O tribunal dos hipócritas
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O tribunal dos hipócritas

Antes de tudo, quero deixar bem claro meu TOTAL repúdio a qualquer tipo de ideologia totalitária, seja nazismo, comunismo, facismo ou qualquer outra. Na minha opinião, quem defende e/ou pratica esse tipo de coisa merece levar uma surra de gat...

Érico Ribeiro
5 min
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Canceladores: apontam o dedo para todos, menos para si próprios.<br>
Canceladores: apontam o dedo para todos, menos para si próprios.

Antes de tudo, quero deixar bem claro meu TOTAL repúdio a qualquer tipo de ideologia totalitária, seja nazismo, comunismo, facismo ou qualquer outra. Na minha opinião, quem defende e/ou pratica esse tipo de coisa merece levar uma surra de gato morto até o gato miar.

Dito isso, vamos ao assunto da semana: o cancelamento do apresentador Monark e do comentarista Adrilles Jorge por suposta apologia ao nazismo.

O falecido poeta das ruas já dizia: molduras boas não salvam quadros ruins. O que houve com o Monark é o claro exemplo de que não adianta ter boas opiniões se você não tem bons argumentos para defendê-las. Recentemente, Monark já havia se envolvido em polêmicas por causa de suas opiniões (a meu ver, corretas) a respeito da liberdade de expressão no Twitter. Mas daí a defender, em um debate com os deputados federais Kim Kataguiri e Tábata Amaral (só podia dar merda), a existência de um partido nazista no Brasil, a coisa já muda de figura. Porque o nazismo, assim como o comunismo e o fascismo, enquanto restritos apenas ao campo das ideias, são condenáveis, mas não representam perigo. A partir do momento em que você passa a ter um partido, você já passa a ter um meio de ação para praticar aquela ideia nefasta. Aí, a coisa já não entra mais na liberdade de expressão, já passa a ser liberdade para praticar o mal em nome de uma ideia. Foi tudo por causa de uma comparação infeliz. Mas talvez, num ponto, Monark tenha certa razão: num país onde existem vários partidos de vertente comunista, qual seria o problema de haver um partido nazista? Para quem já está com as calças sujas, uma flatulência a mais ou a menos não faz diferença.

Monark apenas foi vítima de sua própria burrice causada pela falta de leitura e consumo de drogas. Mas poucas pessoas se atentaram para o fato de que, no mesmo debate, o deputado Kim Kataguiri disse não concordar com a criminalização do nazismo pela Alemanha. As duas falas são igualmente graves, mas Kim pelo menos está protegido pela prerrogativa de foro para dizer tal absurdo. Mas Monark não é político, e a sua fala causou o fim do maior podcast do Brasil.

Mas uma coisa é você dizer uma besteira, criminosa ou não, e arcar com as consequências disso. Outra é você ser condenado sem ter feito absolutamente nada. Foi o que aconteceu com o escritor e comentarista Adrilles Jorge, que foi demitido da Jovem Pan por, supostamente, ter feito um gesto nazista durante um programa. Quem acompanha Adrilles sabe que ele tem o costume de se despedir daquela maneira, mas ainda assim, criaram um espantalho para enquadrá-lo e causar seu cancelamento, quando sabemos que, na verdade, o cancelamento dele deve-se ao fato de ele ter opiniões mais a direita, politicamente falando. O máximo que pode ser dito sobre aquele gesto, sendo muito rigoroso, é que pode ter sido uma brincadeira fora de hora. Mas ainda assim, a demissão é absurda. Ainda mais porque demonstra que a emissora, até então tida como a mais imparcial do país, vem tomando um caminho perigoso, já que recentemente também demitiu Bruna Torlay, outra comentarista ligada à direita, devido, segundo boatos, à mesma ter acusado servidores da Receita Federal de corrupção. A emissora pode até ter compensado essa demissão, de certa forma, ao contratar a advogada Fabiana Barroso, mas não é a primeira vez que a empresa cede ao chilique virtual. Rodrigo Constantino que o diga.

Porém, o mais absurdo de tudo é a hipocrisia dos que condenam Monark e Adrilles sem um julgamento justo. Os que os acusam de nazistas por causa de um gesto ou uma fala são os mesmos que defendem a segregação de pessoas não vacinadas, que era uma prática nazista. São os mesmos que odeiam Hitler e Mussolini, com razão, mas exaltam Stalin, Che Guevara e Fidel Castro, todos eles genocidas. O comunismo é o nazismo socialmente aceito. Até porque, na prática, o nazismo não é realmente proibido. O que as pessoas condenam são os símbolos: a suástica, os gestos e as opiniões. Mas das práticas nazistas, poucas falam. Algumas até defendem sem saber. Está aí o tal do passaporte sanitário, que não me deixa mentir. Antonio Gramsci e Paulo Freire realmente fizeram escola. Tanto essas pessoas quanto gente como Monark sofrem desse mal.

A coisa que mais mete medo nos canceladores é a realidade. Eles a temem tanto que preferem criar um mundo paralelo onde podem viver sem frustrações e sem arcar com as consequências de suas ações. Quando não conseguem, tentam impor suas ideias de mundo no mundo real, e aí é que a realidade aparece para mostrar que as coisas não são assim. Ideias só tem consequencias se postas em prática. Quando todo mundo entender isso, poderemos prosperar.