Não raro, me identifico com Nelson Rodrigues, principalmente quando ele dizia que sua memória era "um chão todo juncado de clássicos e peladas fenecidos."
Não raro, me identifico com Nelson Rodrigues, principalmente quando ele dizia que sua memória era "um chão todo juncado de clássicos e peladas fenecidos." | ||
Todo brasileiro vivo ou morto que ama o futebol já se sentiu assim com relação ao Nelson e sua obra dedicada ao futebol. É por isso que me atrevo a homenagear o grande mestre trazendo para a nossa humílima cena bloguesca o personagem da semana. | ||
E passei a semana inteira imaginando falar de Renato Portaluppi em sua despedida do Grêmio, sobretudo da bonita carta que ele escreveu aos torcedores do Grêmio, mas Florentino Pérez roubou a cena. | ||
Na noite de domingo para segunda-feira, desabou sobre o futebol a notícia da criação da Superliga Europeia, uma competição que nasce para disputar espaço com a UEFA Champions League. | ||
Se o Florentino já assombrava como presidente do Real Madrid, um dos clubes mais poderosos do mundo, agora ele causa verdadeiro pavor ao [res]surgir como presidente da Superliga. | ||
A iniciativa recebeu uma avalanche de críticas de jornalistas, torcedores, dirigentes, treinadores, jogadores que denunciaram em uníssono a tentativa de elitizar ainda mais o cenário do futebol mundial. Em resumo, todo mundo odiou. | ||
Na segunda-feira, dia também conhecido como ontem, o meu personagem da semana concedeu uma entrevista exclusiva ao programa El Chiringuito, um dos principais programas esportivos da Espanha e esclareceu alguns pontos obscuros sobre a Superliga, mas também deixou muitas questões no ar. | ||
Falou que tudo ocorrerá em acordo com a UEFA, FIFA e as federações nacionais, assegurou que os atletas que participarem não sofrerão punições ou impedimentos em atuar em suas seleções nacionais e, para a surpresa de muitos, assegurou que a Superliga é um projeto que veio para salvar o futebol por meio da solidariedade. | ||
Nosso desafio agora é tentar entender como se dará essa solidariedade no seio de uma competição criada sob o fundamento da estabilidade dos 12 clubes fundadores (que chegarão a 15) e com apenas 5 vagas rotativas. | ||
Vale lembrar ainda, algo que meu personagem da semana esqueceu de comentar na entrevista, que clubes como Arsenal e Milan não disputam a Champions League há anos, pois simplesmente não conseguem se classificar, pois sequer atingem os critérios promocionais em suas ligas e copas domésticas. | ||
Muito ainda vai se falar da Superliga, mas o fato é que, da noite para o dia, Florentino Pérez aumentou exponencialmente seu capital político e hoje é um dos caras que, literalmente, detém o futuro do futebol europeu em suas mãos. | ||
Florentino, dono da Superliga, um super personagem da semana. | ||
UP DATE: nem bem as humildes linhas dessa coluna haviam deixado a prensa, tinta ainda fresca, e desabou a notícia do cancelamento da Superliga. O projeto dos superleaguers voltou para a prancheta, mas Florentino Pérez, o NOSSO personagem da semana, conseguiu acumular capital político e plantar uma espécie de semente da discórdia nos tijolos que unem UEFA e FIFA. O anúncio da Superliga abriu uma espécie de caixa de pandora do futebol. O que vai acontecer ainda é um mistério, mas as potencialidades são grandiosas e assustadoras para todos os envolvidos. | ||
E como disse, Vitor Sérgio, comentarista dos canais TNT Sports Brasil: | ||
"Florentino Perez não sai nada derrotado dessa pendenga... | ||
Ele comanda o maior clube do mundo, que não sofrerá punição por liderar a rebeldia, não se importa em ser amado ou odiado e conseguiu o que queria: mais dinheiro para poder contratar, algo pelo qual estava sendo cobrado." |