Segregação Brasileira
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Segregação Brasileira

A ultima convocação da Seleção Brasileira tem pontos positivos e negativos. Ao mesmo tempo que mostra que boa parte de grupo que irá disputar o mundial do Catar já está definido, mostra também uma falta de critério grave por parte do técnico ...

Érico Ribeiro
4 min
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A ultima convocação da Seleção Brasileira tem pontos positivos e negativos. Ao mesmo tempo que mostra que boa parte de grupo que irá disputar o mundial do Catar já está definido, mostra também uma falta de critério grave por parte do técnico Tite. Os dois nomes mais contestados da lista, com certeza, são Daniel Alves e Philippe Coutinho. Para o lateral, Tite ainda tem a justificativa de que há carência de nomes para a posição. Tirando Daniel e Danilo, o único nome que surgiu nos últimos anos foi o de Emerson Royal, atualmente jogador do Tottenham Hotspur da Inglaterra. Fora isso, pode haver um ou dois nomes no Brasil cotados para a posição, mas nenhum é unanimidade. Agora, no caso de Coutinho, não há justificativa. Desde que saiu do Liverpool, o meia atacante vem rodando entre vários clubes, entre eles Barcelona, Bayern de Munique e agora o Aston Villa, sem se firmar em nenhum deles, quase não jogou no ano passado, mas está na lista, enquanto nomes como Lucas Moura (Tottenham Hotspur) e Gabriel Martinelli (Arsenal) seguem fora. Éverton Ribeiro não rende o que pode no Flamengo a muito tempo, e ainda assim, permanece no grupo (embora tenha ido razoávelmente bem quando esteve em campo com a amarelinha).

Claro que Tite não é o único treinador a passar pela seleção fazendo convocações contestáveis. Posso citar alguns casos aqui: Dunga não chamou Adriano, Ronaldinho Gaúcho e Marcelo em 2010, Felipão preferiu Henrique e Jô a Miranda e Diego Tardelli em 2014, além de ter deixado Diego Costa se naturalizar espanhol (Tite fez isso com Jorginho) entre outros.

O ponto positivo da lista é que, pela primeira vez desde 2010, parece que finalmente Neymar terá com quem dividir a responsabilidade na Seleção. Se antes, mesmo com nomes como Daniel Alves e Marcelo, ainda assim a Seleção não rendia o que podia se Neymar não estivesse num bom dia, agora surge uma geração com nomes como Vinicius Jr, Raphninha, Antony e Lucas Paquetá, que vem mostrando ótimo futebol na Europa e que não se intimidam quando vestem a amarelinha, e isso é ótimo para nós. Tite sabe disso, tanto que vem preferindo esses garotos a nomes dos quais antes não abria mão, como Richarlyson e Roberto Firmino. Se Tite conseguir formar um time reunindo todos esses nomes, temos boas chances esse ano.

Mas há um ponto específico na lista que deveria preocupar qualquer brasileiro: os nomes convocados para a lateral esquerda. Alex Sandro, mesmo longe de ser unanimidade, é o dono da posição hoje. Alex Telles é ótimo jogador e já deveria estar sendo testado a mais tempo. Ainda assim, acho que Tite deveria dar uma chance a Guilherme Arana, mas talvez essa chance apareça numa próxima lista. Porém, a justificativa que ele usou para a não convocação de Renan Lodi é o que me causa mais espanto. Se ele tivesse dito que estava preferindo dar chance a outros nomes por causa do erro que o jogador cometeu na final da Copa América, ainda seria criticável, mas seria bem mais aceitável do que dizer que nem ele nem nenhum outro jogador que não se vacinou contra a Covid será convocado. Se ao invés de Renan Lodi fosse o Neymar, ele diria a mesma coisa? Será que ele está acompanhando o que está acontecendo na Autrália? E se está, ele concorda? A extrema politização de tudo ainda vai causar muitos problemas ao esporte. Se já não bastasse a questão da presença ou não de transexuais, agora o jogador tem que se submeter a uma substância experimental duvidosa, que já está transformando a vacinação em acumputura, se quiser representar seu país. Stalin sorri no túmulo.

Por isso é que, ganhando ou não o mundial, Tite tem que deixar o cargo e quem entrar no lugar dele não pode colocar a política acima do esporte, ou corre o risco de afastar ainda mais a gloriosa Seleção Brasileira de seu povo.