Em um país sério, a mera menção por parte do ex-presidiário Lula do termo "regulamentação da mídia" deveria ser escândalo nacional e ser (mais um) motivo para mandar o nove dedos para a jaula. Como se ter roubado bilhões, usado o dinheiro par...
Em um país sério, a mera menção por parte do ex-presidiário Lula do termo "regulamentação da mídia" deveria ser escândalo nacional e ser (mais um) motivo para mandar o nove dedos para a jaula. Como se ter roubado bilhões, usado o dinheiro para fomentar o comunismo no mundo inteiro e colocar o país numa guerra de classes artificial já não fosse absurdo o suficiente. |
Mas ainda que Lula realmente seja capaz de seguir o exemplo de seus camaradas pela América Latina, se ele parasse para pensar um pouco, veria que o esforço é desnecessário. A mídia brasileira já se autorregulamentou a algum tempo, quando passou a dar preferência a espalhar narrativas ao invés de simplesmente se ater aos fatos. |
É claro que, quando você tem o controle das narrativas, criar situações onde uma regulamentação pareça justificável é fácil. Se você nega o marxismo cultural, por exemplo (algo que boa parte da esquerda, com seu costumeiro cinismo típico dos marxistas faz), você nega o fato de que a mídia brasileira vem sendo ocupada por comunistas desde os anos 60, e portanto, você pode dizer, por exemplo, que a Globo, que faz novelas com personagens trans, adolescentes homossexuais e agora até com linguagem neutra, todas pautas da esquerda identitária, é uma emissora de direita. Nem todo mundo tem o discernimento para perceber a evidente falta de nexo disso, nem tão pouco a forma como isso é feito, embora boa parte dos problemas que isso causa pudesse ser resolvido em uma simples comparação entre o que sai nos jornais e a realidade. Mas boa parte do público já percebeu isso. Tanto é que a audiência desses veículos é cada vez menor. A Globo que o diga. |
A mídia tradicional é inimiga dos fatos. As big techs, que também não deixam de ser conglomerados de mídia, criam algoritmos que fazem espiral do silêncio sem interpretar contexto. O auto-denominado Olimpo brasileiro, mais conhecido como Supremo Tribunal Federal, promoveu uma clara perseguição judicial a qualquer um que tenha um tipo de pensamento ou opinião contrária àquela ditada pelo falso senso comum criado artificialmente por essa mesma mídia, que hoje se chama de "consórcio", causando uma insegurança jurídica que já provocou o fechamento de dois dos maiores veículos de mídia alternativa do Brasil, algo que nem o próprio regime militar foi capaz de fazer. |
Mas para Lula isso não basta. Ele, assim como todos os ditadores da história, sabem que informação é poder. E a regulação que ele prega é nesse sentido: ou você vira meu assessor de imprensa ou eu fecho seu jornal!* |
Perceberam como as coisas estão invertidas? Para a imprensa brasileira, Lula, que fala reiteradamente em regulação da mídia, é um democrata, enquanto Bolsonaro, que jamais abriu a boca ou agiu contra essa mesma mídia, que não o deixa em paz nem por um segundo, é um ditador nazista. Make Orwell fiction again! |
A única regulação da mídia aceitável, e na minha opinião até necessária, seria uma que tirasse o poder das Big Techs com relação ao conteúdo publicado nelas. E isso só foi feito até agora, pasmem, na Rússia de Putin. O mundo tem dessas ironias. |
*: Sobre isso, recomendo a leitura do excelente artigo do jornalista J. R. Guzzo na revista Oeste da semana passada. |