A Era Bandeira de Mello, o Flamengo que começou a dar certo.
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A Era Bandeira de Mello, o Flamengo que começou a dar certo.

Em dezembro de 2012, encerrava-se o mandato de Patrícia Amorim, primeira (e única até hoje) mulher presidente do Clube de Regatas Flamengo. Naquele mesmo ano, o Flamengo fechava seu balanço com um déficit de aproximadamente 20 milhões e uma d...

Fernando Escobar
4 min
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Em dezembro de 2012, encerrava-se o mandato de Patrícia Amorim, primeira (e única até hoje) mulher presidente do Clube de Regatas Flamengo. Naquele mesmo ano, o Flamengo fechava seu balanço com um déficit de aproximadamente 20 milhões e uma dívida na casa dos 800 milhões de reais.

Em janeiro de 2013, assumiu Eduardo Bandeira de Mello, com a determinação de sanear as finanças do Mais Querido do País, Bandeira implantou uma política de austeridade financeira, iniciada de forma contundente. O Flamengo devolveu a principal estrela do elenco, à época, o jogador Wagner Love ao CSKA, clube russo ao qual o Flamengo o havia contratado. Só "de saída", Bandeira de Mello diminuiu a folha salarial em 1 milhão de reais e se livrou de uma dívida de 6 milhões de Euros.

Naquele ano, o Flamengo começaria, com efeito, a dar sua "volta por cima", nas finanças e, aparentemente, também "na bola", já que o clube conquistou a Copa do Brasil de forma heróica. No ano seguinte, logo de cara, o título estadual, que não vinha havia 2 anos, foi conquistado, mas... parou aí. A gestão Bandeira de Mello não ficou marcada por bons resultados no campo. O time só voltaria a ser campeão, "apenas estadual", em 2017.

Ninho do Urubu

Quando deixou a presidência ao final de 2018, Bandeira de Mello havia cortado a dívida pela metade, deixando-a em aproximadamente 350 milhões de reais, alongada por 20 anos e com uma receita turbinada pelo aumento nos patrocínios, melhor exploração do licenciamento de produtos e um programa de sócio torcedor que (em minha opinião, ainda hoje é rudimentar para um clube com mais de 40 milhões de torcedores). 

Além de positivar as finanças do Mais Querido, colocando o clube nos TOP 20 do mundo, Eduardo investiu pesado no Centro de Treinamentos George Helal, o Ninho do Urubu, um sonho iniciado em 1984, transformando-o no maior e melhor CT da América do Sul.

(Aqui cabe um longo parêntese: Aos idiotas que irão tentar desqualificar tudo o que está escrito, evocando a morte dos 10 meninos do Ninho, cabe observar que minha opinião é a de que, sim, houve no mínimo negligência criminosa por parte do Clube e que torço para que a justiça seja feita para além da indenização das familias, ou seja, um crime exige punição criminal, quem será punido, eu não sei. Aqui, Bandeira pode ter seu grande quinhão de responsabilidade ainda que o incêndio tenho ocorrido já no início da gestão seguinte, que, diga-se de passagem, tratou muito mal do incidente. Mas eu quero dizer que: Não seja escroto (com o perdão da palavra, para os que não mereciam le-la), a morte dos meninos não é motivo para zoação.)

 O Cheirinho

Além dos três títulos conquistados, o Flamengo obteve, entre 2013 e 2018,  3 vice-campeonatos e foi eliminado 16 vezes em competições nacionais e internacionais. Durante esse período, 14 treinadores passaram pelos vestiários do Ninho do Urubu, incluindo nomes como o de Muricy Ramalho, Mano Menezes, Oswaldo de Oliveira, Vanderley Luxemburgo, Dorival Júnior (ainda da gestão anterior) e Zé Ricardo, o mais longevo, com 15 meses no cargo. 

As eliminações em fases de mata-mata da Copa Libertadores, da Copa Sul Americana e da Copa do Brasil, em semifinais do Campeonato Carioca, o 3º e o 2º lugares no Brasileirão em 2016 e 2018, além do vice na Copa Sul Americana em 2017, transformaram o antigo bordão rubro negro do "deixou chegar já era" em "ficou no cheirinho".

Resumindo

Há muito mais para se comentar sobre o período 2013-2018 do Flamengo, detalhes que valem posts específicos como Diego Ribas ou a própria relação de Bandeira com a diretoria que o sucedeu, mas, para mim, a gestão Eduardo Bandeira de Mello foi, com efeito, um marco na história do Clube de Regatas Flamengo. Mesmo com o "mau"  desempenho do time de futebol,  considerando o nível de exigência da torcida, o Fla saiu da beira da insolvência para a elite do futebol mundial em 6 anos.

Como muito bem disse o repórter Mauro Cezar Pereira, "o maior inimigo do Flamengo é o Flamengo" e, com todas as efervescências políticas, Bandeira pavimentou o caminho que levou o clube a ter, hoje, uma receita de 1 bilhão de reais, se ele tivesse tido a sorte de contratar um Jorge Jesus e um elenco com 8 jogadores decisivos, no melhor momento de suas carreiras, talvez pudesse ser considerado hoje, o maior presidente da história do clube, mas "se" não ganha jogo, né?

Fique bem.

Links visitados:

https://extra.globo.com/esporte/flamengo/era-bandeira-de-mello-tera-14-tecnico-no-flamengo-em-seis-anos-de-gestao-23109655.html

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/03/02/deportes/1520024774_927536.html

https://colunadofla.com/2020/05/bandeira-explica-saida-inesperada-de-vagner-love-em-2013-ele-custava-r-1-milhao-por-mes/

https://extra.globo.com/esporte/flamengo/flamengo-amarga-16-eliminacao-em-seis-anos-de-gestao-de-eduardo-bandeira-de-mello-23105893.html

https://blog.espacorubronegro.com.br/ninho-do-urubu-conheca/#:~:text=A%20hist%C3%B3ria%20do%20Ninho%20do,depois%20da%20compra%20pelo%20Flamengo