A trajetória da velhice
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A trajetória da velhice

Certo dia estava andando pela rua quando avistei uma criança de mãos dadas com seu pai. Os braços gordinhos, a falta de equilíbrio e as pequenas mãos apertando a do pai indicavam a típica falta de segurança  dos primeiros passos. Mas notei al...

Vinícius Lacerda
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Certo dia estava andando pela rua quando avistei uma criança de mãos dadas com seu pai. Os braços gordinhos, a falta de equilíbrio e as pequenas mãos apertando a do pai indicavam a típica falta de segurança  dos primeiros passos. Mas notei algo aparentemente óbvio: a criança caminhava, com toda certeza, sem estar preocupada onde estava indo, apenas ia.

Eu acredito que o processo de envelhecimento esteja ligado, essencialmente, ao desaparecimento paulatino da condição nômade do ser humano. O caminhar, antes carregado de liberdade e despreocupação, torna-se pesado com o decorrer dos anos e, principalmente, sempre ligado a um destino final pré-estabelecido. Qual foi a última vez que você fez algo sem pensar no resultado?

Considerando esse contexto, me parece seguro pensar que sentimos a velhice porque aprisionamos nossos passos a uma trajetória pré-definida (e, claro, porque, nossos joelhos e colunas começam a doer sem explicação alguma).

O paradoxo dessa reflexão é que, em determinado momento do processo de envelhecimento, toda essa necessidade de ir em função do fim, começa a desaparecer. Todos os traumas, necessidades urgentes e obstáculos da trajetória tornam-se amenos. Ou melhor, assumem o real importância na trajetória: o de passageiros.