Cuidados que você deveria manter!
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Cuidados que você deveria manter!

Victor Maia10/09/2020
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A vida corporativa e empresarial pode ser um grande vórtex sugador de quase tudo que temos: tempo, energia, disposição, saúde, paz e por aí vai...

Você geralmente começa na empolgação da ideia, fazendo o que você "ama", super motivado e empolgado. Disciplinado ao extremo.

Porém o tempo passa, as obrigações mudam, nem sempre os resultados vem na proporção que esperamos e com isso começam a surgir as frustrações. E o que são as frustrações? Nada mais do que um desalinhamento entre promessa e entrega, expectativa e realidade. No fundo, contamos algumas verdades internamente em nossas cabeças, que só existem para nós mesmos:

  1. "Eu vou conseguir alcançar esse faturamento em X tempo";
  2. "Não preciso de caixa para iniciar a empresa, vou no bootstrap e reinvestirei tudo";
  3. "Conseguirei manter minha agenda bem dividida durante todo esse período";
  4. "Basta encontrar mais pessoas como eu para a empresa ser produtiva";

Mas não se engane, no momento de encarar a verdade sempre "arregamos", abrimos mão e entregamos partes de nós mesmos que são cruciais para fazeremos com que a jornada seja valiosa, e dessa forma o processo torna-se consumidor ao invés de construtor.

E, acredito que este seja o motivo com que vivermos momentos de crescimentos tão absurdos de distúrbios mentais como síndrome de burnout, ansiedade, síndrome de pânico, depressão e por aí vai.

Em geral, quem fala que isso é frescura é porque nunca passou por algo nesse espectro.

Falo isso pois eu era um dos que taxava de "fraco" aqueles que se queixavam de síndrome de burnout, por exemplo. A coisa só mudou quando eu fui a vítima da situação, e posso afirmar, foi uma das piores situações que já passei na vida.

Mas não se engane, o burnout não veio (e não vem) sem antes dar sinais claros de quele vai se instalar. É um inimigo silencioso, que muitas vezes negamos sua existência no auge de nossa prepotência. Falo aqui do burnout por ser o que tenho experiência de causa, vivi na pele e posso afirmar os problemas que ele gera e como ele sorrateiramente "drena" sua energia e felicidade. Mas entenda que pode ser qualquer uma das demais síndromes que citei anteriormente.

Quem vive no mundo da alta-performance, seja nos negócios, esportes, vida pessoal e por aí vai, entende que não há essa história de alta-performance em apenas um aspecto da vida; geralmente busca-se a excelência em ser o melhor em todos os aspectos e prismas da vida. Você quer ser o melhor do mundo em seu trabalho, quer ser o melhor do mundo em sua família, quer ser o melhor do mundo com as finanças, quer ser o melhor do mundo no hobby que pratica, quer ser o melhor do mundo em tudo que faz.

Talvez seja esse o problema. Queremos ser o melhor do mundo e não o melhor que podemos ser.

Você provavelmente já ouviu o conceito do grafite e do diamante, se não ouviu ainda, segue a explicação. Na natureza sabemos que todo diamante um dia foi um grafite, que exposto a uma certa quantidade de pressão torna-se um dimante. E por quê diamantes são tão valiosos? Porque não é comum encontrarmos grafite que tonaram-se diamantes, ou seja, é raro encontrarmos peças que alcançaram a excelência.

Em resumo este é o conceito do grafite e do diamante.

Trazendo isso para o mundo corporativo, nasceu uma crença de que as pessoas de excelência, aquelas que se destacam, sobrevivem à ambientes de extrema pressão, com grande resiliência e, muitas vezes, saindo maiores de grandes dificuldades. O que Taleb chama de Antifrágil.

Até certo ponto concordo, de fato nossas melhores conquistam encontram-se quando nos desafiamos, quando nos colocamos à prova e existem também aqueles que se destacam ao viverem em ambientes de pressão. Podemos observar facilmente no mundo dos esportes por exemplo: Michael Jordan, Ayrton Senna e Kobe Bryant são apenas alguns dos nomes que facilmente surgem quando falamos sobre esse assunto.

No entanto, acredito que o maior problema para o surgimento de crises e instabilidade emocional como a síndrome do burnout se dá devido à uma situação simples. Aqueles que se destacam em algo por longos períodos de tempo, sobrevivem e melhoram em ambientes desse tipo, encontraram a atividade em que amam e que são relamente muito bons; enquanto os que sofrem com síndrome de burnout, por exemplo, na verdade está se extenuando por algo que não gosta. Veja bem, você pode até ser muito bom no que faz, mas esse algo não lhe completa, não lhe faz inteiro e aos poucos você vai cedendo espaço e deixando com que isso tome tempo e espaço das coisas que lhe trazem prazer.

