O protagonismo dos atletas nordestinos nas Olímpiadas de Tóquio foi um feito histórico. Foram 4 medalhas de ouro e duas de prata, fora os apavoro.
O protagonismo dos atletas nordestinos nas Olímpiadas de Tóquio foi um feito histórico. Foram 4 medalhas de ouro e duas de prata, fora os apavoro. | ||
Os baianos Ana Marcela Cunha, Isaquias Queiroz e Hebert Conceição e o potiguar Ítalo Ferreira conquistaram a medalha de outro. A baiana Bia Ferreira e a maranhense Rayssa Leal conquistaram a medalha de prata. Para completar no time de futebol masculino, que levou o bicampeonato olímpico, só entre os titulares, havia quatro nordestinos, os paraibanos Santos e Matheus Cunha; o pernambucano Nino e Daniel Alves, da Bahia. | ||
Talvez nunca se tenha visto o Brasil inteiro torcendo para o Nordeste de forma tão coesa e harmoniosa. O Brasil nem se deu conta, afinal nessa hora o preconceito desaparece. | ||
Mas ele existe. Infelizmente, muitas pessoas que vivem não vivem no nordeste ainda acreditam que existe uma monocultura da Bahia para cima. Inclusive em alguns estados ainda é comum ouvir baianada e paraíbada em tom pejorativo. | ||
Quem não se lembra da polêmica frase do atleta Edmundo de 1997, quando foi expulso por um árbitro cearense, jogando no Rio Grande do Norte e disse que o motivo do cartão vermelho era o fato de estar jogando na Paraíba com um Paraíba no apito, o que causou revolta mesmo naquela época. | ||
O preconceito sempre foi anacrônico e démodé. | ||
E o Nordestes foi o carro-chefe do Brasil nos Jogos em que batemos nosso próprio recorde de medalhas conquistadas. Se o Nordeste fosse um país teria terminado à frente de países como Espanha, Suécia, Suíça, Dinamarca, Croácia, Bélgica, Bulgária, Eslovênia, Grécia, Irlanda, Israel, Índia, Áustria, Portugal e Argentina, dentre muitos outros. | ||
Se fosse um país independente, o Nordeste terminaria a frente de praticamente 200 países na classificação final do quadro de medalhas, um resultado muito expressivo levando-se em consideração o nosso pouco investimento em esporte e, menos ainda, em esporte de alto rendimento. | ||
Historicamente o Brasil não investe no esporte. Nem o Estado Brasileiro, nem a sociedade civil. Nunca nos organizamos para explorar de verdade nosso potencial esportivo. Nós poderíamos ser uma potência olímpica. Era para a gente brigar no Top3 do quadro de medalhas com tranquilidade. | ||
Por todos esses fatores, sem romantizar a nossa própria precariedade em muitos aspectos do esporte de alto rendimento, dá um orgulho danado ver onde a gente pôde chegar. É por isso que o meu personagem da semana é o atleta nordestino, representado pelos nossos medalhistas olímpicos. | ||