Com menos de um mês de vida, @FutebolLituano traz a segunda entrevista exclusiva com jogadores que atuam na Optibet A-Lyga, a divisão de elite do futebol da Lituânia. Dessa vez, o entrevistado é o meio-campista Leo Antonio, titular absoluto d...
Com menos de um mês de vida, @FutebolLituano traz a segunda entrevista exclusiva com jogadores que atuam na Optibet A-Lyga, a divisão de elite do futebol da Lituânia. Dessa vez, o entrevistado é o meio-campista Leo Antonio, titular absoluto do Džiugas Telšiai! | ||
O Džiugas Telšiai está em 9º lugar na A-Lyga, após dez rodadas disputadas. Vale a pena ler essa entrevista, que revela um pouco dos muitos obstáculos enfrentados por um atleta profissional e do quanto é preciso ter foco, perseverança e comprometimento para vencer na carreira. | ||
Leo Antonio, 24 anos, é de Mesquita no Estado do Rio de Janeiro. Começou a jogar na Portuguesa do Rio, equipe pela qual foi vice-campeão sub 20 da Copa Rio 2017, com excelente campanha e perdendo apenas para o Botafogo na final. | ||
Em 2018, já profissional, Leo Antonio jogou a segundona carioca pelo Gonçalense, da cidade de São Gonçalo, do outro lado da Ponte Rio Niterói. | ||
No ano seguinte, em 2019, Leo Antonio recebeu proposta de um empresário para atuar no Džiugas Telšiai, então na segunda divisão da longínqua Lituânia. | ||
Então com apenas 21 anos, Leo Antonio desembarcou na Lituânia sem nenhuma referência da equipe, do campeonato ou do país, foi mesmo na cara e na coragem. À época não havia nenhum outro brasileiro no Džiugas. | ||
Ele conta que sua adaptação não foi nada fácil, “não falava inglês e em um país distante e culturalmente muito diferente do meu foi muito difícil, o clima, a culinária, tudo”. | ||
Na bola, contudo, Leo Antonio foi bem. Cresceu junto com a equipe e as coisas começaram a engrenar. Em 2020, Leo Antonio jogou ao lado de Giordano Piffero, filho do ex-presidente do Internacional Vitorio Piffero. A boa campanha na Prima Lyga levou o Džiugas Telšiai ao acesso. | ||
Em 2021, Leo Antonio também foi fundamental para a campanha que assegurou o oitavo lugar do Džiugas Telšiai na A-Lyga e sua permanência na divisão de elite do futebol lituano. | ||
Agora já em sua quarta temporada no Džiugas Telšiai, Leo Antonio ainda encontra desafios. Além do estilo de jogo diferente do futebol brasileiro, o jovem técnico da equipe Marius Šluta, 37 anos, muda bastante o jeito de jogar da equipe de acordo com o adversário. | ||
Leo Antonio é presença certa no time titular, ele participou de todos os nove jogos do primeiro turno e só não jogou no recente empate do Džiugas contra o Banga Gargždai por conta dos cartões amarelos. | ||
Para Leo Antonio, as “principais dificuldades que brasileiros e estrangeiros em geral encontram na Lituânia são mesmo o clima e a língua” e que “culturalmente nós brasileiros falamos apenas nosso idioma e com a vinda para outro país a comunicação é essencial para a adaptação”. | ||
Em relação à estrutura da equipe, o meio campista frisa que ela é compatível com um time de cidade pequena. Ele teceu elogios à torcida do Džiugas: “eles apoiam bastante por mais que sejam poucos, mas eles são fiéis ao que acreditam, eles amam o clube e apoiam demais”. | ||
A cidade de Telšiai, localizada no norte da Lituânia e capital da região étnica da Samogitia, não tem muito mais de vinte mil habitantes. Assim, Leo Antonio acaba sendo reconhecido quando de suas andanças pela cidade: “costumo dizer que todos sabem quem é quem na cidade”. | ||
Leo Antonio está sozinho na Lituânia, diz que sente “falta da família e é bem complicado estar longe dos seus, porém faz parte do processo”. | ||
Além de encarar com naturalidade todas essas dificuldades, Leo traz mais uma prova da sua dedicação ao clube e do respeito com seus aficionados: embora no dia a dia do clube se comunique mais em inglês, ele também consegue falar bem o lituano, “por mais que seja bem complicado”. | ||
Um prêmio para o profissionalismo e a dedicação está no fato de que, neste ano, Leo Antonio assinou contrato com uma tradicional empresa francesa de gerenciamento de carreiras de atletas. | ||
Diante de tantos episódios negativos que acontecem no futebol, perguntamos para Leo Antonio se ele já sofreu alguma forma de racismo por parte de torcedores rivais ou mesmo no seu dia a dia na Lituânia. Ele nos contou que “graças a Deus não sofri com esse mal que habita o mundo, as pessoas me respeitam bastante mesmo que, obviamente, para eles é diferente ver uma pessoa negra num país onde não há muitos negros, mas eu não fico focado muito nisso”. | ||
Quanto à guerra entre Rússia e Ucrânia, também perguntamos ao Leo Antonio se existe entre os jogadores brasileiros ou entre a população lituana algum temor de uma possível agressão russa ao país báltico que, é bom dizer, faz fronteira com o exclave russo de Kaliningrado Oblast. | ||
Para encerrar nosso bate papo com o camisa 5 do Džiugas, pedimos que ele contasse alguma curiosidade do futebol lituano. Leo Antonio lembrou que mesmo estando em sua quarta temporada no país ainda acha estranho que grande parte da população lituana seja fumante. Entre risadas, Leo Antonio revelou que, naturalmente, isso também se estende aos jogadores lituanos, “para mim, isso é bizarro e muitos dos jogadores têm esse hábito”. | ||
Esperamos que vocês fãs do futebol alternativo tenham apreciado essa segunda entrevista exclusiva com jogadores da A-Lyga. Nosso objetivo é continuar trazendo mais jogadores que atuam na Lituânia para dividir com a gente coisas interessantes sobre o mundo do futebol. | ||