11 - Entrevista Exclusiva com Thiago Bomfim - FK Babrungas
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11 - Entrevista Exclusiva com Thiago Bomfim - FK Babrungas

Na 10ª entrevista do @FutebolLituano, trazemos o meia Vitinho do FK Atmosfera, que disputa a Optibet I Lyga, a segunda divisão do futebol da Lituânia. Vitor Prado, como também é conhecido por lá, é natural de Lençóis Paulista e tem 25 anos. ...

Futebol Lituano
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Em mais uma entrevista do @FutebolLituano, trazemos o Técnico Thiago Bomfim, que dirige o U14 e U19 do FK Babrungas, equipe que disputa a Optibet I Lyga, a segunda divisão da Lituânia. Thiago Bomfim trabalha há 12 anos nos países bálticos.

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Cria do Méier, na zona norte carioca, Bomfim tem vasta experiência não apenas no futebol, mas também na própria vida dos países bálticos e aborda muitas questões interessantes nesta entrevista.

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Em sua juventude, Bomfim foi goleiro e jogou na base do Vasco e do  Casimiro de Abreu. No Mesquita, assinou contrato como profissional e chegou a jogar alguns amistosos pela equipe da Baixada.

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Por estar cursando Educação Física, Bomfim largou a carreira de atleta e começou a trabalhar em comissões técnicas de equipes cariocas. O início foi como treinador de goleiros, depois preparador físico e por fim técnico de futebol, sempre em equipes do Rio.

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A primeira experiência como técnico foi no Sub14 do Mesquita. Preparador físico da equipe, Bomfim teve que comandar a equipe em jogo contra o Ceres devido a um problema de saúde do técnico. Ele nos conta que "nunca havia pensado nisto, mas quando fui para o jogo, senti uma adrenalina muito forte e foi paixão à primeira vista".

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Na base, Thiago Bomfim foi preparador físico também do São Cristóvão e do Boavista. Atuou como técnico no Vasco e no Olaria. Ainda muito jovem, Bomfim dirigiu a equipe profissional do Rio São Paulo e foi preparador físico dos profissionais do EC Marinho.

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Sua ida para os Bálticos não teve origem exatamente no futebol. Thiago Bomfim conta que teve um sonho em que pregava o Evangelho em um lugar coberto de neve. Vários eventos o levaram a descobrir que esse lugar era a Letônia. 

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Após anos de preparação, em 2010 Thiago Bomfim, com apenas 24 anos, foi cumprir sua missão na Letônia. E nunca desistiu. Continua por lá, após 12 anos, casado com uma letã e com filhos.

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Na Letônia, Thiago Bomfim afirma que "já fui quase de tudo: treinador, treinador de goleiros, preparador físico, cartola, dono de clube...". Um dos clubes em que Bomfim trabalhou na Letônia foi o Liepaja, que disputa a Virsliga.

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Dois anos atrás surgiu o convite para trabalhar no Babrungas, dirigindo as equipes U14 e U19, no que Bomfim define como "a melhor experiência profissional que já tive".

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Thiago Bomfim diz que "o futebol ainda está em desenvolvimento aqui e temos uma concorrência com o basquete, que é o primeiro esporte na Lituânia". Assim, os jovens mais atléticos preferem se dedicar ao basquete como primeiro esporte.

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Um problema paradoxal na formação de jogadores é o próprio padrão de vida dos jovens lituanos, que têm "uma vida tranquila, pacata e muito justa sem pobreza ou uma grande desigualdade".

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Assim, a falta de fome de vencer os deixa mais fracos emocionalmente e até fisicamente. Além disso, Thiago diz que "muitos dos meus atletas tem problemas sérios coordenativos e de força, por um tempo exacerbado à frente das telas do celular e do computador".

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O treinador, que possui Licença A da UEFA, se enche de orgulho para falar da equipe U14 do Babrungas: "são jogadores que se tornaram muito fortes mentalmente. Vemos os jogadores com potencial de se tornarem profissionais".

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Já no U19, "o objetivo é promover atletas para a equipe principal e conseguimos isso, durante nosso primeiro ano, todos os jogadores tiveram oportunidade de treinar com a equipe principal, 12 jogaram e 8 ficaram efetivos".

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Como técnicos que o influenciaram na sua carreira, Bomfim destaca os letões Jānis Segliņš e Ingus Lukovičs, com quem trabalhou na base do Liepaja e os portugueses Luis Andrade e João Luis Martins (foto) com quem fez estágio no FK Panevėžys.

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Bonfim também nos falou das diferenças entre trabalhar com atletas profissionais e com a base: "a diferença é no objetivo e na forma de lidar com as pessoas, você pouco educa o atleta como indivíduo. Já na base, o foco é o indivíduo. Como potencializá-lo em um grupo. Vitórias são substituídas pela evolução individual e coletiva como objetivo primário".

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Bonfim entende que "a próxima geração será de homens fracos e é uma ótima oportunidade de tutoriar jovens a se tornarem homens fortes. Ensiná-los o processo do sucesso. Eu digo aos pais dos atletas do U14, meu trabalho é formar os novos líderes da Lituânia e uso o futebol para isso".

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Thiago Bomfim tem como objetivo se tornar técnico de equipes profissionais. Para isso, entende que precisa trabalhar ainda mais e melhor e que é desse trabalho que depende a meta traçada para sua carreira.

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Thiago Bomfim vê que o futebol dos países bálticos está se desenvolvendo de forma forte, especialmente na base. Mais uma vez, por fatores de mentalidade e cultura muitos talentos se perdem.

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"Vi muitos jogadores excelentes largarem o futebol porque queriam noitada, beber e fumar. É comum encontrar atletas que abandonaram o futebol para ganhar dinheiro, para namorar, festas, bebidas. Na menor das dificuldades, os atletas abandonam o futebol, isto porque não há uma real necessidade de se jogar futebol para uma mudança de vida".

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Assim, muitos bons jogadores levam o futebol como hobby ou uma forma de se manter em forma. O futebol exige do atleta mais idade do que 18 anos para se tornar profissional e ganhar dinheiro, por isso muitos abandonam no caminho.

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Thiago Bomfim acredita os atletas nascidos entre 2003 e 2005 poderão melhorar o desempenho das seleções dos países bálticos, "pois é a primeira geração de novos treinadores, a esperança é de melhores resultados".

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Quanto à presença de público nos estádios, Bomfim não vê uma mudança de cenário. No Mundial de Futsal da Lituânia em 2021 "alguns jogos estavam vazios, apesar do ingresso  barato e da oportunidade única, é uma questão cultural. É como chamar o brasileiro para assistir um jogo de handball".

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Bomfim não vê um treinador renomado mudando o patamar da seleção lituana. "O problema é cultural, emocional e motivacional. Não é tático, nem técnico. É acreditar que o impossível é possível, é ter uma atitude profissional que ainda falta".

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Perguntamos para o técnico se existe a possibilidade  de jogadores estrangeiros se naturalizarem e reforçarem a Seleção Lituana. Ele acha difícil, "as regras são muito rígidas, se forem flexibilizadas, muitos russos podem obter a cidadania e o direito ao voto e causar problemas até na soberania dos bálticos".

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Esperamos que os fãs de futebol alternativo tenham gostado da 11ª entrevista da página @FutebolLituano. Aproveitamos para agradecer ao Thiago Bomfim pela sua paciência em nos conceder a entrevista e para desejar muito sucesso nessa sua caminhada como treinador de futebol na Europa.

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