Por que o mundo está do jeito que está? - V
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Por que o mundo está do jeito que está? - V

Edward Younkins• Le Québécois Libre

Free Brasil
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Edward YounkinsLe Québécois Libre

<i><b><i><b>Estátua "El Petó de la Mort" no cemitério Pobleneau, em Barcelona. Na obra, está esculpido um homem que é beijado pela morte e tem seu coração jovem extinguido. A tolerância, a razão e a liberdade parecem encontrar um fim similar frente a teorias que negam a existência da verdade.</b></i></b></i>
Estátua "El Petó de la Mort" no cemitério Pobleneau, em Barcelona. Na obra, está esculpido um homem que é beijado pela morte e tem seu coração jovem extinguido. A tolerância, a razão e a liberdade parecem encontrar um fim similar frente a teorias que negam a existência da verdade.

Nesta série de textos traduzidos pela Free, Edward Younkins apresenta uma análise sobre o relativismo cultural, sua evolução teórica ao longo do tempo e suas consequências.

Younkins também demonstra como os descendentes intelectuais dessa corrente contribuem para a fragmentação dos princípios que permitiram o desenvolvimento da razão científica, da ética e de sociedades mais livres no Ocidente e ao redor do mundo.

Capítulo V - Desconstrucionismo & Pós-Modernismo

- Descontrucionismo

A desconstrução denota uma prática política de tentar desvalorizar e desmontar a lógica pela qual um sistema específico de pensamento preserva a sua integridade. Os desconstrucionistas afirmam que palavras são inadequadas para definir a realidade. Eles argumentam que a linguagem, principalmente na forma escrita, intercede entre o leitor e as ideias.

De acordo com eles, tudo é simplesmente aparência em perspectiva e não há uma maneira fixa de discernir o significado linguístico. Segue-se que, quando os críticos analisam uma obra de literatura, eles não analisam o que o escritor originalmente quis dizer, mas sim o que ele próprio como leitor interpreta a partir da obra.

Como críticos do texto e da linguagem, tentam entender como a mídia e o vocabulário usados ​​para representar as ideias falham em significar a mesma coisa para todas as pessoas. Como a ideia do autor perde seu significado, não há mais necessidade de determinar qual era o significado em seu contexto original.

Em vez disso, o contexto do leitor se torna fundamental. Depois que a ideia de verdade objetiva e alcançável é desacreditada como mito, não há mais confiança na verdade, algo que possa ser obtido pela razão. Os desconstrucionistas argumentam que a razão é simplesmente uma tentativa de “metanarrativa” (isto é, uma tentativa de controlar os valores sociais). A literatura e a linguagem tornam-se meios de promover a ideologia, pois cada grupo representa sua própria visão de mundo. Elas seriam meios para impor uma ideologia específica a outros com o propósito óbvio de exploração.

- Pós-Modernismo

De acordo com o pós-modernismo, a realidade é socialmente construída e o pluralismo é um fato da vida. Os pós-modernistas exibem descrença em metanarrativas em uma miríade de áreas, como crítica literária, teoria política, música, arquitetura, etc. Eles exibem desdém pelas ideias modernas de racionalidade, progresso linear e de qualquer maneira certa de fazer as coisas.

Os pós-modernistas apontam falhas nos sistemas de pensamento que tentam explicar o mundo, suas leis sociais e naturais, sua verdadeira moralidade, o caminho da história e a natureza da pessoa humana, em termos universais que se aplicam igualmente a todas as pessoas em todos os tempos e locais.

O pós-modernismo tende a girar em torno dos seguintes temas: 

(1) A obtenção da verdade universal é impossível; 

(2) Nenhuma ideia ou verdade é transcendente; 

(3) Todas as ideias são culturalmente ou socialmente construídas; 

(4) Os fatos históricos não são importantes ou relevantes; 

(5) As ideias são verdadeiras apenas se beneficiarem grupos oprimidos; 

Os pós-modernistas geralmente usam conceitos marxistas (por exemplo, opressão, desigualdade, revolução e imperialismo) para atacar e desacreditar a cultura ocidental. Sua visão exclui a metafísica, a ontologia, a epistemologia e a ética porque esses tipos de estudo pressupõem uma realidade universal fixa.

