Jovem Pan e a (falta de) liberdade de imprensa.
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Jovem Pan e a (falta de) liberdade de imprensa.

Érico Ribeiro
3 min
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A mesma câmera usada para trabalho agora serve para vigiar.
A mesma câmera usada para trabalho agora serve para vigiar.

A Jovem Pan tinha tudo pra ser a voz da direita na imprensa tradicional brasileira. E até chegou a ser, por um tempo, mas depois preferiu seguir uma linha de pluralidade, o que por si só já a diferencia das outras emissoras, onde, geralmente apenas um lado da informação é mostrado. Não à toa, a emissora é uma das líderes de audiência entre os canais de notícia fechados.

Mas, como diz o ditado, prego que se destaca leva martelada. Desde o ano passado a empresa vem sofrendo perseguições de políticos e membros do poder judiciário e do ministério público por conta das opiniões emitidas por seus comentaristas, mesmo tendo trocado boa parte dessa equipe de comentaristas para seguir uma linha um pouco mais moderada e menos incômoda ao regime do Foro de São Paulo, e isso é uma lição que Tutinha e sua equipe precisam assimilar: nunca se cede a comunistas. Se você der um dedo, eles vão querer a mão, depois o braço e quando você perceber, já deu o corpo inteiro.

No mundo todo, medidas sobre regulação da mídia e restrições a veículos de imprensa vêm sendo discutidas. No último dia 22, o Canadá aprovou uma lei que obriga as Big Techs a pagar uma quantia em dinheiro às emissoras para exibir suas notícias. Como resultado, empresas como o Google e o Facebook proibiram a exibição de notícias em suas plataformas. Algo semelhante quase foi aprovado no Brasil dentro do PL2630, o famoso "Projeto de Lei das Fake News", que muito graças à própria Jovem Pan e outros veículos de imprensa com alguma vergonha na cara, e às Big Techs supracitadas, foi tirado de pauta.

Censurar não é a solução certa. Quando Dom Pedro II disse que combateria a imprensa com mais imprensa ele basicamente quis dizer o seguinte: se a imprensa existente não é boa, que se crie uma que seja. Isso é algo que qualquer jornalista que se preze, mesmo os de caráter mais duvidoso, sabe, e que já vem sendo feito no Brasil, embora calar os adversários pareça a solução mais fácil para quem controla as esferas do poder. Vide o que aconteceu com a CNN na Nicarágua.

O Brasil tem sido um país onde até mesmo a própria imprensa é contra a liberdade de imprensa. Entretanto, parece que alguns veículos, mesmo entre aqueles que no começo apoiaram a perseguição a colegas, ou se omitiram diante dela, agora começam a cair na real. O último editorial do Estadão está aí para confirmar isso. Então ainda há esperança. Tomara que a Jovem Pan não acabe como o Terça Livre.