Sem distritão, mas com coligações, o cenário de 2022
0
0

Sem distritão, mas com coligações, o cenário de 2022

Após barrarem de forma esmagadora o modelo eleitoral distritão, a Câmara dos Deputados aprovou o retorno das coligações, que tinham sido proibidas em 2018 na PEC 33/2017, sancionada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB-SP), ironicamente, um d...

federalismo brasileiro
2 min
0
0
Imagem: O Globo
Imagem: O Globo

Após barrarem de forma esmagadora o modelo eleitoral distritão, a Câmara dos Deputados aprovou o retorno das coligações, que tinham sido proibidas em 2018 na PEC 33/2017, sancionada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB-SP), ironicamente, um dos partidos que mais se beneficiou das coligações, principalmente com o pacto PT-PMDB que durou 13 anos, e garantiu a governabilidade de Lula e durante o primeiro mandato de Dilma.

Quando a PEC que colocava um fim às coligações foi aprovada no segundo turno no senado (última etapa de uma PEC, já que são votadas duas vezes nas duas casas legislativas) havia a esperança de que essa indecência eleitoral tivesse sido extinta da política brasileira, afinal, não houve um único voto contrário à PEC no senado, embora houvesse abstenções.

Não é algo surpreendente, afinal, as coligações só beneficiam partidos, não há como defender isso para o eleitorado, já que os objetivos são de ganhar tempo na propaganda eleitoral, cargos administrativos e de gabinetes, além de recursos do fundão. Seria mesmo um desafio um candidato afirmar que ao votar nele ou em outros candidatos do próprio partido, um candidato aleatório de um partido que faz coligação também seria eleito.

O Brasil usa o voto proporcional pois garante a maior representatividade eleitoral possível, fazendo com que minorias tenham espaço nos legislativos. Já as coligações simplesmente garantem que os políticos mais aleatórios possíveis tenham cargos no legislativo, distorcendo completamente as câmaras municipais, estaduais e federal com candidatos que foram eleitos sem contar até mesmo com o próprio partido.

Com isso, o retorno das coligações já para 2022 é praticamente certo, afinal, as coligações beneficiam diretamente os partidos grandes, e no país temos seis protagonistas (PT, PSD, PSDB, PP, MDB e DEM). Esses partidos embora tenham força em âmbito nacional, possuem necessidades de apoio de outros partidos em algumas regiões como, por exemplo, no nordeste onde é comum alianças entre PT e DEM ou PT e PP, visto que um partido (PT) domina em âmbito federal a região, mas os demais (MDB, PP, PSB e DEM) possuem influência local. Esse cenário ocorre em outras regiões e pouca coisa muda.

A aprovação da PEC e o retorno das coligações deve ocorrer sem grandes problemas, visto que no senado não irá encontrar resistências, já que os mais críticos do sistema são justamente os partidos menores, basta observar a votação da câmara dos deputados, onde os seis grandes partidos votaram majoritariamente a favor da medida, enquanto partidos pequenos foram contrários, a única exceção foi o PDT, onde 21 dos 25 deputados foram contra as coligações, muito devido o cerco que o partido, liderado por Ciro Gomes, fez em si mesmo, em relação ao PT no nordeste.

Também há de se lembrar que só houve uma eleição sem coligação para o legislativo, a de 2020, quando a medida de 2018 passou a valer, e já deve ser aposentada, uma lástima. O momento político do país está indo em duas direções perigosas, fragmentado e polarizado, isto é, divergência ideológica, partidária e social.

Com a medida aprovada, em 2022 há de se imaginar que os partidos de centro devem ganhar força no congresso, bem como o partido do presidente eleito, já que o executivo se diverge entre Bolsonaro e Lula, com pesos desiguais já que Bolsonaro sequer tem partido enquanto o petista possui o maior da câmara dos deputados, mas bem reduzido de quando foi presidente, se hoje o PT possui meros 53 parlamentares, entre 2007 e 2015 o partido ficou próximo de 90.

Nos siga no Instagram: @federalismobrasileiro