Se é Rock in Rio, por que não tem mais rock?
5
1

Se é Rock in Rio, por que não tem mais rock?

Uma velha reclamação voltou a ser feita nesta semana, ainda que sutilmente. De dois em dois anos, sempre aparece alguém questionando:  "se é Rock in Rio, por que não tem mais rock?" ou "por que tem pouco rock?". As doses recentes de rock do f...

Flesch
3 min
5
1
O Rock in Rio de 2022 acontece nos dias 2, 3, 4, 8, 9, 10 e 11 de setembro 
O Rock in Rio de 2022 acontece nos dias 2, 3, 4, 8, 9, 10 e 11 de setembro 

Uma velha reclamação voltou a ser feita nesta semana, ainda que sutilmente. De dois em dois anos, sempre aparece alguém questionando:  "se é Rock in Rio, por que não tem mais rock?" ou "por que tem pouco rock?". As doses recentes de rock do festival têm alimentado o coro dos descontentes. Numa enquete feita há poucos dias no Twitter, a suposta falta de rock do RiR venceu outras opções como a inserção de um grupo de k-pop no evento, que seria algo inédito e espelhado com o que tem acontecido em festivais no exterior.

Vejamos a edição de 2022 do Rock in Rio. Dos seis dias já definidos ou quase definidos, dois têm o line up com rock, um mistura rock e pop, e o dia com programação ainda não divulgada já está intencionalmente reservado para o rock. Então o rock vence o pop e outros gêneros por 4 a 3 (dias de duração do evento).

Mas é pouco rock, se o nome é Rock in Rio, ainda afirmariam fãs do gênero. O publicitário Roberto Medina, criador do festival, diz que Rock in Rio virou uma marca, não uma designação do repertório. Mas a verdade é que o festival nunca foi só de rock. Desde a primeira edição, em 1985, artistas com repertório alheio ao gênero são escalados.

Talvez o problema atual seja o "rock" no nome. Na Europa e nos EUA, o gênero já não identifica mais boa parte dos grandes festivais. O Wacken Open Air, da Alemanha, por exemplo, é radicalmente só de rock, mas você tem que ver o line up ou já conhecer a fama do evento para saber. O Primavera Sound, da Espanha, tem doses de rock, mas tem um nome que dá liberdade para que se coloque qualquer tipo de música no evento, o que, no fundo, acontece. O mesmo vale para o Coachella, dos EUA. E o que dizer do Lollapalooza, criado por um artista de rock (Perry Farrell, do Jane's Addiction) e sempre com boa porção de rock, mas igualmente livre para mostrar shows de todo tipo de variante da música pop?

Por outro lado, lá fora, se tiver rock no nome, tem que ser de rock. A produção do sueco Sweden Rock vai ouvir muito se um dia resolver inserir outro gênero no cardápio. 

Enfim, essa discussão sobre o Rock in Rio ter rock no nome, mas pouco rock, é cansativa. Nem deveria mais voltar à pauta. Mas foi só aparecer como sugestão numa enquete que...pronto: "se é Rock in Rio, tem que ter rock". E vamos lá de novo...