Crítica - "Captain Phillips"
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Crítica - "Captain Phillips"

Quando a realidade transcende o cinema.

FÁBIO LINS
3 min
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Quando a realidade transcende o cinema.

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Você começa a assistir um filme sabendo que ele é baseado em fatos reais, mas ao terminá-lo, pouco acredita no que viu, que tudo ali foi realmente vivido, sentimento que faz com que a dor, demostrada esplendidamente por Tom Hanks (Phillips) seja extremamente elevada. "Capitão Phillips" mostra um assalto a um navio que culminou no sequestro de seu comandante, pouco mais de duas horas não te deixa respirar, literalmente.

O filme é daqueles de fácil conexão. Já nos primeiros minutos você se conecta à história e não quer desgrudar os olhos da TV por nem um segundo, enquanto não souber de seu desfecho. Se não acompanhou os noticiários a respeito, melhor ainda. O drama foi muito bem adaptado e trouxe uma produção esplêndida, dando ainda mais veracidade ao fato verídico.

Os atores dispensam comentários. Tom Hanks demostrou um carga emocional que nunca tinha visto em seus trabalhos desde "Náufrago", porém, infelizmente e injustamente, não foi indicado esse ano. Mas o elenco do filme está muito bem representado com a indicação surpreendente e merecida de Barkhad Abdi.

"Capitão Phillips" é um filme de muita ação e suspense, uma cinebiografia do marinheiro mercante capitão Richard Phillips, que foi levado como refém por piratas somalis durante o sequestro do Maersk Alabama em 2009. Mas mesmo pra quem acompanhou os noticiários na época, deve ter se surpreendido com o longa. O filme trouxe com detalhes a tentativa de assalto e o desfecho com sucesso do resgate do capitão, mas que também ilustrou momentos importantes de amizade, patriotismo e companheirismo.

Incrível como uma operação se tornou algo cinematográfico, com o governo americano dispondo de toda a sua tecnologia para salvar apenas uma pessoa, operação que foi tratada como se fosse uma operação de guerra, como se a vida de milhares de pessoas estivessem em risco.

O final feliz foi visto, é sempre bom. É sempre bom vermos miolos de bandidos serem explodidos. A situação foi vivida no mar, mas diariamente acompanhamos nos noticiários situações parecidas, com assaltos perversos, com bandidos que roubam e fazem terrorismo, e que muitas vezes acabam com a vida de inocentes. Dessa vez o mal não venceu, mesmo que na maioria das vezes, na realidade, ele vença.

Uma pena que o filme não mostrou um fato importante da sequência criminosa, quando dois navios piratas em auxílio aos criminosos recuaram diante do ostensivo aparato militar que cercava o barco salva-vidas que estavam os criminosos e o capitão.

O filme foi indicado em seis categorias: "Melhor Filme", "Ator coadjuvante, com Barkhad Abdi", "Roteiro adaptado", "Edição", "Edição de som" e "Mixagem de som". Acho que ficou de bom tamanho, mesmo sentindo a ausência de Hanks.