Uma velha reclamação voltou a ser feita nesta semana, ainda que sutilmente. De dois em dois anos, sempre aparece alguém questionando: "se é Rock in Rio, por que não tem mais rock?" ou "por que tem pouco rock?". As doses recentes de rock do f...
| ||
Uma velha reclamação voltou a ser feita nesta semana, ainda que sutilmente. De dois em dois anos, sempre aparece alguém questionando: "se é Rock in Rio, por que não tem mais rock?" ou "por que tem pouco rock?". As doses recentes de rock do festival têm alimentado o coro dos descontentes. Numa enquete feita há poucos dias no Twitter, a suposta falta de rock do RiR venceu outras opções como a inserção de um grupo de k-pop no evento, que seria algo inédito e espelhado com o que tem acontecido em festivais no exterior. | ||
Vejamos a edição de 2022 do Rock in Rio. Dos seis dias já definidos ou quase definidos, dois têm o line up com rock, um mistura rock e pop, e o dia com programação ainda não divulgada já está intencionalmente reservado para o rock. Então o rock vence o pop e outros gêneros por 4 a 3 (dias de duração do evento). | ||
Mas é pouco rock, se o nome é Rock in Rio, ainda afirmariam fãs do gênero. O publicitário Roberto Medina, criador do festival, diz que Rock in Rio virou uma marca, não uma designação do repertório. Mas a verdade é que o festival nunca foi só de rock. Desde a primeira edição, em 1985, artistas com repertório alheio ao gênero são escalados. | ||
Talvez o problema atual seja o "rock" no nome. Na Europa e nos EUA, o gênero já não identifica mais boa parte dos grandes festivais. O Wacken Open Air, da Alemanha, por exemplo, é radicalmente só de rock, mas você tem que ver o line up ou já conhecer a fama do evento para saber. O Primavera Sound, da Espanha, tem doses de rock, mas tem um nome que dá liberdade para que se coloque qualquer tipo de música no evento, o que, no fundo, acontece. O mesmo vale para o Coachella, dos EUA. E o que dizer do Lollapalooza, criado por um artista de rock (Perry Farrell, do Jane's Addiction) e sempre com boa porção de rock, mas igualmente livre para mostrar shows de todo tipo de variante da música pop? | ||
Por outro lado, lá fora, se tiver rock no nome, tem que ser de rock. A produção do sueco Sweden Rock vai ouvir muito se um dia resolver inserir outro gênero no cardápio. | ||
Enfim, essa discussão sobre o Rock in Rio ter rock no nome, mas pouco rock, é cansativa. Nem deveria mais voltar à pauta. Mas foi só aparecer como sugestão numa enquete que...pronto: "se é Rock in Rio, tem que ter rock". E vamos lá de novo... |