Eu sou bilíngue, não sei exatamente desde quando, mas descobri a pouquíssimo tempo.
Eu sou bilíngue, não sei exatamente desde quando, mas descobri a pouquíssimo tempo. | ||
Eu nunca havia conversado em inglês antes com ninguém. Meu script padrão era: "bom, eu leio, escrevo e ouço inglês bem, mas não falo". Quando precisava conversar em inglês ou pronunciar alguma palavra vinha um branco na mente, a pronuncia saia suja... e eu ficava na base do "hi lorena", mesmo sabendo conversar espontaneamente com as moscas do banheiro. | ||
Mas um dia lá estava eu no aeroporto de Guarulhos, onde conheci uma gringa esperando o mesmo voo que eu e precisava de informações para embarcar. Passamos horas a fio conversando em inglês sobre nossas diferenças culturais, gostos, detalhes sobre a vida pessoal e... a conversa fluiu super bem(?). No começo engasguei um pouco, mas no decorrer a espontaneidade tomou conta e foi uma conversa muito gostosa. Depois que embarquei no avião só conseguia pensar: "... eu falo inglês?" | ||
E esse momento pra mim foi extremamente importante pra ganhar confiança. Depois procurei pessoas de outros países pra conversar pela internet e vi que fluía do mesmo jeito. | ||
Abaixo alguns insights que essas experiências me proporcionaram: | ||
1 - Tá tudo bem em não entender tudo que o outro fala | ||
Eu lembro que, apesar de ter fluido bem a nossa conversa no aeroporto, repeti várias vezes as frases "I'm sorry" ou "can you repeat please?". Sei que as vezes pedir pra repetir é um saco, mas não são todas as pessoas se aborrecem com isso, até porque entendem que não é sua língua nativa. Existem várias maneiras de se falar um idioma e nem sempre você está familiarizado com sotaques diferentes, ninguém fala igual aquela mulher do microsystem da professora de inglês: "Lesson 1, listen and repeat". | ||
2 - A velha máxima: a prática leva à perfeição | ||
Invente um cenário durante o banho, seja uma discursão, uma reunião, uma entrevista de emprego, uma sessão de terapia com uma psicóloga invisível... existem mil e uma possibilidades de inventar um diálogo na sua cabeça e falar em voz alta. Se não souber uma palavra dentro do contexto, murmura e segue adiante (não dá pra anotar nada durante o banho). Com o passar do tempo, essas lacunas de palavras tendem a diminuir e as moscas de banheiro estarão te aplaudindo. | ||
Outra forma de praticar é nas plataformas de conversação. Recomendo fortemente a Free4Talk. Por lá não encontrei nenhum nativo da língua inglesa, mas encontrei professores e pessoas realmente interessadas em trocar aprendizado de diversos lugares do mundo. Eu confesso que me sinto insegura com stalkers ou com pessoas mal intencionadas, então uso uma conta fake e dá super certo. | ||
3 - Orgulhe-se do seu sotaque | ||
Certo é Joel Santana que tá pouco se lixando se ninguém entende o inglês dele com sotaque carregadíssimo. Seu sotaque não é vergonhoso, faz parte da sua origem, cultura e de seu lugar no mundo. Essa cobrança em falar tal qual nativo é de um viralatismo qual nós não precisamos continuar carregando. Não gostou do meu sotaque? Morde as costa. | ||
4 - A segurança não impacta apenas no "falar em inglês", mas talvez na comunicação em geral | ||
A forma como me comunico mudou porque passei me sentir mais segura. Sempre fui muito tímida e tinha problemas para ministrar reuniões ou para expor alguns pontos de vista mesmo em português. Acredito que isso foi um ponto positivo para minha autoestima. Entendi que eu não falo grego, as pessoas ao meu redor me entendem sim. | ||
Espero que de alguma forma minha experiência e meus insights te ajude a desempacar desta fase. :) | ||
Este é meu primeiro texto publicado. Se você leu até aqui, muito obrigada. Se gostou, te convido a me acompanhar. É nois! |