O Dia Em Que Eu Li “Trabalhe 4 Horas Por Semana”
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O Dia Em Que Eu Li “Trabalhe 4 Horas Por Semana”

O ano era 2017 e eu estava nas férias que antecederiam o meu último ano no ensino médio. Estava em uma livraria tentando encontrar livros interessantes para alimentar o meu nascente gosto por leitura. Dois livros chamaram a minha atenção: O P...

Duck
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O ano era 2017 e eu estava nas férias que antecederiam o meu último ano no ensino médio. Estava em uma livraria tentando encontrar livros interessantes para alimentar o meu nascente gosto por leitura. Dois livros chamaram a minha atenção: O Poder do Habito, de Charles Duhigg, e Trabalhe 4 Horas Por Semana, do Tim Ferriss. Sentei em um sofá e comecei a ler a introdução deste último.

Na medida em que eu ia lendo, eu ficava cada vez mais animado, parecia que eu tinha descoberto algo que ninguém conhecia e muitas possibilidades iam se abrindo na minha mente. Comprei o livro e fui pra casa ler.

Tim Ferriss falava de algumas coisas que eu nunca tinha ouvido antes. Valorizar o tempo como sendo o recurso mais precioso, economizar tempo para dedicá-lo para o que realmente importa, terceirizar tarefas, aproveitar a vida agora ao invés de esperar até a aposentadoria... Essas ideias me conquistaram e eu quis viver o que ele ensinava.

No livro ele falava sobre criar um negócio digital, terceirizar os seus processos, gerenciá-lo com poucas horas por semana e se dedicar ao que você realmente gosta usando os rendimentos dele e o tempo livre que você teria.

Posso estar esquecendo algum detalhe, pois não reli o livro desde então, mas o primeiro passo era escolher um nicho. O segundo era aprender sobre esse nicho (lendo os principais livros do tema). O terceiro era adquirir notoriedade (dando palestras, criando uma história convincente, etc.). O quarto era criar um produto que resolvesse algum problema desse nicho (e-book de preferência, mas poderia ser físico também). E o último era terceirizar as tarefas quando você já tivesse fluxo de vendas.

Naquela época o Instagram e o Youtube não eram lotados de anúncios de pessoas vendendo cursos e e-books pedindo par você arrastar pra cima. Então esse oceano de infoprodutos ainda era bem azul aqui no Brasil.

Lá fui eu colocar a estratégia do livro em prática.  Eu fazia terapia na época e a minha psicóloga tinha me emprestado um livro que era um programa de exercícios físicos do governo canadense. Na Primeira Guerra Mundial, o governo do Canadá precisava manter a população fisicamente em forma, então o exército desenvolveu uma metodologia de exercícios a serem feitos em casa, todos os dias, dez minutos por dia, e distribuiu para os cidadãos. O livro era bem antigo e continha esse treinamento. Tive a ideia do produto.

Criei o Malhe 10 Minutos Por Dia, cujo produto seria um e-book com exercícios para aqueles que quisessem entrar em forma, mas não estivessem dispostos a frequentar academias ou gastar muito tempo. Fiz um site no WordPress (revisitei ele hoje por curiosidade e a copy que eu escrevi era surpreendentemente boa, mas tinham erros de português e o design era péssimo). Também criei uma página no Facebook. Rodei alguns anúncios para ganhar seguidores e coletar emails das pessoas para quando o e-book estivesse pronto.

Fiquei enrolando para fazer o e-book, pois tinha dúvidas acerca de direitos autorais e sobre como eu iria desenhar as demonstrações dos exercícios. Problemas muito bobos e fácies de serem resolvidos, mas eu não tinha muito conhecimento e não estava tão dedicado a fazer isto funcionar. As minhas aulas voltaram, eu passei a estar mais ocupado e, aos poucos, deixei esse negócio de lado.

Olhando para trás, percebo que o produto tinha potencial e o timing era bom, porém eu ainda não era capaz de transformar essa ideia em realidade. Se eu tivesse insistido mais, poderia dar bastante certo.

Sobre a estratégia de Tim Ferris, hoje eu vejo dois problemas principais nela. Criar um negócio sem se envolver com ele, gostar do problema que você resolve e amar o seu produto torna a atividade de empreender muito mais provável de falhar (já falei disso com mais profundidade no texto "às vezes, uma pausa é necessária"). E o outro problema é que é muito mais difícil terceirizar tarefas aqui no Brasil, nossa moeda é fraca e não temos um equivalente à mão de obra indiana barata que Ferriss utiliza.

De qualquer forma, essa foi a história de hoje sobre uma experiência curta e interessante que eu tive e espero que tenha gostado. Te vejo semana que vem!