Esse vídeo do Gary Vaynerchuk no Instagram explica muito, muito bem o que estou tentando expor aqui.

Por exemplo, para mim o burnout veio após cinco anos de muita dedicação à uma empresa que não deu certo. Isso gerou muito desgaste físico e emocional, além claro do desgaste financeiro, afinal de contas fiquei de 2015 até 2018 sem colocar um real no bolso.

Seria justo resumir todos os problemas a falta de recursos financeiros? Não, mas de forma superficial é o principal fator para transformar algo que deveria ser prazeroso em algo estressante, especialmente quando tomamos a decisão de construir nossa vida em torno disso.

Mas no fundo, o que mais promoveu o burnout foi uma crescente de autoconhecimento, exploco a seguir.

Durante os seis anos que tive a empresa aberta passei por altos e baixos, muitos momentos de dificuldade e alguns de felicidade. Naquele momento da vida estava medindo o sucesso nos parametros que eu tinha época: tamanho da empresa, volume de faturamento, clientes ativos e por aí vai.

Não estava errado, aliás, não está. O que ocorreu é que com o passar do tempo notei que eu não era capaz o suficiente de fazer certas coisas acontecerem. Após muito refletir, pensar e reconsiderar resolvi jogar a toalha. Sim, desisti.

Os movimentos seguintes foram desafiadores,  e por isso me dediquei a me conhecer ainda mais e por isso busquei acompanhamento profissional para poder me ajudar a voltar a ser um contratado; o famoso PJ Assalariado, e ainda assim ter minha performance em alto nível. De fato fora um momento importante e crucialmente relevante para a melhora consideravel da minha vida como um todo. Por que? Apenas pelo fato de diagnosticar e entender em quais aspectos minha vida não estava funcionando muito bem, já foi um baita ganho. No entanto, o mais relevante de todo o processo fora na verdade identificar e escrever os meus valores, algo tão simples, mas que tornou-se um grande trunfo para tomadas de decisões futuras.

A verdade é a seguinte, mesmo tendo todo esse processo iniciado no início de 2019; assim como todo processo, levou tempo e gerou alguns aprendizados que falei aqui.

A verdade foi a seguinte, em 2019 ainda vivi muitos momentos intensos de pressão por diversos fatores que envolviam minha atuação dentro e fora do trabalho, e ao final do ano, eu quebrei. Tive uma crise e o burnout se instalou. Inicialmente eu neguei, tentei persistir, mas estava sendo demais. Concentração não era mais a mesma, cansaço extremo e constante; performance no dia a dia foi no chão!

Só aceitei que precisava me cuidar após alguns dias sofrendo e quando assisti a esse vídeo do Gary e comecei a colocar muitas coisas em perspectiva. Ao final do ano de 2019 tirei umas férias, 30 dias completamente desligado, sendo 25 dias em viagem com a família. Nesse período me desliguei de tudo, das obrigações e dos pensamentos nocivos. Reavaliei cada item da minha vida.

Entendi que era hora de me reinventar e o processo começava ali. Precisava reequilibrar principalmente as contas e correr atrás do tempo perdido. Busquei nova ocupações no trabalho, foco em melhorar a renda e reduzir a carga horária dedicada.

Como fazer isso? Identificando no que sou bom e no que me traz o mínimo de prazer em fazer e ir all-in; dessa forma potencializaria ganhos.

No fim do dia é o que eu quero fazer no momento? Não, mas está me dando a opção de reconsiderar muitas coisas e reestruturar o que estava antes desmoronado.

Acordo todos os dias amando o que eu faço? Não, e tá tudo bem. Tenho a certeza que estou fazendo apenas pelo dinheiro e se algum dia no curto prazo começar a ficar sem graça e massante, farei como Howard Roark em "A Nascente" e trabalharei com algo que exige menos do meu intelecto e que eu sei que poderá me trazer um retorno proporcionalmente semelhante ao que tenho.

O foco é na minha saúde mental e por isso considero uma crise de burnout como um sinal de que você precisa se reinventar, pois lá no fundo, você já mudou de opinião e o que lhe trazia prazer não traz mais!

Não podemos padecer dos problemas que as nossas escolhas passadas geraram, não podemos nos comparar com a vida dos outros.

"Não deixe o seu fogo se apagar

Fagulha por fagulha

Nos Pântanos da desesperança

Do não quase, do não ainda e do não total

Não deixe que o herói da sua alma pereça

Em frustração solitária na vida que você mereceu

Mais que jamais foi capaz de alcançar

O mundo que você deseja pode ser conquistado,

Ele existe, ele é real, ele é possível, ele é seu…"

- Ayn Rand

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