Florentino Pérez roubou a cena
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Florentino Pérez roubou a cena

Não raro, me identifico com Nelson Rodrigues, principalmente quando ele dizia que sua memória era "um chão todo juncado de clássicos e peladas fenecidos."

Carter Batista04/20/2021
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Não raro, me identifico com Nelson Rodrigues, principalmente quando ele dizia que sua memória era "um chão todo juncado de clássicos e peladas fenecidos."

Todo brasileiro vivo ou morto que ama o futebol já se sentiu assim com relação ao Nelson e sua obra dedicada ao futebol. É por isso que me atrevo a homenagear o grande mestre trazendo para a nossa humílima cena bloguesca o personagem da semana.

E  passei a semana inteira imaginando falar de Renato Portaluppi em sua despedida do Grêmio, sobretudo da bonita carta que ele escreveu aos torcedores do Grêmio, mas Florentino Pérez roubou a cena.

Na noite de domingo para segunda-feira, desabou sobre o futebol a notícia da criação da Superliga Europeia, uma competição que nasce para disputar espaço com a UEFA Champions League.

Se o Florentino já assombrava como presidente do Real Madrid, um dos clubes mais poderosos do mundo, agora ele causa verdadeiro pavor ao [res]surgir como presidente da Superliga.

A iniciativa recebeu uma avalanche de críticas de jornalistas, torcedores, dirigentes, treinadores, jogadores que denunciaram em uníssono a tentativa de elitizar ainda mais o cenário do futebol mundial. Em resumo, todo mundo odiou.

Foi curioso perceber como foram inicialmente contrários ao projeto os próprios treinadores de algumas das 12 equipes fundadoras (não por acaso, as mais ricas e poderosas da Europa: Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid, Milan, Internazionale, Juventus, Manchester United, Manchester City, Tottenham, Arsenal, Liverpool e Chelsea) .

Na segunda-feira, dia também conhecido como ontem, o meu personagem da semana concedeu uma entrevista exclusiva ao programa El Chiringuito, um dos principais programas esportivos da Espanha e esclareceu alguns pontos obscuros sobre a Superliga, mas também deixou muitas questões no ar.

Falou que tudo ocorrerá em acordo com a UEFA, FIFA e as federações nacionais, assegurou que os atletas que participarem não sofrerão punições ou impedimentos em atuar em suas seleções nacionais e, para a surpresa de muitos, assegurou que a Superliga é um projeto que veio para salvar o futebol por meio da solidariedade.

Nosso desafio agora é tentar entender como se dará essa solidariedade no seio de uma competição criada sob o fundamento da estabilidade dos 12 clubes fundadores (que chegarão a 15) e com apenas 5 vagas rotativas.

Vale lembrar ainda, algo que meu personagem da semana esqueceu de comentar na entrevista, que clubes como Arsenal e Milan não disputam a Champions League há anos, pois simplesmente não conseguem se classificar, pois sequer atingem os critérios promocionais em suas ligas e copas domésticas.

Muito ainda vai se falar da Superliga, mas o fato é que, da noite para o dia, Florentino Pérez aumentou exponencialmente seu capital político e hoje é um dos caras que, literalmente, detém o futuro do futebol europeu em suas mãos.

Florentino, dono da Superliga, um super personagem da semana.


UP DATE: nem bem as humildes linhas dessa coluna haviam deixado a prensa, tinta ainda fresca, e desabou a notícia do cancelamento da Superliga. O projeto dos superleaguers voltou para a prancheta, mas Florentino Pérez, o NOSSO personagem da semana, conseguiu acumular capital político e plantar uma espécie de semente da discórdia nos tijolos que unem UEFA e FIFA. O anúncio da Superliga abriu uma espécie de caixa de pandora do futebol. O que vai acontecer ainda é um mistério, mas as potencialidades são grandiosas e assustadoras para todos os envolvidos.

E como disse, Vitor Sérgio, comentarista dos canais TNT Sports Brasil:

"Florentino Perez não sai nada derrotado dessa pendenga...

Ele comanda o maior clube do mundo, que não sofrerá punição por liderar a rebeldia, não se importa em ser amado ou odiado e conseguiu o que queria: mais dinheiro para poder contratar, algo pelo qual estava sendo cobrado."

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