Pablo Mari e o fantasma de Kleber Leite - a lição não aprendida

Depois de 2019, ficou impossível falar de Flamengo, sem falar de 2019, eu ainda vou fazer um post sobre aquele ano, sobre aquele time, sobre aquele técnico. Quero destacar, porém uma lição que aquele ano poderia ter deixado para o Flamengo, mas que, aparentemente, não foi aprendida. Essa lição tem nome e sobrenome espanhóis: Pablo Marí Villar.

O quarto zagueiro alto, habilidoso, canhoto, com bom domínio de bola, bom cabeceador foi trazido ao Flamengo para atender a um pedido específico do técnico (zagueiro, com as características citadas), chegou fazendo "a festa" da torcida arco-íris (os "outros 50% do Brasil e menos de 50% do Rio de Janeiro que não torcem para o Flamengo). Todos zombavam do time ter ido buscar um jogador na segunda divisão do campeonato espanhol.

Ocorre, que Pablo Marí se mostrou uma excelente aquisição, além de todas as qualidades, era seguro, calmo e se contundia pouco. O Flamengo o comprou por 1,2 milhão de Euros e o vendeu por 8 milhões de Euros para o Arsenal da Inglaterra. (Cabe observar que Marí não era jogador do Deportivo La Coruña, da segunda divisão da Espanha, ele estava emprestado e pertencia ao Manchester United da Inglaterra). 

Como o Flamengo encontrou um talento tão valioso na segunda divisao de LaLiga? Um departamento de inteligência, que funcionava (ah, como as coisas funcionaram em 2019!). Uma contratação sem apelo midiático que se mostrou lucrativa técnica e financeiramente. O mesmo departamento que trouxe Andreas Pereira, um jogador muito bom, que era  uma certeza (quase unânime) até um fatídico erro na final da Copa Libertadores de 2021. (Isso também fica para outro post). 

Com a habilidade de Marcos Braz (não dá para negar: ele sabe negociar), o Flamengo continuou trazendo reforços com pouco o nenhum dinheiro, com empréstimos, como o do volante Tiago Maia e contrato com jogadores sem contrato como Rafinha, Felipi Luiz e o consagrado (ainda que controverso) grande zagueiro Davi Luiz. Note-se que, mesmo custando pouco, esses jogadores pesam bastante a folha mensal de pagamentos do clube.

Agora, o chileno Arturo Vidal, através da imprensa, praticamente "se joga" para o Flamengo. O chileno é consagrado internacionalmente,  com passagens pela Alemanha e Itália, onde joga hoje na Internazionale de Milão, que aparentemente, definiu o valor da venda em 7 milhões de Euros. Vidal virá(ria) aceitando ganhar o que ganha hoje a maior estrela do clube, o atacante Gabigol. 

Em 2020, logo após o ano mágico, o grande jornalista Mauro Cezar Pereira vaticinou que "o maior adversário do Flamengo é o Flamengo!", querendo dizer que as constantes turbulências políticas no clube poderiam atrapalhar mais o desempenho da equipe do que outros fatores. Eu sempre disse que o meu maior receio é o Flamengo abandonar a disciplina financeira, conquistada a duras penas, e voltar à era Kleber Leite, fazendo contratações midiáticas que pouco ajudariam o time em campo.

Kleber Leite, quando presidente do Flamengo, realizou mais de 50 transações entre compras, vendas e empréstimos, endividou o clube no ano do centenário (1995), montando "o melhor ataque do mundo" com Romário (à época o melhor jogador do mundo), Sávio (uma jóia rubro negra) e Edmundo (um craque de bola, de comportamento explosivo e questionável em muitos momentos). Esse "melhor ataque" conquistou 1 TAÇA GUANABARA... e só, foi só isso mesmo. 

Agora eu pergunto: Por que Arturo Vidal, com seus 35 anos? A mim, parece uma contratação midiática, cara e possivelmente pouco efetiva, para tentar amainar a ira da torcida, diante de um momento politicamente conturbado. (Conturbação que, em seus bastidores, tem "um dedo" do ex-presidente, Kleber Leite).  O Flamengo poderia perfeitamente, com o dinheiro que será aplicado e o que será pago mensalmente a Vidal, trazer um jogador mais novo, quiçá melhor e certamente muito mais barato, vindo até da segunda divisão da Espanha.

Fique bem