preparado para a chegada do Amor que se encarnou em nosso meio. | ||
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