Em razão da amplidão de interesses muito diversos e da falta de foco, dedico este humilde canal à variedade cada vez mais vasta de atividades e interesses humanos.
Em razão da amplidão de interesses muito diversos e da falta de foco, dedico este humilde canal à variedade cada vez mais vasta de atividades e interesses humanos. |
Começo por um tema polêmico: Política. Mas não essa política de massas, da imprensa bombardeira, da fofoca viral, do post de tia do zap. Talvez seja uma visão um pouco mais afastada desse imenso lamaçal em que nos encontramos, mas sem perdê-lo de vista e sem ignorá-lo. |
Começo pelos princípios que me norteiam nesse cenário caótico. Sendo o principal deles o individualismo. Creio que o indivíduo é o principal ente político, sua singularidade é evidente mesmo no caso de genéticas idênticas, em que gêmeos univitelinos demonstram personalidades e gostos diferentes. Cada pessoa é uma única pessoa, distinta de qualquer outra que há, que houve e que haverá. Todos devem ser iguais perante a lei. E para que o indivíduo floresça é preciso outro componente importantíssimo, liberdade. |
A força executora das instituições que regem a sociedade podem atuar tanto no sentido de fortalecer e preservar essa liberdade, quanto no sentido de cerceá-la e destruí-la. E eu penso similarmente à Thoreau: |
"Penso que devemos ser primeiro homens, e só depois súditos. Não é desejável cultivar tanto respeito pela lei quanto pelo que é direito. A única obrigação que tenho o direito de assumir é a de fazer em qualquer tempo o que julgo ser correto." Henry David Thoreau |
Embora soe muito anarquista, ele defendia que era melhor agir conforme a sua própria consciência do que seguir cegamente e obedientemente uma lei que fere a moral. E uma lei que feria a moral na época de Thoreau foi a escravidão. Ele era um abolucionista convicto e agia contra essa instituição que produziu tanto mal na humanidade. Foi uma grande influência para Ghandi. |
Assim dito, que fique bem claro, defendo a democracia liberal. Como bem definiu Gasset em seu Rebelião das Massas: |
"A forma que na política representou a mais alta vontade de convivência é a democracia liberal. Ela leva a resolução de contar com o próximo ao extremo e é o protótipo da "ação indireta". O liberalismo é o princípio de direito político segundo o qual o poder público, mesmo sendo onipotente, limita-se a si mesmo e procura, ainda à custa de si mesmo, deixar espaço no Estado em que impera para que possam viver os que nem pensam nem sentem como ele, ou seja, que vivam como os mais fortes, como a maioria. O liberalismo - convém recordar isso hoje - é a generosidade suprema: é o direito que a maioria outorga à minoria e é, portanto, o grito mais nobre que já soou no planeta. Proclama a decisão de conviver com o inimigo: mais ainda, com um inimigo débil. Era inverossímil que a espécie humana chegasse a uma coisa tão bonita, tão paradoxal, tão elegante, tão acrobática, tão antinatural. Por isso, não deve surpreender que essa mesma espécie pareça prontamente decidida a abandoná-la. É um exercício demasiado difícil e complicado para que se consolide na Terra." José Ortega y Gasset |
E como disse Stuart Mill, muito antes de Gasset, a pouca liberdade conquistada está muito ameaçada. No século passado pela ascensão dos regimes totalitários e ditaduras pelo mundo, no atual pela ascensão do novo moralismo comportamental, dos coletivismos tribalistas, que enxergam antes de tudo o grupo aparente a qual um indivíduo supostamente deve pertencer em detrimento do indivíduo em si. |
"À parte as doutrinas particulares de pensadores individuais, existe no mundo uma forte e crescente inclinação a estender o poder da sociedade sobre o indivíduo de forma extrema, tanto por meio da força da opinião como pela legislativa. Pois bem, como todas as mudanças que ocorrem no mundo têm por efeito o aumento da força social e a diminuição do poder individual, este transbordamento não é um mal que tenda a desaparecer espontaneamente, senão, ao contrário, tende a fazer-se cada vez mais formidável. A disposição dos homens, seja como soberanos, seja como concidadãos, de impor sua opinião e seus gostos como regra de conduta aos demais, se encontra tão energicamente sustentada por alguns dos melhores e alguns dos piores sentimentos inerentes à natureza humana, que quase nunca se detém, a não ser quando lhe falta poder. E como o poder não parece estar em vias de declinar, e sim de crescer, afirmo que devemos esperar, nas presentes condições do mundo, que esta disposição não faça senão aumentar, a menos que uma forte barreira de convicção moral se levante contra o mal" |
Citação de Stuart Mill, transcrita e citada por Ortega y Gasset em seu livro: A rebelião das massas. |
Fincadas essas bandeiras, os leitores já sabem qual a senda política deste que aqui escreve. |
Referências |