Brasil intervindo no Caribe, um expansionismo esquecido
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Brasil intervindo no Caribe, um expansionismo esquecido

Iniciando uma série histórica sobre as intervenções  (e planos da política brasileira, teremos como ponto de partida a operação brasileira em 1965, quando invadiu a República Dominicana junto com uma coalizão liderada pelos Estados Unidos.

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Iniciando uma série histórica sobre as intervenções  (e planos da política brasileira, teremos como ponto de partida a operação brasileira em 1965, quando invadiu a República Dominicana junto com uma coalizão liderada pelos Estados Unidos.

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A política externa brasileira tem como princípios a não-intervenção, igualdade entre estados nacionais, defesa da paz e a solução pacífica dos conflitos – entre outros termos – descritos no artigo 4.º da constituição de 1988, princípios estes que formam a matriz e o direcionamento, ou seja, o mainstream das relações internacionais brasileiras, fazendo do Brasil um país não intervencionista e que age mundo afora somente em casos humanitários e sempre sob supervisão das Nações Unidas.

No entanto, esse trilho no qual está sendo percorrido é vago de ambições e certamente não evoca grandes correntes diplomáticas brasileiras, embora o modus operandi atual tenha tido suas origens na década de 1960, o Ministério das Relações Exteriores se desprendeu de, outrora, um Brasil expansionista e ordenador da região sul-americana.

Em maio de 1965 o Brasil executou sua última aventura, ofensiva, internacional quando, mesmo após anos da PEI (Política Externa Independente) e já durante a ditadura militar, invadiu e ocupou com mais de mil homens a República Dominicana, sob a tutela da Força Interamericana de Paz (FIP) e apoio militar, logístico e financeiro dos Estados Unidos.

O objetivo era evitar mais um regime comunista no caribe e que pudesse ocasionar uma revolução de esquerda em Porto Rico (território dos EUA) e outros países. O Partido Revolucionário Dominicano (PRD) de Juan Bosh tinha acabado de chegar ao poder e organizava reformas agrárias e sociais, o que lhe fez ser considerado um comunista aos olhos americanos e acabou sofrendo com uma intervenção no qual o Brasil e outros aliados sul-americanos participaram e cumpriram seu papel em pouco mais de um ano.

Embora tenha sido duramente criticado por diversos países e pela comunidade internacional, o Brasil viu sua atitude como plausível diante do contexto da guerra fria e o caso dominicano seria somente o início de uma série de governos de esquerda que iriam cair na américa latina, o mais dramático seria em 1973, no Chile, quando o general Pinochet, com apoio diplomático do Brasil, chegou ao poder no país que viveu uma das mais severas ditaduras anticomunistas.

Mesmo com toda essa iniciativa brasileira, se lançando a invadir uma ilha no caribe, o país mudou sua política externa para, já nos anos 1970, menos expansiva e voltou à PEI que foi elaborada nos governos de Jânio Quadros e João Goulart na qual tinha como bases a divisão norte-sul (desenvolvidos e subdesenvolvidos) ao invés de leste-oeste (capitalistas ocidentais e orientalistas comunistas). Outros princípios como a não-intervenção e o pragmatismo se mantiveram e se tornaram constitucionais a partir de 1988.

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