Se gritar pega centrão, vai pegar o Bolsonaro junto!
Se gritar pega centrão, vai pegar o Bolsonaro junto! | ||
O governo antisistema do Bolsonaro acabou sem nem ter começado. | ||
Era para combater a corrupção e nada, aparelhou a PF, a ABIN, parte do judiciário, a Procuradoria-Geral, as Forças Armadas, está de olho no STF e se rendeu ao fisiologismo político. | ||
Falou que faria todo tipo de reforma liberal, conversa para boi, gado e faria limers terem uma desculpa na hora de eleger um notório fascista. Nada fez e ainda surfou numa Reforma da Previdência chupada do governo anterior e aprovada por deputados que o viam como um entrave. | ||
Ia mandar o Centrão para escanteio. Papinho furado! Trouxe o Centrão para o meio de campo. O grupo político que serviu a todos os presidentes avança seu domínio na Casa Civil e vira o camisa 10 do governo. | ||
Com Bolsonaro, a lógica se inverteu, ele é que serve ao Centrão e arreganha o ministério mais importante do governo a um senador que num passado remoto o chamou de “fascista”. E, pasmem, apontou Lula como melhor presidente da história. Ainda assim virará o dono do pedaço no atual governo. | ||
E a tal tecnocracia? Também era só promessa de campanha. Bolsonaro lotou ministérios ou com gente maluca e nada beleza, estilo Ernesto Araújo e Weintraub, ou encheu de militares pouco capacitados para cargos civis. Eduardo Pazuello com seu saldo de mais de 500 mil mortos à frente do Ministério da Saúde é o exemplo mais conhecido. | ||
A jogada de indicar um senador do Centrão traz ganhos políticos para o presidente, mas enterra de vez qualquer chance de posar como a nova política. Aliás, nada mais velho e putrificado que os esquemas do Bolsonaro. De tão irrelevante no chamado baixo clero da Câmara, ele sequer era convidado para participar de esquemas de corrupção, mas se virava nos 30. | ||
Para encher os cofres da família, pesa a suspeita de ter se metido com o que resta de mais tacanho entre as modalidades de furto de dinheiro público. Bolsonaro e filhos teriam contratado centenas de parentes e funcionários laranjas para tomar parte do salário deles, a tal rachadinha. | ||
Despreparado, desonesto, indeciso, incompetente, falso, pouco inteligente e autoritário, segundo a maioria dos brasileiros em pesquisa Datafolha, Bolsonaro levou o Brasil a um negacionismo da pandemia que resultou em mortes e atraso da retomada econômica. | ||
Passou a ver a popularidade despencar e como uma criança birrenta dona da bola, ameaçou não concorrer na próxima eleição se não tiver voto impresso, uma óbvia desculpinha de perdedor. | ||
Se render a Ciro Nogueira e entregar-lhe o ministério mais cobiçado do Planalto é o atestado de que Bolsonaro acredita nos institutos de pesquisa de votos, por mais que finja não acreditar. Ele sabe que sua popularidade está derretendo, como apontam Datafolha, CNT, o antigo Ibope e outras simulações sobre 2022. | ||
Por mais que não tenha sido muito chegado do Ciro nos tempos que frequentava o Congresso Nacional e o veja com a desconfiança, Bolsonaro se sentiu obrigado a agradar o Centrão e a amarrar ainda mais o PP ao seu lado antes que o casamento com essa turma termine em litígio. | ||
Quatro ministérios estavam nas mãos de deputados e os senadores ainda não tinham um representante na Esplanada. Ciro mandou sinais de que estava no limite com o governo ao quase abandoná-lo na CPI da Covid. | ||
Bolsonaro não pode se dar ao luxo de perder Ciro e o PP, o que levaria à ruptura com o Centrão. E sem eles, o impeachment fica mais próximo e os programas do governo que ainda podem dar um suspiro de vida a Bolsonaro na eleição ficam mais longe, como o aumento do valor do Bolsa-Família ou a reforma tributaria, única com remotas chances de passar. | ||
Ao dividir poder com o Centrão, Bolsonaro se aproxima mais dos políticos e abre caminho para os militares se descolarem desse governo, se é que isso ainda é possível. O espaço da chamada ala ideológica também se estreitou. E o ministro da Economia, Paulo Guedes, ganhará mais um rival já que o Centrão é desenvolvimentista, assim como o Bolosonaro raiz. | ||
Por isso mesmo fica a dúvida, qual Bolsonaro estará na eleição do ano que vem, se ele não desistir antes para evitar o fiasco de ser derrotado de lavada? O liberal nunca existiu. De anticorrupção passou à coveiro da lava-jato. Ia contratar apenas nomes técnicos, na prática premiou os puxa-sacos e militares cumpridores de ordem. | ||
Restará um terço de fanáticos, saudosistas do regime militar, simpatizantes do integralismo e fundamentalistas religiosos que seguirão com Bolsonaro em 2022, sugerem as pesquisas. Mesmo com ele abraçado à velha política e longe da imagem do antisistema de outrora. Qual será a fantasia que o presidente vestirá para seguir como líder, como mito, como palhaço no circo que ele arma para o próximo ano? | ||
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