Memória seletiva: a derrocada do Flamengo em detalhes
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Memória seletiva: a derrocada do Flamengo em detalhes

No próximo domingo, Flamengo e Chapecoense duelarão no Maracanã, palco da final da Copa América na véspera. Ainda que sejam opostos, em todos os sentidos no Brasileirão, os clubes protagonizarão um “Jogo dos Desesperados”. De um lado, o milio...

@FalsoNove2
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No próximo domingo, Flamengo e Chapecoense duelarão no Maracanã, palco da final da Copa América na véspera. Ainda que sejam opostos, em todos os sentidos no Brasileirão, os clubes protagonizarão um “Jogo dos Desesperados”. De um lado, o milionário Flamengo, mutilado por desfalques e em crise de confiança junto ao seu torcedor. Do outro, a modesta Chape, que ainda não venceu no campeonato e amarga a penúltima colocação no certame.

Não dá para negar que é uma grande oportunidade de recuperação ao rubro-negro, que vem de sequência desfavorável, onde foi derrotado por três vezes, em contextos diferentes, nos últimos dez dias. A equipe, até então, muito bem treinada, que apresentava vasto repertório ofensivo e ostentava invencibilidade de 16 partidas, se tornou em “presa fácil”, em 20 dias. A moeda virou de lado e tudo foi esquecido, especialmente por aqueles que fizeram questão de nunca enxergar o que de fato acontecia dentro das quatro linhas.

Tudo começou em uma grande exibição da equipe já desfalcada. A derrota para o Bragantino em casa, no último lance, parecia um acidente de percurso, hoje, porém, pode ser classificada como o início do pesadelo na Gávea.

No jogo seguinte, mais uma belíssima atuação, desta vez com vitória, o principal, contra o então líder, Fortaleza. Do badalado e competente J. P. Vojvoda.

O que mais impressionava a esta altura, era a capacidade de manter a forma de jogar inabalável, mesmo extremamente desfalcado.  

Aquela partida seria um divisor de águas. Gérson, um dos pilares da equipe, fazia sua despedida, ainda sem qualquer substituto. 
O jogo seguinte foi contra o Juventude, embaixo d’água, em um campo sem drenagem, no pior espetáculo em anos do  futebol brasileiro. Se hoje esta derrota entra na conta do treinador, quem viveu a partida e lembra de forma honesta, sabe que não havia qualquer possibilidade de haver jogo naquelas condições. Resultado foi a derrota, com direito a gol de poça d’água.

Contra o Cuiabá, uma boa primeira etapa e depois, o grande evento daquela noite: a lesão de Diego Ribas.

Conforme destacado anteriormente, a estratégia defensiva do Flamengo requer a retenção da posse de bola, primordialmente. Nisso, a dupla Diego e Gérson era perfeita. Com passe e jogo de corpo apuradíssimo, a dupla ditava o ritmo das partidas. Ali, o time ficava sem os dois e não saberia se reinventar.

Contra o Fluminense, o roteiro da partida contra o Red Bull se repetiria. Chances perdidas, amplo domínio e derrota no fim. Em ambas, o Fla poderia ter arriscado menos. Administrado e saído com empates que, se não fariam grande diferença na classificação, certamente reduziriam a pressão que há sobre Rogério Ceni, atualmente.

Contra o Galo, a primeira atuação realmente ruim. Escolha equivocada por Bruno Viana, que até aqui, não demostrada qualquer meritocracia para receber novas chances. A ideia era neutralizar o jogo de transição do Atlético, e manter a atuação defensiva com bloco médio/alto, pressionando e retendo a bola. Dois erros do zagueiro no início, minaram a confiança da equipe, que até ameaçou na primeira etapa, mas não esteve confortável em momento algum. Na segunda etapa, a tentativa de correção foi punida em quatro minutos. Após isso, o que se viu foi um cenário de terra arrasada e desmobilização. Algo que ainda não havia sido identificado e que, realmente, preocupa.

O apoio, embora silencioso, da diretoria rubro-negra, dará nova oportunidade a comissão técnica . Resta saber se comissão e jogadores saberão contornar a crise de confiança e a pressão sofrida.

Sem João Gomes, além de Gabriel, Éverton Ribeiro, Diego, Gérson e Bruno Henrique, cabe a Ceni encontrar uma fórmula de vencer a Chape e trazer um bom resultado da Argentina. As boas atuações podem esperar. O momento agora é de tentar salvar o trabalho, que já foi muito bom e promissor, mas agora está sob risco de uma interrupção, que seria terrível para todas as partes.

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