Por que o mundo está do jeito que está? - VI
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Por que o mundo está do jeito que está? - VI

Edward Younkins• Le Québécois Libre  

Free Brasil
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Edward Younkins• Le Québécois Libre  

<i><b><i><b>Estátua do fundador da União Soviética, Vladmir Lenin, nas margens do lago Razliv, na cidade de São Petersburgo, Rússia.</b></i></b></i>
Estátua do fundador da União Soviética, Vladmir Lenin, nas margens do lago Razliv, na cidade de São Petersburgo, Rússia.

Nesta série de textos traduzidos pela Free, Edward Younkins apresenta uma análise sobre o relativismo cultural, sua evolução teórica ao longo do tempo e suas consequências.

Younkins também demonstra como os descendentes intelectuais dessa corrente contribuem para a fragmentação dos princípios que permitiram o desenvolvimento da razão científica, da ética e de sociedades mais livres no Ocidente e ao redor do mundo.

Capítulo VI - A Filosofia da Engenharia Social

A filosofia da engenharia social, uma descendente recente do relativismo cultural, está refletida nas políticas e agendas de direitos civis contemporâneas e é baseada em cinco conceitos: coletivismo, determinismo, igualitarismo econômico, elitismo e vitimização histórica.

O multiculturalismo, uma fusão de coletivismo e determinismo, afirma que ninguém pode evitar as forças impostas por raça, etnia, gênero, etc. “Felizmente”, de acordo com os proponentes da engenharia social, existe uma elite capaz de remediar esta vitimização histórica. 

Subjacente à filosofia da engenharia social está a ideia de que todos os indivíduos devem ser economicamente iguais. Quando existe alguma desigualdade, ela é sempre explicada pela existência de exploração, discriminação ou exclusão. Consequentemente, a elite precisa atuar por meio dos sistemas jurídicos e educacionais a fim de estabelecer a igualdade econômica que teoricamente existiria na ausência de exploração e dominação.

Essa elite inclui indivíduos e grupos que excedem em muito a população geral em intelecto, sentem-se moralmente superiores e dedicam-se ao "bem comum". Sua superioridade geral permite que usem seu intelecto articulado para funcionar como tomadores de decisão substitutos no planejamento econômico e social do governo. Sua sabedoria, conhecimento, virtudes especiais, compaixão, compromisso e intenções os qualificam para guiar as ações de muitos, seja por meio da articulação ou da força.

Como a elite tende a presumir que a natureza humana é infinitamente maleável, ela tenta moldar a natureza das pessoas de acordo com seus julgamentos superiores e visões avançadas. Infelizmente para seus defensores, a filosofia da engenharia social é irracional e inconsistente.

"O construtivismo social, do qual surgem muitos dos pensamentos utópicos e coletivistas, é em grande parte um disfarce ideológico para a psicopatologia. Ele surge da inabilidade de se viver com o mundo como ele é, e portanto, tenta-se fabricar uma sociedade que se adequa à esta condição psicológica." - James Lindsay

Esta forma de coletivismo não representa nada do que existe na realidade. Somente indivíduos, com inúmeras diferenças e experiências, podem pensar e agir. Embora as pessoas possam compartilhar características biológicas, elas diferem em inúmeras outras maneiras que são necessárias para sua identidade como pessoas individuais.

Se os multiculturalistas, pós-modernistas e construtivistas entendessem o mundo assim, seu elitismo intelectual seria inviável e descartável porque as elites se veriam afetadas por fatores causais como qualquer outra pessoa. Além disso, o igualitarismo econômico é inconsistente, devido a uma multiplicidade de fatores econômicos, sociais, individuais e biológicos o status não igualitário do mundo é simplesmente inevitável. O igualitarismo depende da ação autoritária de um elitismo que reconhece a existência de uma casta de indivíduos mais inteligentes e com uma suposta compreensão moral superior. 

Finalmente, a ideia de vitimização perde sua plausibilidade se tanto o coletivismo quanto o determinismo acerca da natureza humana são rejeitados como irracionais. No livro “Tirania da Razão”, Yuval Levin explica que a perspectiva das ciências sociais sustentam que a verdade no mundo social não é essencialmente diferente da verdade encontrada pela ciência na natureza.

Esta falha em reconhecer a aplicação inadequada do raciocínio científico por engenheiros sociais arrogantes pode ter consequências devastadoras, incluindo a limitação da liberdade do pensamento, das ações do homem e a desvalorização da busca por um sentido em sua vida.

Estudantes confusos da política e da sociedade tentam aplicar as mesmas regras e padrões do mundo social no mundo natural buscando uma fórmula precisa por trás do comportamento social dos homens. Os chamados “especialistas” não conseguem perceber que o pensamento científico busca significado em causas existentes no passado, enquanto os seres humanos tomam decisões com base em propósitos que visam o futuro. Como o mundo da ciência é um mundo de causas, não de propósitos, ele não pode responder à pergunta “por que?”. O mundo humano não pode ser adequadamente descrito em termos de causas sem propósitos e meios sem fins.

- Em resumo

Abordar o mundo humano da perspectiva construtivista restringe a liberdade do homem, rouba das pessoas o senso de controle e as encoraja a entregar seus destinos aos engenheiros sociais que acreditam em sua capacidade superior de descobrir, compreender e prever o arranjo adequado da sociedade e as verdades subjacentes do mundo humano. 

Claro, o conhecimento necessário para esses arquitetos sociais e construtivistas é inatingível, o melhor que podemos alcançar é o conhecimento parcial do mundo humano.

O determinismo surge naturalmente da perspectiva científica social. A crença no determinismo leva as pessoas a pensar que não têm um papel ativo a desempenhar no controle de seu próprio futuro. Cientistas sociais utópicos tendem a desprezar a política deliberativa, a democracia participativa e favorecer um gerenciamento científico, o planejamento central, a engenharia social e o controle governamental sobre a economia.

Edward Younkins é professor de filosofia política e economia na Wheeling University e autor de obras como "Champions of Free Society" e "Flourishing and Happiness in a Free Society".


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