O Que Fiz Quando Ganhei Meu Primeiro Salário
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O Que Fiz Quando Ganhei Meu Primeiro Salário

Eu tinha 16 para 17 anos quando comecei em meu primeiro emprego de estagiária em uma agência bancária. Meu salário era de 477 reais e eu estava animada e ansiosa ao mesmo tempo. Como é trabalhar? Como é ter meu dinheiro? Como lidar com as nov...

Giovana Zanardo Veloso
3 min
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Eu tinha 16 para 17 anos quando comecei em meu primeiro emprego de estagiária em uma agência bancária. Meu salário era de 477 reais e eu estava animada e ansiosa ao mesmo tempo. Como é trabalhar? Como é ter meu dinheiro? Como lidar com as novas responsabilidades? Em meio a toda animação e ansiedade do começo, chegou o dia em que eu receberia meu primeiro salário. Lembro de inserir meu cartão no caixa eletrônico, selecionar a opção de extrato na tela e lá estavam os 477 reais tão esperados.

Nos meus planos para aquele primeiro pagamento já havia algo no topo da lista: uma progressiva no cabelo. As madeixas volumosas, resultado da enorme quantidade de cabelo que herdei da minha genética, acabavam me deixando incomodada, então não demorou muito para que eu estivesse no salão fazendo a tão desejada progressiva. Agora com o cabelo bem liso e lambido - como diria a minha mãe - estava eu, iniciando minha jornada profissional, escrevendo as primeiras linhas da minha história com meu próprio dinheiro. Eu não tinha muito conhecimento sobre finanças pessoais, mas aquele gasto havia me deixado feliz, estava me sentindo melhor comigo mesma, mais confiante, parecia ter tomado uma injeção de autoestima.

Hoje, ao me lembrar dessa história, fico pensando em como os destinos que damos ao nosso dinheiro, mesmo que sejam gastos ou uma compra qualquer, podem ser considerados um investimento. Querendo ou não, aquilo que compramos ou com o que gastamos nosso dinheiro vai nos trazer um resultado bom ou ruim, haverá um retorno, mesmo que imperceptível, positivo ou negativo, como em qualquer investimento.

Essa mentalidade é capaz de mudar completamente nossa forma de lidar com o dinheiro, a partir do momento que nos força a pensar nos resultados de um gasto da mesma forma que pensamos quando vamos realizar algum investimento. Paramos, analisamos as possíveis consequências, pesamos os prós e os contras e, no final, acabamos por dar destinos mais conscientes aos nossos recursos.

Quando se trata de economizar e ajustar as finanças que estão fora do controle, agir dessa forma é, inclusive, mais inteligente do que sair cortando gastos. O que normalmente acontece quando decidimos eliminar algumas despesas do nosso orçamento é que, em pouco tempo, algumas delas começarão a nos fazer falta, já que, provavelmente, nos traziam um retorno bom e talvez nem nos dávamos conta disso. Então vamos lá e voltamos com todos os gastos novamente.

Lidar com dinheiro, apesar de envolver números, não é uma ciência exata. Há muita emoção envolvida, comportamentos, gostos, vontades. Coisas que são difíceis de desvendar muitas vezes. Por isso, se quisermos ter uma relação melhor com nossas finanças, o segredo não está exatamente nas contas de mais ou menos, mas sim na descoberta da nossa essência, dos caminhos que nos fazem bem e dos que nos fazem mal, está na habilidade de enxergar o todo com equilíbrio e leveza.

Hoje, alguns muitos salários depois daquele primeiro, os cabelos volumosos já não são uma dor tão incômoda, então ir ao salão fazer algum procedimento ousado é uma decisão bem mais pensada e ponderada. Assim como outros gastos subiram ao topo da lista e não me fazem pensar muito antes de realizá-los ou não, pois os benefícios e os retornos pessoais estão mais do que claros.

Todo gasto é um investimento e estar consciente disso pode fazer toda a diferença na nossa relação com o dinheiro.