De Rodrigues Alves a Lula, o retorno de presidentes
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De Rodrigues Alves a Lula, o retorno de presidentes

Quando se trata de uma volta ao poder presidencial, certamente nos lembramos de Getúlio Vargas, mas décadas antes de 1950 esse feito já tinha se repetido, algo que o ex-presidente Lula tentará em 2022.

federalismo brasileiro
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Quando se trata de uma volta ao poder presidencial, certamente nos lembramos de Getúlio Vargas, mas décadas antes de 1950 esse feito já tinha se repetido, algo que o ex-presidente Lula tentará em 2022.

Imagem: Jornal O Lince
Imagem: Jornal O Lince

O ex-presidente Lula tem liderado boa parte das pesquisas, embora em algumas tenha uma vantagem estreita em relação a Bolsonaro, possui uma rejeição menor que o atual presidente, com uma gestão devorada pela pandemia e demais erros administrativos.

Dessa forma, Lula possui grandes chances de voltar à presidência, já que diversos candidatos que poderiam derrotá-lo em um eventual segundo turno dificilmente devem chegar se Lula e Bolsonaro forem candidatos, visto que os demais (Ciro, Dória e as inúmeras terceiras vias) até agora não demonstraram chance de alcançar ao menos uma das vagas do segundo turno.

Sendo assim, com um cenário, de certa forma, favorável, é de se pensar que Lula já estaria buscando apoio político com lideranças regionais de outros partidos, especialmente com o MDB, deixando de lado o rompimento entre o PT e o (P)MDB em 2016, que culminou na queda de Dilma Rousseff.

Com isso, em uma possível vitória nas urnas em 2022, Lula faria história ao ser o segundo presidente da história do Brasil a vencer eleições diretas não consecutivas, e o terceiro ao voltar ao poder.

Quando se trata de voltar o cargo de presidente, todos nos recordamos de Getúlio Vargas, no entanto, Vargas não foi eleito pelo voto popular em seus 15 anos de poder (1930-1945), sua única eleição nesse período foi indireta, em 1934, quando venceu Borges de Medeiros pelo placar de 175 x 59, votos estes que eram dos deputados, sendo essa a única eleição disputada por Vargas ao longo de 15 anos. Sua vitória no voto popular se deu somente em 1950, ao derrotar Eduardo Gomes (UDN).

Mas na verdade o primeiro a repetir tal feito foi Rodrigues Alves. O paulista foi eleito presidente e chefiou a nação entre 1902 e 1906 (uma curiosidade é que à época os presidentes tomavam posse no dia 15 de novembro). Alves foi o quinto presidente da república e teve um mandato positivo, mas com muitos baixos, embora seja marcado pela remodelação da arquitetura, infraestrutura e urbanização da cidade do Rio de Janeiro, na qual ganhou no período o título de Cidade Maravilhosa.

Em 1918, 16 anos após a sua última eleição presidencial, coincidentemente o mesmo intervalo de tempo que Lula ficou sem ser candidato (2006-2022), embora ainda não tenha oficializado sua candidatura.

Em sua eleição de retorno à presidência, Rodrigues Alves foi eleito com 99% dos votos, algo ridículo perante a situação eleitoral da época: voto do cabresto, eleitores somente homens e a partir de 21 anos e outras restrições, fraudes e limitações, dessa forma é incerto saber se esses eram o real resultado, mas o fato é que Alves teve a segunda mais alta votação proporcional da história dos votos populares do Brasil, em 1926 Washington Luís venceria com 99,70% dos votos.

Porém, Rodrigues Alves veio a falecer antes de sua posse, feito que viria a se repetir com Tancredo Neves em 1985. Uma última informação do período é que na época não havia reeleição, se considerar que Vargas impôs um golpe em 1930 e 1937, Rodrigues Alves foi por 80 anos, o único presidente brasileiro a ser reeleito, ainda que não em sequência, feito que só seria rompido por FHC em 1998. Com isso, cabe a Lula em 2022 se irá igualar Alves e se tornar o segundo presidente do Brasil a ser eleito para mandatos não-consecutivos.

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