Fichamento - Deep in the Heart of Texas: Dave Chapelle
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Fichamento - Deep in the Heart of Texas: Dave Chapelle

CHAPELLE, Dave. Deep in the Heart of Texas: Dave Chapelle. Netflix, 2017.

Estevão Barros
4 min
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CHAPELLE, Dave. Deep in the Heart of Texas: Dave Chapelle. Netflix, 2017.

Deep in the Heart of Texas: Dave Chapelle. Netflix, 2017.
Deep in the Heart of Texas: Dave Chapelle. Netflix, 2017.

Olá, sejam bem-vindos ao fichamento, um espaço onde eu irei comentar especiais de stand-up. A ideia não é avaliar o show e me tornar o Régis Tadeu da comédia, mas sim dividir as minhas impressões sobre a apresentação e o comediante em questão. Lembrando, ainda não sou ninguém na comédia e o meu principal objetivo aqui, é o mesmo ao de qualquer estudante que faz um fichamento, aprender.

Para começar, vou falar daquele que é considerado por muitos o melhor comediante vivo, Dave Chapelle.

Essa é a segunda vez que vejo esse especial, e confesso que não era o que estava buscando, queria ver o do “I kick her in the pussy”, mas como pretendo todos os especiais do Chapelle, acabei ficando por ali.

Quando vi esse material a primeira vez, não fazia stand-up. Aliás, ele foi um dos responsáveis por me fazer acreditar que poderia escrever comédia e quem sabe, algum dia, me tornar um bom comediante. Hoje, ao rever esse especial, percebo o quão longe estou do nível desse cara.

Antes que me chame de arrogante e pretencioso, por me comparar com o Dave, tenho duas coisas a dizer em minha defesa: a primeira, é: EM QUEM VOCÊ QUER QUE EU ME INSPIRE, NO WHINDERSSON? (Com todo respeito, claro)

E a segunda, é como Dave Chapelle, Bill Burr, Anthony Jeselnik… fazem a comédia parecer fácil. Talvez tenha sido justamente esse o canto da sereia que me atraiu, “ah, então é só isso? Acho, que eu consigo”. É necessário apenas um pouco de ingenuidade e coragem para se tomar as piores decisões. Não que eu me arrependa da escolha, mas é bem mais complexo do que parece.

Nota sobre o show: a confiança de Dave

Apesar de não ser o show que mais gosto do Chapelle, acho que esse especial mostra muito bem uma das características mais fortes de Dave, sua confiança e presença de palco. Durante a apresentação ele anda, senta, fuma e deixa claro para todos os espectadores, que ali é o seu lugar, somos apenas meros convidados desse espetáculo.

Essa confiança, faz com o público embarque ainda mais nas ideias de Chapelle. E com a plateia na palma da mão, ele se sente livre para improvisar piadas, zoar uma mulher bêbada na plateia e ainda pedir um cigarro para um espectador.

Não escondo de ninguém, que confiança e presença de palco, estão longe de serem minhas principais qualidades. Fica evidente a cada vez que subo em um palco, que não é só uma questão de confiar nas piadas, é necessário também demonstrar essa confiança.

Como isso funciona? Ainda não faço ideia. É o que tenho tentado descobrir enquanto comediante.

Por mais que seja necessária uma certa dose de confiança para subir no palco, existe um outro estágio do “confiar”, que é o confiar em si mesmo e nas suas piadas. Acreditar que aquele ambiente também é o seu espaço e estar à vontade para expor o seu íntimo e dizer as coisas mais absurdas que sua mente pode produzir.

No fim, me parece que toda essa questão da confiança é um ciclo. Você precisa confiar em você, para que o público possa confiar em você e quanto mais o público confia e ri daquilo que você faz, mais confiança e liberdade você ganha.

Hoje, eu me encontro na roda do lado, a da desconfiança, que em suma é quase a mesma coisa, só que ao contrário e busco de alguma maneira sair dela e começar a fazer aquilo que realmente acredito, o grande problema é que para sair dela eu preciso de uma coisa: confiança.