O pós-modernismo nega a base para se saber qualquer coisa, exceto a ele mesmo. Consequentemente, os pós-modernistas proclamam uma validação universal de todas as ideias. Ironicamente, o resultado é uma filosofia que aceita apenas verdades locais (ao invés de verdades universais), dividindo assim as pessoas de acordo com raça, sexo, localidade, etc, gerando uma intolerância semelhante à exibida no racismo e outros preconceitos. Quando as verdades de várias grupos são diferentes dependendo das diferenças entre eles, então as diferenças entre eles não podem ser negligenciadas - elas se tornam extremamente importantes!

O pós-modernismo engloba a ideia de que as pessoas contam histórias para explicar o mundo. Nenhuma dessas histórias é realidade, mas são simplesmente representações da realidade com base em informações incompletas e muitas vezes imprecisas. Há uma variedade de realidades socialmente construídas, sistemas de crenças e histórias que tentam explicar o mundo. 

"Na concepção pós-moderna, o mundo seria como um teatro no qual todos nós somos lobistas concorrentes. Não existem verdades objetivas, nem a possibilidade de indivíduos de grupos diferentes tomarem uma decisão racional sob os mesmos parâmetros. Ironicamente, o resultado é uma filosofia que aceita apenas verdades locais, fomentando uma intolerância semelhante à exibida no racismo e outros preconceitos." - Edward Younkins

As pessoas constroem histórias que parecem se adequar às informações à sua disposição. Isso é análogo à ideia de Thomas Kuhn de mudanças de paradigma na ciência. Quando os experimentos produzem evidências que não se enquadram no paradigma reinante, então, eventualmente, um novo paradigma que explica melhor as evidências disponíveis é adotado.

O pós-modernismo pode ser evidenciado nas seguintes instâncias. Alguns acadêmicos pós-modernistas acreditam que não existe um eu, em vez disso, o “self” é uma realidade socialmente construída em mudança. Outros afirmam, mesmo sem muitas evidências e frequentemente sem o uso da lógica, que a função do cérebro é contar histórias  em um esforço para dar sentido ao mundo. Muitos acreditam que a crítica literária encontra significado apenas na experiência do leitor - o leitor cria a realidade do livro, debatem a ideia de representar qualquer coisa com palavras.

Na concepção pós-moderna, o mundo seria como um teatro no qual todos nós somos lobistas concorrentes. Por exemplo, os líderes políticos tentam fazer com que sua história seja contada pela mídia e acreditada pelo povo. Na lei, muitos estudiosos rejeitam a ideia de princípios jurídicos permanentes. Em psicologia, um método para tratar as pessoas envolve a criação de uma nova história de vida para elas (ou seja, dar um sentido diferente às suas circunstâncias).

- Em resumo

Os pós-modernistas são unificados em seu repúdio às verdades universais.

Eles partem de sua comunhão para se juntar a várias facções a fim de participar do debate. Como deconstrucionistas, entendem que não podemos conhecer universalmente a realidade objetiva, afirmam que podemos construí-la ou defini-la da maneira que escolhermos. Depois, afirmam que a falta de verdades universais explica a própria comunidade local - as pessoas devem permanecer com as crenças e conceitos que são capazes de conhecer, aqueles naturais ao seu próprio grupo cultural.

Os pós-modernistas estão constantemente se redefinindo e buscando um novo significado. Como localizadores e solucionadores de problemas, tendem a reduzir a vida (e especialmente as questões políticas e sociais) a problemas e soluções. Eles também gostam de se engajar no pensamento de base zero, descartando o conhecimento sistemicamente evoluído através da história humana.

Edward Younkins é professor de filosofia política e economia na Wheeling University e autor de obras como "Champions of Free Society" e "Flourishing and Happiness in a Free Society".


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