De DOIDO, o Sr. LISCA não tem nada

Um das figuras mais carismáticas do futebol brasileiro é o senhor Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi, a.k.a, LISCA DOIDO, o meu personagem da semana.

Toda vez que vejo pessoas reagindo às lisquices do Lisca, penso em Harry Haller, o mítico protagonista de Herman Hesse em O Lobo da Estepe, e em suas anotações cujo teor era "SÓ PARA LOUCOS, SÓ PARA RAROS".

Assim como Harry Haller, Lisca já demonstrou inúmeras vezes que vive sob um código de conduta que pode parecer estranho à maioria das pessoas em sua obstinação de esperar que todas os demais indivíduos tenham sempre o mesmo e enfadonho comportamento.

O sujeito que dá um passo fora das delimitações dessas expectativas - que as pessoas nutrem umas pelas outras - é reconhecido como perigoso e, no mínimo, taxado de louco.

Foi assim com o Lisca logo cedo e, por vezes, chego a acreditar que a carga negativa do epíteto LISCA DOIDO tenha feito mal à sua imagem profissional e até afastado oportunidades de treinar os maiores clubes do Brasil, o que é uma pena.

Ocorre que o trabalho que Lisca vem desenvolvendo à frente do América MG fala por si só. Em 2020 levou o time à semifinal da Copa do Brasil em um confronto equilibrado contra o Palmeiras e também ao vice-campeonato do Brasileiro da Série B, terminando empatado em número de pontos com a Chapecoense que se sagrou campeã.

Na atual temporada, Lisa já colocou o Coelho na final do campeonato Mineiro eliminando o Cruzeiro na semi-final. O América MG é sem dúvida um dos times mais queridos do Brasil. O carinho ao América é, talvez, a única coisa que une cruzeirenses e atleticanos em Minas Gerais.

Quando o clube com tamanha simpatia se juntou com um dos treinadores mais carismáticos do futebol brasileiro o resultado, para o bem ou para o mal, só poderia ser explosivo. E não podemos dizer que esteja apenas bom não. Na realidade está ótimo.

Coisa rara de se ver, mas o sucesso de Lisca (que sabe exatamente do que é capaz e faz questão de valorizar cada passo alcançado) incomoda. Claro que incomoda.

Era muito fácil ser simpático a um América vivendo à sombra dos dois grandes da capital, mas  tudo muda a partir do momento em que o Lisca chega e diz, por exemplo, e diz "Hoje no futebol mineiro existe uma nova realidade, não sei se vocês já perceberam. Se não perceberam, estudem, vejam, porque hoje quem está na Série A é o América-MG."

Pelo grande trabalho no América e por livrar o futebol brasileiro da chatice do media training e da previsibilidade, o Sr. Lisca é o meu personagem da semana.